Por Davi Pascale
Depois de 4 anos sem lançar um disco de inéditas, o guitarrista Peter
Frampton coloca no mercado um novo EP com uma ligação um pouco inusitada: o
ballet. Aposto que você deve estar se perguntando como surgiu esse casamento e
como isso afetou sua música, certo? Pois bem, vamos lá...
A ideia surgiu por acaso. A companhia de danças Cincinatti Ballet entrou
em contato com Frampton dizendo que gostaria de utilizar algumas músicas suas
em um espetáculo que estavam criando e queria saber se o músico autorizava.
Desejavam utilizar 3 faixas do álbum Fingerprints
e a canção “Not Forgotten” do álbum Now.
O músico autorizou. Por estar excursionando, não conseguiu comparecer à
apresentação. Peter recebeu a gravação em DVD, ficou maravilhado com o
espetáculo e quis conhecer a diretora artística, Victoria Morgan. Em uma das
conversas, a moça questionou se gostaria de fazer uma apresentação ao vivo
junto com o ballet. 3 segmentos de 20 minutos, utilizando canções de seu
repertório. Frampton topou e fez uma contra-proposta. “E se um dos segmentos
fosse formado apenas por canções inéditas?”. E chegamos ao novo CD.
Justamente por ter sido criado com esse propósito, não espere nada no
pique do Humble Pie, nem no pique de “Breaking All The Rules”. Não temos aqui
seu famoso talk box também. Hummingbird
In a Box é um álbum calmo. Isso não quer dizer que tenha se aventurado no
universo da música clássica, como já fez algumas vezes o beatle Paul McCartney.
É um álbum calmo, mas não conta com orquestrações, corais, nem nada do tipo. Uma
diferença em relação à sua imagem, seria uma maior aproximação dos violões.
Disco foi criado inspirado em uma apresentação de ballet |
O nome do álbum remete à uma memória afetiva. Um presente que ganhou de
seu avô. Uma caixa que trouxe da China. Havia um segredo para abri-la e seu avô
dizia que fazendo os movimentos certos chegaria ao grande prêmio. O grande prêmio
era, obviamente, a abertura da gaveta. Dentro dela estava um beija-flor
empalhado. O tal hummingbird.
Para compor o material, contou com a ajuda de seu velho parceiro
Gordon Kennedy, músico e produtor norte-americano, muito lembrado por ter sido
compositor da balada “Change The World”, grande hit de Eric Clapton. Peter
Frampton disse que algo legal desse projeto seria poder escapar da obviedade da
estrutura verso-refrão-verso-refrão. No entanto, o lado pop não está totalmente
fora do disco. “Heart To My Chest” tem um refrão que
nos remete bastante às baladas de John Lennon. A faixa de abertura, “The
Promenade´s Retreat” tem um que de Mark Knopfler”. “Friendly Fire” também tem
um lado pop presente.
Em termos de arranjo, as que causarão maior estranheza são a
instrumental “The One In 901”, a faixa-titulo, com sua influência flamenca em
alguns momentos, e o encerramento com a jazzy “Norman Wisdow”. Aliás, os
momentos de maior estranheza mesmo são os momentos instrumentais.
Nunca seus arranjos soaram tão sutis. Som predominantemente limpo, vários
dedilhados... Quando entra cantando, no entanto, é difícil que não nos remeta à
algo de sua extensa discografia. Frampton tem um estilo próprio de cantar e
esse estilo não foi alterado.
Hummingbird
In a Box: Songs For A Ballet é um álbum bem executado, bem elaborado, mas
como já havia dito, extremamente calmo. E foge de sua sonoridade clássica. Quem estiver
procurando um primeiro contato com o músico, recomendo começar por seus discos
mais antigos como Something´s Happening,
I´m In You ou o clássicão Frampton Comes Alive. O CD é bacana, mas é
recomendado apenas para aqueles que já tem algum contato com seu trabalho...
Nota: 7,5 / 10,0
Status: Apostando em novos territórios
Faixas:
01)
The
Promenade´s Retreat
02)
Hummingbird
In a box
03)
The One In
901
04)
Friendly
Fire
05)
Heart To
My Chest
06)
Shadow Of
My Mind
07)
Norman
Wisdow