Por Davi Pascale
Texto Publicado Originalmente no site Consultoria do Rock
E lá
fui eu me aventurar em mais uma passagem do Bruce Kulick pelo Brasil. Tive a
oportunidade de assisti-lo quando esteve com o Kiss em nosso país (na primeira
edição do Philips Monsters of Rock, em 1994) e outras duas vezes, quando
esteve em uma situação parecida com a de sua última passagem. Em 2007, onde
esteve acompanhado da banda Killers e do vocalista Zeca Salgueiro (Mundo Cão),
e em 2013, onde esteve acompanhando da banda Killers e do cantor argentino
Sebastian Gava (Kefren, Mafia). Dessa vez, quem assumiu a bronca foi a banda
Parasite.
Cheguei na casa pouco após às 16h. O
Kiss sempre foi minha banda do coração. Sendo assim, não perderia a
oportunidade de participar do Meet & Greet com o músico. Fui um dos
primeiros à entrar na casa e tive a oportunidade de assistir o final da
passagem de som. A banda cover já estava com os rostos pintados, mas sem as
perucas e as roupas de show. Bruce fazia suas últimas checagens no equipamento.
Timbragem, afinação, volume. Infelizmente, não tirei fotos desse momento. Estava
assistindo à tudo com atenção. A habilidade do rapaz no instrumento é algo
invejável.
17h! Chegado o horário do tal Meet
& Greet. Já tinha conhecido o rapaz na vez anterior, quando falei com ele e
com Sebastian Gava no final do show. Ambos, muito educados e solícitos. Como a
fila estava muito grande, pedi para assinar 3 itens, tirei uma foto, agradeci a
atenção e me mandei. Dessa vez, a empresa responsável pelo evento, avisou quem
comprou o Meet que não haveria limites de ítens para assinar. Que o artista
apenas se resguardava no direito de poder assinar ou não, caso alguém chegasse
com uma coleção muito grande. Levei 6 ou 7 discos que considero raros na
esperança de assinar com ele. E eis nossa decepção. Assim que chegamos no
local, ouvimos que não assinaria mais do que 3 itens para cada. E o mais louco
de tudo. Várias pessoas só puderam pegar uma assinatura. Mal pisavam na frente
dele e já eram pressionados para saírem fora o quanto antes. A razão disso
tudo? Provavelmente, venderam mais ingressos do que poderiam. E uma vez que o
atendimento era antes do show… Entendo que para o músico é puxado dar milhares
de autógrafos, mas do jeito que ocorreu, deu um ar de desorganização.
Prometeram uma coisa. Entregaram outra.
Eu com Bruce Kulick no Meet & Greet |
As pessoas que tinham esse ingresso tiveram
acesso antes à área de merchandising. Consegui garantir 2 vinis (KKB e BK3) e
um CD (nova edição do KKB). Fui obrigado a pagar com dinheiro vivo. Não havia
maquina de cartão. Não vou dizer que os produtos estavam com valores abusivos,
mas também não estavam uma pechincha. Diria, justo. Nos 3 discos, gastei 400
reais. Achei um erro. Devem ter perdido muito venda. Fiquei quieto. Estava ali
para curtir a noite. Comprei os discos, fiquei na minha. Conversei com outros
fãs. Não posso reclamar do Bruce. Mais uma vez, muito educado. Conversou
comigo, enquanto assinava. Topou assinar até alguns itens a mais. Assinou os 3
que comprei e mais 3 dos que levei. Mas como disse, achei o evento
desorganizado. Espero que solucionem na próxima vez. Já que estamos na era do
politicamente correto, tenho certeza que receberei reclamações por meus
parágrafos iniciais. Portanto, já deixo avisado que mais do que uma crítica, é
um alerta. Acho que é papel de quem cobre o evento comentar dos acertos e dos
erros. Só assim, esses podem ser sanados em uma próxima edição.
Bem…
Vamos ao show. A apresentação iniciou sem muito atraso. Os músicos fizeram
igual ao Kiss. Tocaram “Rock N´Roll” (Led Zeppelin) nos falantes, deixaram um
pano preto estendido na frente do palco com o logo do Kiss desenhado. No final
da música, entraram com “Creatures Of The Night” enquanto o pano ia ao chão.
Idêntico ao que o Kiss realizou no Monsters of Rock 2015.
Parasite antes do Bruce Kulick subir ao palco |
A primeira meia hora de show, fizeram
sozinhos. Os músicos tiveram a preocupação de utilizar instrumentos similares.
