Por Davi Pascale
Humberto Gessinger, a voz do
Engenheiros do Hawaii, está lançando seu primeiro trabalho solo. Na verdade,
essa não é a primeira vez que o cantor se arrisca em um trabalho longe dos
Engenheiros. Em 1996, o músico tinha criado o Humberto Gessinger Trio, que
lançou apenas um álbum auto-intitulado. Quando o Engenheiros passou por uma
nova reformulação, o rapaz trouxe os músicos Adal Fonseca e Luciano Granja para
sua banda principal. Em 2008, criou ao lado de Duca Leindecker (Cidadão Quem) o
Pouca Vogal. E, agora, solta no mercado esse CD. O primeiro solo e o terceiro
longe do grupo que o tornou famoso em todo o país.
Muitos questionam sobra a volta
do Engenheiros do Hawaii, Gessinger quase sempre desconversa. E, para ser
honesto, prefiro assim. Acho mais honesto. Desde o lançamento de Minuano que o rapaz é o único
integrante da banda original. Nunca fui um fã rebelde. Nunca tive aquela
postura de “se não tem Maltz e Licks, não me interessa”. Pelo contrário,
continuei acompanhando até o fim. Tenho todos os discos, todos os vídeos, fui à
gravação de 10.000 Destinos. O que
sempre me atraiu no Engenheiros, mais do que a criatividade de Licks ou a
pegada de Maltz, foram as letras de Humberto. Sendo assim, não preciso dizer
que estou acompanhando seu trabalho como escritor também.
Agora... Verdade seja dita. Sempre
achei estranho adquirir um trabalho com o nome de Engenheiros do Hawaii e só
encontrar a figura de Gessinger, dentre aqueles rostos que estava familiarizado
desde meus tempos de infância quando ouvia os LP´s de A Revolta dos Dandis e Ouça
O Que Eu Digo, Não Ouça Ninguém. É verdade que Adal Fonseca e Luciano
Granja são excelentes músicos - Sou baterista e lembro que fiquei impressionado
com a performance de Adal na gravação de 10.000
Destinos - É verdade também que fizeram ótimos discos, mas sempre achei que
quando Carlos Maltz saiu da banda, Humberto deveria ter gravado como artista
solo.
Humberto Gessinger em ação |
Para os fãs, a situação não
mudará muito. Acredito que continuará executando suas antigas canções em seus
shows solo. E a sonoridade do álbum não é muito distante do trabalho que vem
fazendo há quase 30 anos. Esse é um disco que poderia ter sido lançado com o
nome de Engenheiros do Hawaii e nenhum fã reclamaria. Fico feliz que Gessinger
tenha mantido suas raízes. Todas suas características principais estão aqui: suas
letras com seus famosos jogos de palavras e bonitas mensagens, sua linha de
baixo extremamente melódica... Só quem irá reclamar serão os executivos, afinal,
Engenheiros do Hawaii já é uma marca. Foi um grupo que marcou época e atravessou
gerações. E eles terão que trabalhar em cima do projeto sem fazer uso dessa
marca, pelo menos sem ser direto. Se bem que todo mundo que viveu a década de
80 e 90 está careca de saber quem esse cara é. E se bem que também não há muito
pelo que se preocupar, já que a indústria fonográfica está indo para o espaço...
Ao contrário de seus demais
trabalhos, onde tinha uma banda fixa, aqui cada faixa é uma formação diferente.
Entre os músicos convidados, estão nomes do porte de Frank Solari, Rodrigo
Tavares, além dos ‘engenheiros’ Adal Fonseca e Luciano Granja. Humberto tem uma
imagem forte enquanto baixista, mas no disco vai além e ataca de guitarra 12
cordas, violão, harmônica, teclado, viola caipira e acordeão. Além, claro, do
trabalho vocal.
Não sou de acompanhar rádio. Já
fui, mas boa parte dos artistas que estão sendo investidos, não me atrai. Então,
parei de ouvir. Carro, agora, somente com CD. Ou, de preferência, Ipod. Prefiro
ouvir meu CD em casa com melhor qualidade de som, com mais calma e sem chances
de danificar a mídia. Mesmo assim, cheguei a ouvir “Tudo Está Parado”, parceria
de Gessinger com Rogerio Flausino (Jota Quest), em alguma estação, um dia desses, totalmente por acaso.
Fiquei feliz. O que me deixa mais feliz ainda é perceber que essa não é a única
do disco com característica de hit. Canções como “Bora” e “Tchau Radar, A
Canção” se entrarem na programação de alguma rádio tornam-se sucessos instantâneos.
Não tenho dúvidas!
Cantor em foto promocional de seu novo CD |
Foi muito legal ver o cantor
voltando a gravar novas canções. E, principalmente, voltando com um trabalho
tão legal. Não sei o que acontece no Brasil ultimamente, mas a maior parte da
galera que tem expressão está sem lançar nada há tempos. Onde estão os novos álbuns
de artistas como Lobão? Titãs? Paralamas do Sucesso? Skank? Pitty? Raimundos? Frejat?
Algo precisa ser feito. A cena roqueira do Brasil está paralizada. Ainda bem
que ainda temos alguns nomes que ainda se sujeitam a gravar. Caso contrário, a
cena estaria morta. Espero, claro, que este seja apenas o primeiro de uma série
de lançamentos do artista. Gessinger, bem-vindo de volta!
Nota: 08/10
Status: Excelente!
Faixas:
0 01. Terei
Vivido
02. Sua
Graça 03. Bora
04. A Ponte Para o Dia
05. Tchau Radar, A Canção
06. Tudo Está Parado
07. Recarga
08. Milonga do xeque Mate
09. Insular
10. Essas Vidas da Gente
11. Segura a Onda, DG
12. Plano B