Por
Rafael Menegueti
Uma das mais aclamadas bandas da nova safra do metal
norte-americano, o Trivium lançou seu novo álbum precisando justificar suas próprias
escolhas. Isso porque, antes mesmo do trabalho chegar às lojas, o que mais se
comentava era a ausência dos gritos e guturais de Matt Heafy. Fato que levou o próprio
guitarrista da banda, Corey Beaulieu, a afirmar que “gritar não é o que
define peso” em uma entrevista. E ele está correto. Mas acontece que os fãs da
banda sentem um certo distanciamento do Trivium de sua velha sonoridade.
De sua origem até “Shogun” (2008), o disco mais elogiado
da banda, o grupo esteve em constante ascensão. Com “In Waves” (2011) os
rapazes apontaram para um estilo mais radiofônico em suas composições, deixando
de lado as estruturas mais complexas de seus trabalhos anteriores. Já em “Vengeance
Falls” (2013) ocorreu a maior mudança, onde a banda trouxe novas influências e
(para muitos fãs por conta do produtor David Draiman) ficou muito similar ao
Disturbed.
Tendo em vista esse retrospecto recente, fica clara a
ansiedade em cima do que viria. E o que digo é o seguinte: pessoas irão chiar,
reclamar, chorar, tudo porque esse disco não é o esperado “Shogun 2”. Ao invés disso,
“Silence In The Snow”, sétimo álbum deles, mostra uma banda bem mais madura e que opta por seguir um
caminho mais clássico sem abrir mão de elementos que tornam o metal realmente
empolgante. E sem gritos, o verdadeiro motivo de tanto mimimi (pronto, falei).
Os membros do Trivium |
A faixa-título, que abre o disco após a de introdução
instrumental (“Snøfall”, escrita por Ihsanh, ex-Emperor), é uma mostra do novo
caminho do Trivium. Riffs épicos, a famosa levada “cavalgada” nas guitarras e um refrão
simples, mas empolgante. Fica claro que Matt Heafy é um vocalista completo. Ele
declarou que cantar é mais difícil que gritar, e nesse álbum ele prova que pode
segurar essa onda. “Blind Leading the Blind” tem uma estrutura bem típica das
composições da banda, ao que “Dead and Gone” traz um riff bem mais pesado.
É possível ver como a banda privilegia o entrosamento das
guitarras em faixas como “The Ghost That’s Haunting You”, e a ênfase no lado melódico
da banda em canções como “Pull Me From the Void”, “Until The World Goes Cold” e
“Beneath The Sun”. Já em “Rise Above The Tides” o lado mais radiofônico da
banda aflora novamente com qualidade e técnica. E “Breathe In The Flames” se
destaca como uma das mais empolgantes e bem estruturadas composições do disco,
e talvez até da carreira do grupo, encerrando o disco em grande estilo.
Se “Silence In The Snow” é diferente de quase tudo que o Trivium
já fez, ao mesmo tempo ele consegue trazer um alto nível de competência e entrega
que a banda sempre teve como características. Heafy e Beaulieu seguem com sua química
impecável na criação de riffs e estruturas melódicas, aliada a segurança do
baixista Paolo Gregoletto, e a boa introdução do novo baterista Mat Madiro, que
estreou na banda com precisão e impacto. Um disco inspirado, com fortes referências de metal clássico, thrash e power, que os fãs do Trivium devem aprender a
degustar antes de sair cuspindo por aí.
Nota: 8/10
Status: Inspirado
Faixas:
01. Snøfall
02. Silence In The Snow
03. Blind Leading The Blind
04. Dead And Gone
05. The Ghost That's Haunting You
06. Pull Me From The Void
07. Until The World Goes Cold
08. Rise Above The Tides
09. The Thing That's Killing Me
10. Beneath The Sun
11. Breathe In The Flames