sábado, 5 de março de 2016

Delta Deep – Delta Deep (2015):



Por Davi Pascale

Guitarrista do Def Leppard brilha em álbum de estreia de seu mais novo grupo, Delta Deep. Com convidados de peso, novo álbum surpreende por caminho trilhado e, principalmente, pela qualidade das composições. Discaço!

Phil Collen (guitarrista do Def Leppard), Robert De Leo (baixista do Stone Temple Pilots), Debbi Blackwell-Cook (backing vocal do Michael Bublé) e Forrest Robinson (baterista de estúdio, mais conhecido por seu trabalho com o trio feminino TLC) decidiram criar um grupo juntos e gravaram um disco. Com um time desses o que você esperaria? Aposto que milhares de caminhos passam por sua cabeça. Porém, acredito que poucos imaginariam um álbum de blues. Pois é exatamente isso que temos aqui: um álbum de blues rock. E o resultado é absurdamente bom!

Debbi Blackwell se destaca com sua voz forte. Assim como grande parte das cantoras negras americanas, coloca toda sua alma na interpretação. Soa como uma versão moderna de Tina Turner. Uma judiação que tenha trilhado a carreira de backing vocal. A mulher canta mais do que 90% das cantoras atuais.  Collen se destaca com um belíssimo trabalho de guitarra, repleto de riffs e solos inspirados. Também se sai bem quando se arrisca nos vocais. Não é segredo para ninguém que grandes músicos ganham a vida fazendo gravações e acompanhando artistas pop em turnê. Portanto, podem esperar um trabalho extremamente preciso por conta de Robinson.

Músicos de diferentes vertentes se juntam e lançam disco de blues rock

As surpresas não param por aí. O disco conta com algumas participações especiais. São elas: Simon Laffy (Girl), Paul Cook (Sex Pistols), David Coverdale (Whitesnake) e Joe Elliot (Def Leppard). Ok, tirando David Coverdale, todos os outros músicos fazem parte da história musical de Phil. O rapaz tocava no Girl, toca no Def Leppard e Paul Cook tocou com ele no Manraze. Só que, mais uma vez, tirando Coverdale, os outros nomes não consigo associar ao blues de imediato.

“Bang The Lead” abre o álbum com altas influências de 70´s e uma guitarra explodindo nos alto-falantes explorando o slide ao máximo. O lado mais porrada reaparece na ótima “Down In The Delta” e na razoável “Shuffle Sweet”. O lado blues mais sutil, mais calmo, mais desnudo aparece com força em “Whiskey”, “Private Number” (essa contando com uma boa performance de Mr. Coverdale) e “Treat Her Like a Candy”. O lado mais swingado surge com força na releitura de “Black Coffee” (versão Black Crowes total) e em “Miss Me”. Certeza que se Richie Kotzen ouvir esse som, ele grava. Joe Elliot manda bem no vocal de “Mistreated” (não, eles não regravaram com Coverdale). O ponto baixo fica por conta da fraquíssima “Feelit”. Uma tentative frustrada e desnecessária de soar mais moderno. Música dispensável e soa meio perdida. Não tem muito a ver com o resto do disco.  

Delta Deep é uma volta ao passado. Um álbum que segue a tradição dos álbuns clássicos. Não muito longo, com sonoridade direta, trabalho de guitarra inspirado, vocal forte e uma forte influência do blues por todo o disco, sem a pretensão de soar pop e com diversas faixas memoráveis. Para quem curte rock n roll em sua forma mais crua, audição indispensável!

Nota: 9,0/10,0
Status: Inspirado

Faixas:
      01)   Bang The Lid
      02)   Whiskey
      03)   Down In The Delta
      04)   Treat Her Like a Candy
      05)   Miss Me
      06)   Burnt Sally
      07)   Private Number (feat David Coverdale)
      08)   Shuffle Sweet
      09)   Black Coffee (feat Paul Cook, Simon Laffy)
      10)   Feelit 
      11)   Mistreated (feat Joe Elliot)