Por Davi Pascale
Vocalista chega ao seu décimo-quinto álbum pós-Zeppelin em um trabalho repleto de
experimentações, longe das guitarras volumosas e vocais gritados que a garotada
está acostumado a associá-lo. Disco é bom, mas se você resolveu conferir empolgado
com os relançamentos do Led, vá com calma, muita calma...
Obviamente, não esperava um trabalho na vibe do Led Zeppelin. Acompanho
sua trajetória já há algum tempo e sei que que nunca fez em toda sua carreira-solo
um disco naquela onda. E não seria agora, quando o lançamento de um novo disco
tem cada vez menos atenção da mídia, que faria isso. Entretanto, gostaria muito
de vê-lo fazendo um álbum de rock novamente. Poderia ser um trabalho até com
uma pegada mais moderna, já que ele já reviveu os anos dourados no projeto Honeydrippers. Robert Plant sempre
buscou novas referências e fico me perguntando como soaria um disco de rock
feito por ele nos dias atuais.
Quem não está acostumado à sua carreira-solo, especialmente aos discos Dreamland e Mighty Rearranger, pode demorar a assimilar o material. Com
bastante influência de world music, as faixas trazem várias referências de
música indiana, o que não é nenhum grande espanto para seus fãs, africana (por
conta das percussões) e algumas costuras com a música eletrônica.
Robert Plant retorna com álbum experimental e calmo |
Embora seja um álbum bem experimental, conta com seus momentos radiofônicos.
As baladas “Somebody There” e “House of Love”, em outros tempos teriam um
videoclipzinho pipocando na MTV. São canções que poderiam muito bem estar em um
disco como Fate of Nations, por
exemplo. A linha vocal de “Pocketful of Golden” também me recorda bastante esse
período. Mas, apenas trabalho vocal mesmo, o arranjo já vai em outra direção.
Curiosamente essa música começa com uma citação de “Thank You” (If the sun
refuse to shine...) Proposital ou coincidência?
Plant sai ganhando de um lado nessa história. Obviamente, aos 66 anos já
não tem mais o alcance que tinha nos seus tempos áureos. E toda essa viagem
musical permite que cante sem exagerar nas notas, sem fazer algo que não
corresponde mais com sua realidade. E consegue fazer um trabalho vocal que prende
a atenção. Ponto para o rapaz. O instrumental ficou a cargo do grupo The
Sensational Space Shifters. Praticamente, uma reformulação do Strange Sensation
que o acompanhava na fase do Mighty
Rearranger. Na verdade, saíram Charlie Jones e Clive Deamer, e juntaram-se
Dave Smith e Juldeh Camara. O resto da galera é a mesma.
Dentre as demais, destacaria “Rainbow” e a melancólica “A Stolen Kiss”
como momentos de destaque. Os pontos baixos ficam por conta de “Poor Howard” e “Arbaden”
que soam um pouco cansativas. Enquanto a galera está discutindo se deveria ou
não retornar ao Led, o musico segue sua vida. Lullaby and the Ceaseless Roar não é aquele CD para ligar no último
volume e sair pulando em cima do sofá. É aquele CD para ouvir com fone de ouvido,
de olhos fechados, totalmente zen. Se essa é sua praia, vá sem medo...
Nota: 7,0 / 10,0
Status: viajado
Faixas:
01)
Little
Maggie
02)
Rainbow
03)
Pocketful
of Golden
04)
Embrace
Another Fall
05)
Turn It Up
06)
Stolen
Kiss
07)
Somebody
There
08)
Poor
Howard
09)
House of
Love
10)
Up On The
Hollow Hill
11)
Arbaden
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