quarta-feira, 25 de junho de 2014

Entrevista: Zuberoa Aznárez, vocalista do Diabulus In Musica

Por Rafael Menegueti, colaborou Davi Pascale

Uma das melhores bandas da nova safra do metal sinfônico europeu é o Diabulus In Musica, da Espanha. O grupo lançou recentemente seu terceiro álbum, “Argia”, e vem crescendo na cena ao longo do tempo. “Argia” vem fazendo sucesso entre os fãs do gênero, e não é por acaso. O disco é um dos melhores do estilo lançado esse ano e mostra uma grande evolução na sonoridade do quinteto espanhol. Para conhecer mais sobre essa banda e seu trabalho, tive o prazer de conversar com a vocalista do grupo, Zuberoa Aznárez. Veja abaixo o que ela falou sobre o novo disco, e sobre a historia da banda:

Zuberoa Aznárez
Riff Virtual: Primeiro, eu gostaria de saber sobre o sua historia. Como você começou a cantar e como a banda começou?

Zuberoa Aznárez: Eu canto desde quando me lembro. Minha mãe conduzia um coral de crianças, então eu costumava ir aos ensaios e aprendia todas as vozes de cor, até que eu cresci e comecei a cantar lá também. Quando eu tinha 8 anos comecei a aprender teoria musical e flauta. Nos também estudamos canto a capela na época, mas para uma criança não é fácil aprender técnicas vocais enquanto sua voz se desenvolve, então é melhor começar dos 16 anos pra frente. De qualquer modo, essas lições foram úteis pois você desenvolve uma capacidade de ouvir o resto das vozes e aprender outras habilidades: expressão, afinação... Eu comecei a aprender canto clássico quando tinha uns 20 anos. Ao mesmo tempo, eu comecei a cantar em uma banda de rock e um pouco mais tarde uma banda de metal me convidou para cantar com eles também. Gorka (Elso, tecladista do Diabulus In Musica) estava lá e quando a banda estava pra acabar eu pensei em montar uma nova e chamei Gorka pra nos juntarmos. Eu mostrei a ele algumas músicas que eu tinha escrito, ele gostou e assim nasceu o Diabulus In Musica.

R.V.: Neste novo álbum, “Argia”, a banda tem uma nova formação. Você acha que essas mudanças melhoraram sua musica em comparação aos trabalhos anteriores?

Z.A.: Os novos membros não participaram da composição de “Argia”, exceto por alguns riffs, pois Gorka e eu já estávamos trabalhando nisso quando eles se juntaram, então nos preferimos que eles se focassem em aprender as musicas antigas. De todo modo, eu estou ansiosa para trabalhar com eles nas composições também. Tenho certeza que podemos fazer coisas legais juntos agora.


R.V.: Qual é o conceito ou a idéia por trás desse novo álbum?

Z.A.: Argia significa luz ou claro em nossa língua regional, basco. Esse título de um certo modo reflete como nós nos sentimos agora. Gorka e eu tivemos que começar do zero quando os outros membros da banda saíram. Isso foi muito difícil no começo, mas nós conseguimos escrever novas músicas, encontrar novos membros e fazer alguns shows em apenas um ano. Por outro lado, essa situação e algumas outras pelas quais eu passei ao mesmo tempo me fizeram sobre alguns comportamentos humanos e me fizeram tentar entender melhor os outros e a mim mesma. Então, basicamente, esse é o conceito ao qual ele se refere. Esse é o álbum mais pessoal até agora e ele fala sobre alguns fatos, sentimentos, pensamentos ou situações que eu vivi nos últimos dois anos.

R.V.:Vocês tiveram a colaboração da Ailyn do Sirenia neste álbum, e do Mark Jansen, do Epica, no anterior (“The Wanderer”). Como surgiram essas participações especiais?

Z.A.: Eu imediatamente pensei na Ailyn para cantar essa música (“Fúria de Libertad”) comigo pois somos amigas e ambas somos da Espanha. Alem disso, Nós temos vozes diferentes que complementam uma à outra muito bem, então eu perguntei se ela gostaria de participar dessa canção. Ela gosta bastante da banda, estão ela prontamente aceitou e eu fiquei muito feliz em ter a bela voz dela em uma de nossas musicas! Sobre o Mark, nós queríamos uma colaboração “não melódica”, então primeiro pensamos em alguma banda de death metal, mas como somos bons amigos do Ad Sluijter (ex-guitarrista do Epica), então nós percebemos que podíamos contatar o Mark. Ele nos contou que realmente gostava do que fazemos e aceitou cantar também. Foi ótimo termos ele no disco.

R.V.: Esse ano vocês irão tocar novamente no Metal Female Voices Fest (festival belga apenas com bandas de vocal feminino). Qual é a importância desse festival na historia da banda?

Z.A.: Nós temos sorte de termos tocado lá mais de uma vez e agora a família MFVF é nossa família também. Amamos tocar lá e mal podemos esperar para voltar! Compartilhamos muitos bons momentos com fãs, organizadores, equipes e outras bandas. Tem uma atmosfera muito especial e um contato muito direto com o público. Isso é o que faz esse festival tão especial. Alem do mais, foi o primeiro festival que nos deu a oportunidade de tocar fora de nosso país e repetir. Então somos muito gratos aos organizadores e ao publico que nos quiseram de volta. Por esse motivo, nós sempre tentamos fazer algo especial lá. Nós costumamos levar um pequeno coral e fazer algo mais do que apenas tocar. Com certeza esse ano faremos algo especial também, mas ainda é cedo para dar detalhes.

Diabulus In Musica: Apenas Gorka Elso (2º da esq. pra dir.) e Zuberoa da formação original
R.V.: Na sua opinião, qual é o próximo passo para a banda? O que você espera conseguir com o Diabulus In Musica no futuro?

Z.A.: Eu sempre tento viver com o suficiente para isso, então cada pequena conquista é como um presente. Eu faço música apenas por que eu amo isso e eu sou muito grata por poder  ter a chance de espalhar isso. Alguns anos atrás nós nunca poderíamos imaginar que estaríamos onde estamos agora. De qualquer forma, o que eu realmente amaria alcançar seria poder viver de música, ou pelo menos sobreviver.

R.V.: A banda tem algum plano para um DVD ao vivo?

Z.A.: Não no momento, porque isso depende da gravadora. Mas, se nós o fizéssemos, seria em um show bem especial. Estamos tentando organizar algo especial para o ano que vem, então, se tudo correr como planejamos, com certeza iremos gravá-lo!

R.V.: O metal sinfônico é muito popular no Brasil e em toda a América Latina. Está nos planos da banda fazer uma turnê pela América Latina? O que você pode dizer aos seus fãs brasileiros?

Z.A.: Nós amaríamos! Tocamos uma vez no México e foi incrível, então não podemos esperar para voltar. Mas, infelizmente, organizar uma turnê ou abrir para outra banda é muito caro e nós não temos todo esse poder econômico, então em nosso caso fica impossível no momento. Outra possibilidade para ir seria qualquer produtor ou festival querer nos levar, então espalhe a noticia sobre a gente. E claro, se alguma chance de fazer uma turnê completa surgir, nós vamos fazer com muita alegria, é algo que estamos trabalhando duro para conseguir. Sabemos que temos fãs no Brasil e o quanto o público aí é maravilhoso, então seria como um sonho visitá-los.