quarta-feira, 7 de outubro de 2015

A Tribute to Sonata Arctica – Vários Artistas (2015)

Por Rafael Menegueti

A Tribute to Sonata Arctica
Álbuns tributo costumam causar certa polêmica. Se por um lado, ver uma banda de que gostamos sendo homenageada por vários outros artistas parece ser empolgante, por outro há sempre certa preocupação com o modo como essa homenagem será tratada e o seu resultado final. No geral, muitos tendem a se decepcionar quando as versões não parecem tão dignas daqueles que são homenageados.

Quando soube que havia um tributo ao Sonata Arctica em produção, tudo isso veio a minha cabeça, afinal sou muito fã da banda finlandesa. O projeto foi realizado por uma pequena gravadora escocesa, a Ouergh Records, e contou com alguns nomes conhecidos da cena e outros nem tanto. A própria banda esteve envolvida no processo, já que foi o baixista Pasi Kauppinen quem masterizou o disco.

Como em qualquer disco que envolve vários artistas diferentes, é obvio que teremos alguns altos e baixos no resultado como um todo. Nesse caso, o álbum começa muito bem, com uma sequencia de ótimas versões. Coube ao Timeless Miracle, banda sueca de power metal que voltou a ativa recentemente, o trabalho de abrir o disco com uma cover da canção mais popular do Sonata, “Fullmoon”. Eles mandaram bem, com um instrumental muito similar ao original, mas com uma personalidade diferente nos vocais. Em seguida vem o Stream of Passion, que fez uma excelente releitura de “I Have A Right” usando seu próprio estilo. Acabou sendo a faixa que mais se difere da original, mas muito positivamente, pois o arranjo sinfônico da banda holandesa e os vocais de Marcela Bovio deram um animo a mais a canção. Pra mim, a melhor do disco.

Os belgas do Dyscordia, uma banda bem menos conhecida, fizeram uma versão excelente de “My Land”, acrescentando vocais guturais em alguns trechos sem deformar a faixa. Já o Van Canto, banda alemã conhecida por seu metal a capela, criou uma ótima atmosfera em “Victoria’s Secret”, outro destaque positivo. A banda de melódico/speed metal ucraniana Sunrise fez uma versão de “Black Sheep” idêntica, muito boa para uma banda desconhecida, embora não mostre muito de sua própria personalidade. A cover de “Dont’t Say a Word” do Xandria já havia sido lançada anteriormente pela banda em seu último EP, e como já falei na resenha do mesmo, foi bem competente e interessante pelo diferente ponto de vista da letra criado pela banda.

Homenagem a banda finlandesa reuniu nomes novos e outros consagrados
Em “Letter to Dana”, os suecos do Coldspell fizeram uma leitura acústica bem apropriada a canção. Já a boa banda de progressivo ucraniana Majesty of Revival fez uma versão de “The Cage” boa na parte instrumental, mas com vocais sem empolgação. A faixa instrumental “Revontulet” vem em seguida através do Powerglove, banda conhecida por fazer covers de trilhas de games, mas que achei que podia ser aproveitada em uma faixa mais longa. E então chegamos ao ponto fraco do disco, na péssima versão de “Paid In Full” da banda inglesa Celestial Wish. Com uma instrumentação confusa, vocais irritantemente desafinados da vocalista Saneeta Ram, a faixa destoa de todo o resto negativamente, pois nada funciona. Deviam ter deixado de fora.

Em seguida a banda argentina Innvein aparece com uma versão razoável de “Wolf & Raven”, bem executada mas com uma guitarra base abafada que incomodou um pouco. Quem retoma o nível de qualidade no disco é o Arven. A banda quase toda feminina (exceto baterista) fez uma bela e agradável cover de “Replica”. Uma pena esse ter sido o último ato da banda, que anunciou seu fim no mês passado. Pra encerrar, três covers feitas por artistas pequenos que fazem parte da própria gravadora. O Abandoned Stars fez uma versão ok para “San Sebastian”, enquanto a banda de thrash Disposable mostrou uma versão bem suja para “8th Commandment”, que não ficou genial, mas também não ficou ruim. Encerrou o disco uma versão de “Wildfire” feita pela banda de metalcore Xeno. Embora muitos possam discordar por se tratar de um estilo que sofre certa resistência, a faixa não ficou ruim dentro do estilo, mas mostra uma banda que ainda precisa de certa lapidação se quiser crescer.

O saldo final desse projeto é bem variado. Por um lado, a maioria das faixas ficaram realmente muito boas, fazendo jus ao talento dos artistas que as executaram e também à banda homenageada. Por outro, algumas bandas pareceram um pouco deslocadas e soaram mornas no meio disso tudo. O repertorio escolhido focou em vários sucessos da banda, mas faltaram canções de álbuns mais recentes como “Days of Grays” e “Pariah’s Child”. Para os fãs, vale a intenção de divertir com essas diferentes versões de clássicos do Sonata. Mesmo com um ou outro deslize, vale conferir pelos ótimos acertos.


Nota: 7/10
Status: variado

Faixas:
1. TIMELESS MIRACLE – FullMoon (05:13)
2. STREAM OF PASSION – I Have A Right (03:49)
3. DYSCORDIA – My Land (04:43)
4. VAN CANTO – Victoria’s Secret (04:46)
5. SUNRISE – Black Sheep (03:52)
6. XANDRIA – Don’t Say A Word (06:07)
7. COLDSPELL – Letter To Dana (05:04)
8. MAJESTY OF REVIVAL – The Cage (04:35)
9. POWERGLOVE – Revontulet (01:38)
10. CELESTIAL WISH – Paid In Full (04:33)
11. INNVEIN – Wolf & Raven (04:30)
12. ARVEN – Replica (04:48)
13. ABANDONED STARS – San Sebastian (05:16)
14. DISPOSABLE – 8th Commandment (04:09)
15. XENO – Wildfire (04:08)