Buscaram fazer os movimentos de palco que seus ídolos faziam. A banda fez uma
apresentação com bastante garra. Gustavo Winck (catman) esmurrava a bateria sem
dó. Erico Soares (demon) colocava a língua para fora e imitava os movimentos de
braço de Gene. Felipe Piantá (starchild) agradecia o tempo todo ao público e
não parava de comentar sobre a participação do Bruce. Vale comentar também sua
presença de palco. Um dos melhores caras que vi para fazer os movimentos de
palco do cantor do Kiss. Colocava palheta na língua, jogava palheta pro
publico, fazia biquinho, se jogava no chão. O único senão é que ele é canhoto.
As músicas de Stanley são bem difíceis de serem cantadas. Achei que ele segurou
bem a bronca. Fernando Santos (Spaceman) é quem menos se movimenta no palco,
mas interpreta os solos corretamente. Estavam, visivelmente, felizes. A casa
estava cheia, mas não exatamente lotada. Na vez anterior, o público foi maior.
Provavelmente, por conta do preço dos ingressos. Mas quem apareceu, curtiu. A
banda estava muito bem entrosada e fizeram por merecer a conquista. Nessa
primeira parte, rolaram clássicos como “Love Gun”, “Let Me Go, Rock n´ Roll”,
“Deuce”, “War Machine” e “Black Diamond”.
E eis que chega a hora de Bruce
Kulick subir ao palco. Extremamente aplaudido, o rapaz demonstrou simpatia,
mais uma vez. Conversava com a plateia, fazia brincadeiras, sorria o tempo
todo. Parece estar em uma fase de bem com a vida. Enquanto músico, não há o que
questionar. O cara é um monstro. Toca com uma puta vontade, tem uma habilidade
impressionante no instrumento, uma técnica e um conhecimento invejável.
Bruce Kulick com a banda Parasite |
Nessa
segunda parte, focaram mais nas músicas da fase desmascarada. Os músicos já
haviam avisado que focariam no Alive III para a criação do
repertório. Dali, vieram “Domino”,
“Unholy”, “Forever”, “God Gave Rock n Roll To You II”, “Heaven´s On Fire”,
“Lick It Up”… Trouxeram também alguns clássicos que não foram
regravados no álbum de 1993: “Tears Are Falling”, “Hide Your Heart”, além de um
medley com “Crazy, Crazy Nights” e “Turn On The Night”. Show, no mínimo,
respeitoso. Quem é fã do músico, certamente não tem do que reclamar. A noite,
obviamente, foi encerrada com a execução do hino “Rock n´ Roll All Nite”. Não
tinha como ser diferente.
Vi algumas pessoas na internet
tentando diminuir o evento e questionando a participação do Bruce. É sempre bom
lembrar que esse tipo de evento só é recomendado para aqueles que são realmente
fãs da banda ou do músico. E não é para ser encarado como um show solo. Sim,
como uma festa, uma celebração, com a participação de uma figura que foi
importante na trajetória do grupo original. Para quem é fã, o evento é mágico.
Não tem nada mais emocionante do que ver seu ídolo tocando ali, debaixo do seu
nariz, músicas que foram trilha sonora da sua vida. O saldo final da noite foi
extremamente positivo. Uma noite realmente bacana, com diversos momentos
memoráveis. A empresa acertando os detalhes do meet na próxima vez, teremos um
evento para ninguém botar defeito. Keep on rockin´!
Setlist:
01) Creatures
of the Night
02) Deuce
03) Love
Gun
04) Let Me Go,
Rock ‘N’ Roll
05) War
Machine
06) Psycho
Circus
07) I
Love It Loud
08) Black
Diamond
09) Heaven’s on
Fire (c/ Bruce Kulick)
10) Domino
(c/ Bruce Kulick)
11) Tears Are
Falling (c/ Bruce Kulick)
12) Hide Your
Heart (c/ Bruce Kulick)
13) Forever
(c/ Bruce Kulick)
14) Unholy
(c/ Bruce Kulick)
15) Crazy Crazy
Nights / Turn on the Night (c/ Bruce Kulick)
16) God Gave Rock
‘n’ Roll to You II (c/ Bruce Kulick)
17) Lick It Up
(c/ Bruce Kulick)
18) Detroit
Rock City (c/ Bruce Kulick)
19) Rock and Roll
All Nite (c/ Bruce Kulick)