Por Davi Pascale
Bob Dylan volta à homenagear
Frank Sinatra em novo álbum. Disco é bonito, mas devemos nos esquecer do velho
Dylan para absorvê-lo melhor...
Frank Sinatra é considerado uma
das grandes vozes da cultura norte-americana. Bob Dylan é considerado um dos
grandes compositores do mesmo país. Ambos, possuem uma enorme relevância, possuem
álbuns emblemáticos, mas sempre possuíram características bem distintas. É
exatamente isso o que o torna o álbum tão ousado.
Regravar canções já registradas
na voz de Sinatra é uma tarefa tão ingrata quanto reproduzir uma faixa
imortalizada na voz de Elvis Presley ou na voz de Elis Regina (caso,
quiséssemos trazer a situação para o nosso dia-a-dia). Tão desafiadora quanto
tentar reproduzir com perfeição as levadas de John Bonham ou a guitarra de
Hendrix. E, cá entre nós, Bob Dylan nunca teve uma grande voz.
Sim, é verdade que seu timbre é
bem característico e que isso ajuda a criar uma áurea em cima de sua imagem.
Sem duvidas. Mas ele nunca foi uma das vozes mais afinadas do mundo e nunca
teve um alcance impressionante. Por isso, é bem provável que muitos resolvam
ignorar esse disco. É verdade que Shadows
In The Night teve uma ótima aceitação, mas isso é porque muitas pessoas que
não o acompanham resolvem adquirir o álbum pela homenagem em si. Os fãs mais
roqueiros são capazes de torcerem o nariz.
Dylan foi esperto ao não
reproduzir fielmente as canções. Nem nos arranjos, nem na voz. Não temos o
músico atacando a voz para cima, como Sinatra fazia. Nem orquestras dominando o álbum. É
exatamente o contrário! O instrumental continua com a ideia de manter a leveza,
de se fazer algo sutil, mas os instrumentos são básicos: guitarra, baixo,
bateria. No máximo, uma guitarra havaiana, aqui e ali.
Como disse, os arranjos são bem
delicados. Esqueçam a crueza de seus violões, suas gaitas marcantes. E óbvio,
esqueçam as guitarras eletrificantes de faixas como “Like a Rolling Stone”.
Nitidamente, não se trata de um álbum de rock n roll, nem de um álbum folk, o
espírito jazz foi mantido.
Outra mudança está no estilo de
cantar. Menos falado, cantando linhas ainda mais baixas do que canta
normalmente. Isso fez com que a rouquidão que aparecia gritante em álbuns como Tempest (2012) desse uma diminuída.
Honestamente? Achei o disco bonito, mas torço para que as vendagens não mexam
com sua cabeça e não comece a gravar álbuns e mais álbuns, como fez Rod Stewart
no projeto Great American Songbook. Foi
legal vê-lo brincando de crooner, mas é hora de seguir adiante...
Nota: 7,0 / 10,0
Status: Bonito
Faixas:
01)
Young At Heart
02)
Maybe You´ll Be There
03)
Polka Dots And Moonbeams
04)
All The Way
05)
Skylark
06)
Nevertheless
07) All Or Nothing At All
08) On a Little Street In Singapore
09) It Had To be You
10) Melancholy Mood
11) That Old Black Magic
12) Come Rain Or Come Shine
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