Por Davi Pascale
Na última sexta-feira, a cidade
de Santo André recebeu o show em homenagem aos 30 anos de Legião Urbana. Com
casa lotada, noite foi marcada por um show forte e desorganização gritante.
O assunto por si só já é
polêmico. Tem gente que acha a reunião bacana, tem gente que acha criminoso,
uma vez que o líder Renato Russo está morto. Pelo que entendi, a banda não está
de volta. É apenas uma celebração. Não vejo problema nenhum nisso. Até porque
Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá também são dignos de respeito. Sim, Renato era
meio que o líder, mas a dupla também foi importante na trajetória do grupo.
Ao contrário do que se imagina,
André Frateschi não está lá assumindo o posto de Renato. O show tem outro
conceito. Além do rapaz, a apresentação conta com 3 cantores convidados. Dado e
Bonfá também arriscam o microfone em algumas músicas. Tem um clima meio de
festa. De todos, Frateschi e Bonfá foram os que se saíram melhores no gogó,
contudo.
O espetáculo é dividido em 2
partes. Quem acompanha nosso blog, se recorda que recentemente resenhei a
reedição do debut da Legião Urbana. Para comemorar 30 anos do lançamento, os
músicos retornaram o álbum ao mercado, acrescido de material inédito da época. Pois
bem, a primeira parte do show é exatamente o disco de estreia do início ao fim.
Na sequencia do LP. Dado-Villa Lobos não é um grande cantor, mas amadureceu
muito enquanto guitarrista. Está mandando bem! Ouvir os acordes de “Será” logo
nos primeiros segundos de show foi emocionante. Também foi nostálgico ouvir
“Soldados”, “Por Enquanto”, “Teorema”, “Geração Coca-Cola”, “Ainda é Cedo” na
cara. Nessa primeira etapa, os músicos foram mandando música atrás de música,
sem falar uma palavra com a plateia. Os vocais foram alternados entre André,
Dado e Bonfá.
Encerrado essa parte, entra um
áudio com um depoimento do Renato Russo e a imagem do falecido cantor no telão.
Antes disso, contudo, Dado-Villa Lobos aproveitou para relembrar a primeira vez
que estiveram na casa, há exatos 30 anos, e se desculpar pela confusão do
horário. A empresa responsável divulgou o horário dos portões, mas não anunciou
o horário do show. Na página do evento no Facebook apontava início às 22h. A
banda subiu ao palco 00:30h. Obviamente houve diversas vaias. Foi triste ver os
músicos entrando no palco debaixo de vaias no lugar de aplausos. O grupo não
merecia isso.
A segunda parte foi focada nos demais discos.
Aqui, além de Frateschi, contaram com 3 vocalistas convidados: Marina Franco (Glass
And Glue), Jonnata Doll (Jonnata Doll & Os Garotos Solventes) e Miranda
Kassin. Jonnata demonstrou ser um ótimo showman, uma espécie de novo Serguei,
mas derrapa muito no vocal. As 2 garotas se saíram melhor. Dos 3, quem mais
gostei foi a Marina. Tem uma atitude bem rock n roll e é bem afinada. Nessa
segunda parte, clássicos como “Tempo Perdido”, Pais e Filhos” (cantada por
Marcelo Bonfá), “Eu Sei” e “Há Tempos” fizeram a cabeça do público. Também
houve espaço para lados B como “Dezesseis” (A Tempestade Ou o Livro Dos Dias). Muito bacana ouvir isso ao vivo.
Infelizmente, se o show estava redondo em cima
do palco, a organização do mesmo não estava fora do palco. Bebidas com valores
abusivos, vários caixas que não aceitavam pagamento com cartão e, o mais
agravante de tudo, a casa estava uma verdadeira sauna. A galera estava pingando
de suor e algumas pessoas chegaram a desmaiar por não aguentarem o calor lá
dentro.
Mesmo com todos os transtornos, a
performance do grupo agradou aos fãs que compareceram ao local. A banda ainda
retornou para um bis. Na parte final, tivemos “Faroeste Caboclo”, “Perfeição” e
“Que País É Esse?”, encerrando a noite. O show é bem respeitoso e está bem
montado. A banda está muito bem ensaiada e o repertório é fantástico. Claro que Renato Russo era único e a galera não canta no mesmo nível, mas não estão fazendo feio. Assistir esse espetáculo em um local bem estruturado deve ser uma
experiência bem interessante. Quem curte a banda, e tiver oportunidade,
assista.