domingo, 10 de abril de 2016

Legião Urbana – Clube Atlético Aramaçan (8/4/2016):




Por Davi Pascale

Na última sexta-feira, a cidade de Santo André recebeu o show em homenagem aos 30 anos de Legião Urbana. Com casa lotada, noite foi marcada por um show forte e desorganização gritante.

O assunto por si só já é polêmico. Tem gente que acha a reunião bacana, tem gente que acha criminoso, uma vez que o líder Renato Russo está morto. Pelo que entendi, a banda não está de volta. É apenas uma celebração. Não vejo problema nenhum nisso. Até porque Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá também são dignos de respeito. Sim, Renato era meio que o líder, mas a dupla também foi importante na trajetória do grupo.

Ao contrário do que se imagina, André Frateschi não está lá assumindo o posto de Renato. O show tem outro conceito. Além do rapaz, a apresentação conta com 3 cantores convidados. Dado e Bonfá também arriscam o microfone em algumas músicas. Tem um clima meio de festa. De todos, Frateschi e Bonfá foram os que se saíram melhores no gogó, contudo. 

O espetáculo é dividido em 2 partes. Quem acompanha nosso blog, se recorda que recentemente resenhei a reedição do debut da Legião Urbana. Para comemorar 30 anos do lançamento, os músicos retornaram o álbum ao mercado, acrescido de material inédito da época. Pois bem, a primeira parte do show é exatamente o disco de estreia do início ao fim. Na sequencia do LP. Dado-Villa Lobos não é um grande cantor, mas amadureceu muito enquanto guitarrista. Está mandando bem! Ouvir os acordes de “Será” logo nos primeiros segundos de show foi emocionante. Também foi nostálgico ouvir “Soldados”, “Por Enquanto”, “Teorema”, “Geração Coca-Cola”, “Ainda é Cedo” na cara. Nessa primeira etapa, os músicos foram mandando música atrás de música, sem falar uma palavra com a plateia. Os vocais foram alternados entre André, Dado e Bonfá.

 
Encerrado essa parte, entra um áudio com um depoimento do Renato Russo e a imagem do falecido cantor no telão. Antes disso, contudo, Dado-Villa Lobos aproveitou para relembrar a primeira vez que estiveram na casa, há exatos 30 anos, e se desculpar pela confusão do horário. A empresa responsável divulgou o horário dos portões, mas não anunciou o horário do show. Na página do evento no Facebook apontava início às 22h. A banda subiu ao palco 00:30h. Obviamente houve diversas vaias. Foi triste ver os músicos entrando no palco debaixo de vaias no lugar de aplausos. O grupo não merecia isso.

A segunda parte foi focada nos demais discos. Aqui, além de Frateschi, contaram com 3 vocalistas convidados: Marina Franco (Glass And Glue), Jonnata Doll (Jonnata Doll & Os Garotos Solventes) e Miranda Kassin. Jonnata demonstrou ser um ótimo showman, uma espécie de novo Serguei, mas derrapa muito no vocal. As 2 garotas se saíram melhor. Dos 3, quem mais gostei foi a Marina. Tem uma atitude bem rock n roll e é bem afinada. Nessa segunda parte, clássicos como “Tempo Perdido”, Pais e Filhos” (cantada por Marcelo Bonfá), “Eu Sei” e “Há Tempos” fizeram a cabeça do público. Também houve espaço para lados B como “Dezesseis” (A Tempestade Ou o Livro Dos Dias). Muito bacana ouvir isso ao vivo.

Infelizmente, se o show estava redondo em cima do palco, a organização do mesmo não estava fora do palco. Bebidas com valores abusivos, vários caixas que não aceitavam pagamento com cartão e, o mais agravante de tudo, a casa estava uma verdadeira sauna. A galera estava pingando de suor e algumas pessoas chegaram a desmaiar por não aguentarem o calor lá dentro.

Mesmo com todos os transtornos, a performance do grupo agradou aos fãs que compareceram ao local. A banda ainda retornou para um bis. Na parte final, tivemos “Faroeste Caboclo”, “Perfeição” e “Que País É Esse?”, encerrando a noite. O show é bem respeitoso e está bem montado. A banda está muito bem ensaiada e o repertório é fantástico. Claro que Renato Russo era único e a galera não canta no mesmo nível, mas não estão fazendo feio. Assistir esse espetáculo em um local bem estruturado deve ser uma experiência bem interessante. Quem curte a banda, e tiver oportunidade, assista.

4 comentários:

  1. Assisti a dois shows aqui no RS ano passado, e pude constatar que a ideia é de celebração mesmo, tanto para o público quanto para quem está sobre o palco. Sim, Renato faz falta, mas mais falta ainda fazem as músicas da Legião sendo executadas pelos palcos do país, ainda mais em tempos onde a música brasileira mais popular vai de mal a pior. Dado e Bonfá são dignos de tocar estas músicas pelo Brasil, e nos relembrar de tempos passados, de amores vividos, de parte da nossa vida que, infelizmente, não voltará mais! Pena a organização ter estragado uma experiência, que, de acordo com as que vivi em Novo Hamburgo e Porto Alegre, foi catártica e inesquecível!

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    1. Bacana, Micael. Sei que você é super fã da banda. Também gosto bastante. O show realmente está bem legal. Pena que estava tão desorganizado. Aguentar o calor lá estava foda.

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  2. Na boa... O Jonnata não merece essa diminuição. O Cara fez um baita disco (Jonnata Doll & Os Garotos Solventes).... Será que essa nossa mídia "especializada" um dia vai gostar de alguma coisa ???

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    1. Ainda não ouvi o disco dele. Estou comentando aqui apenas a participação dele no show. Achei ele excelente performer, mas não achei que estava com a voz muito boa. Vi que muita gente gosta dele. Talvez, não estivesse em um bom dia. Acontece com os melhores artistas. Não tenho nada contra o garoto. Irei ouvir o CD dele. Aliás, não só o dele, o das duas garotas também...

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