quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Robert Plant – Lullaby and the Ceaseless Roar (2014):





Por Davi Pascale

Vocalista chega ao seu décimo-quinto álbum pós-Zeppelin em um trabalho repleto de experimentações, longe das guitarras volumosas e vocais gritados que a garotada está acostumado a associá-lo. Disco é bom, mas se você resolveu conferir empolgado com os relançamentos do Led, vá com calma, muita calma...

Obviamente, não esperava um trabalho na vibe do Led Zeppelin. Acompanho sua trajetória já há algum tempo e sei que que nunca fez em toda sua carreira-solo um disco naquela onda. E não seria agora, quando o lançamento de um novo disco tem cada vez menos atenção da mídia, que faria isso. Entretanto, gostaria muito de vê-lo fazendo um álbum de rock novamente. Poderia ser um trabalho até com uma pegada mais moderna, já que ele já reviveu os anos dourados no projeto Honeydrippers. Robert Plant sempre buscou novas referências e fico me perguntando como soaria um disco de rock feito por ele nos dias atuais.

Quem não está acostumado à sua carreira-solo, especialmente aos discos Dreamland e Mighty Rearranger, pode demorar a assimilar o material. Com bastante influência de world music, as faixas trazem várias referências de música indiana, o que não é nenhum grande espanto para seus fãs, africana (por conta das percussões) e algumas costuras com a música eletrônica.

Robert Plant retorna com álbum experimental e calmo

Embora seja um álbum bem experimental, conta com seus momentos radiofônicos. As baladas “Somebody There” e “House of Love”, em outros tempos teriam um videoclipzinho pipocando na MTV. São canções que poderiam muito bem estar em um disco como Fate of Nations, por exemplo. A linha vocal de “Pocketful of Golden” também me recorda bastante esse período. Mas, apenas trabalho vocal mesmo, o arranjo já vai em outra direção. Curiosamente essa música começa com uma citação de “Thank You” (If the sun refuse to shine...) Proposital ou coincidência?

Plant sai ganhando de um lado nessa história. Obviamente, aos 66 anos já não tem mais o alcance que tinha nos seus tempos áureos. E toda essa viagem musical permite que cante sem exagerar nas notas, sem fazer algo que não corresponde mais com sua realidade. E consegue fazer um trabalho vocal que prende a atenção. Ponto para o rapaz. O instrumental ficou a cargo do grupo The Sensational Space Shifters. Praticamente, uma reformulação do Strange Sensation que o acompanhava na fase do Mighty Rearranger. Na verdade, saíram Charlie Jones e Clive Deamer, e juntaram-se Dave Smith e Juldeh Camara. O resto da galera é a mesma.

Dentre as demais, destacaria “Rainbow” e a melancólica “A Stolen Kiss” como momentos de destaque. Os pontos baixos ficam por conta de “Poor Howard” e “Arbaden” que soam um pouco cansativas. Enquanto a galera está discutindo se deveria ou não retornar ao Led, o musico segue sua vida. Lullaby and the Ceaseless Roar não é aquele CD para ligar no último volume e sair pulando em cima do sofá. É aquele CD para ouvir com fone de ouvido, de olhos fechados, totalmente zen. Se essa é sua praia, vá sem medo...

Nota: 7,0 / 10,0
Status: viajado

Faixas:
      01)   Little Maggie
      02)   Rainbow
      03)   Pocketful of Golden
      04)   Embrace Another Fall
      05)   Turn It Up
      06)   Stolen Kiss
      07)   Somebody There
      08)   Poor Howard
      09)   House of Love
      10)   Up On The Hollow Hill
      11)   Arbaden