Por Davi Pascale
Esse projeto do Henjo Richter e
do Michael Ehré (guitarrista e baterista do Gamma Ray, respectivamente) foi uma
grata surpresa para mim. É comum os caras criarem trabalhos solo ou bandas
paralelas para gravarem alguns sons que não conseguiram emplacar em sua banda
principal e seguirem a risca a sonoridade do grupo que lhes rendeu fama. Esse
não é o caso aqui. O The Unity soa bem diferente do Gamma Ray e, embora não
traga nada de revolucionário, demonstra poder de fogo.
Se o projeto irá sobreviver ou se
será restrito à um único álbum (como foi o Supared do Michael Kiske) só o tempo
dirá. A verdade é que, embora não seja inovador, o material tem muita qualidade
e sua audição é empolgante.
Do mesmo jeito que o Megadeth tem
uma relação com o Metallica (Dave Mustaine fez parte da primeira formação dos
ícones da bay area), o Gamma Ray tem com o Helloween. E é possível pegar
algumas referências do antigo grupo de Kai Hansen. Seja nos versos e aplicação
de teclado de “Always Just For You” ou até mesmo no refrão de “Firesign”. A
verdade é que em alguns momentos é simplesmente impossível não nos remetermos à
trupe de Michael Weikath.
Mas nem só de Helloween vive o
disco. A faixa de abertura remete diretamente aos anos de ouro do problemático
e talentoso Yngwie Malmsteen. Gianbattista Manenti, o italiano responsável pelas
cordas vocais, se demonstra um diferencial dentro da banda. Contando com uma voz
forte e potente, usa o drive com uma boa moderação e abusa menos dos falsetes
do que os demais vocalistas do gênero. Ainda não ouvi o cara ao vivo, mas o
trabalho vocal do disco é excelente.
Outro grande destaque do álbum são
os riffs de guitarra. O mais diferente de todos foi o de “Redeemer” que traz
uma pegada meia bluesy, remetendo aos riffs que Ritchie Blackmore costuma
escrever. Lembra um pouco o riff de “Man On The Silver Mountain” (Rainbow).
Aliás, o refrão pomposo e cadenciado remete bastante ao Rainbow fase Dio.
Essa é praticamente a pegada do
disco. Uma mescla de power metal, metal tradicional e hard rock setentista (o
refrão de “The Wishing Well”, por exemplo, traz fortes referências de
Whitesnake). Realmente, eles não foram os primeiros a fazer isso (acredito que
Masterplan e Edguy sejam bons exemplos dessa mistura) e não serão os últimos, mas
como disse, o resultado final é muito acima da média. A qualidade de gravação é
excelente, as músicas são empolgantes. Não há dúvidas de que se trata de um bom
começo.
O álbum se encerra com “Never
Forget”. Música bem bacana que conta com um animado refrão que poderia
facilmente ter sido escrito por Tobias Sammet (Edguy, Avantasia). Uma boa
musica para deixar o publico cantar um pouco nas apresentações.
O trabalho de estreia dos rapazes
já foi lançado aqui em nosso país. Portanto, é fácil de ser encontrado. Só não
vai se empolgar com o nome dos dois no anuncio e esperar algo na linha do Gamma
Ray. Como deixei claro, embora a influencia do power metal siga intacta, sua
sonoridade é mais cadenciada e mais melódica. De todo modo, é um trabalho muito
bem feito que merece atenção.
Faixas:
01)
Rise and Fall
02) No More Lies
03) God of Temptation
04) Firesign
05) Always Just You
06) Close To Crazy
07) The Wishing Well
08) Edens Fall
09) Redeemer
10) Super Distortion
11) Killer Instinct
12) Never Forget