Por Rafael Menegueti
A Tribute to Sonata Arctica |
Álbuns tributo costumam causar certa polêmica. Se por um
lado, ver uma banda de que gostamos sendo homenageada por vários outros
artistas parece ser empolgante, por outro há sempre certa preocupação com o
modo como essa homenagem será tratada e o seu resultado final. No geral, muitos
tendem a se decepcionar quando as versões não parecem tão dignas daqueles que
são homenageados.
Quando soube que havia um tributo ao Sonata Arctica em
produção, tudo isso veio a minha cabeça, afinal sou muito fã da banda
finlandesa. O projeto foi realizado por uma pequena gravadora escocesa, a
Ouergh Records, e contou com alguns nomes conhecidos da cena e outros nem
tanto. A própria banda esteve envolvida no processo, já que foi o baixista Pasi
Kauppinen quem masterizou o disco.
Como em qualquer disco que envolve vários artistas
diferentes, é obvio que teremos alguns altos e baixos no resultado como um
todo. Nesse caso, o álbum começa muito bem, com uma sequencia de ótimas
versões. Coube ao Timeless Miracle, banda sueca de power metal que voltou a
ativa recentemente, o trabalho de abrir o disco com uma cover da canção mais
popular do Sonata, “Fullmoon”. Eles mandaram bem, com um instrumental muito
similar ao original, mas com uma personalidade diferente nos vocais. Em seguida
vem o Stream of Passion, que fez uma excelente releitura de “I Have A Right”
usando seu próprio estilo. Acabou sendo a faixa que mais se difere da original,
mas muito positivamente, pois o arranjo sinfônico da banda holandesa e os
vocais de Marcela Bovio deram um animo a mais a canção. Pra mim, a melhor do
disco.
Os belgas do Dyscordia, uma banda bem menos conhecida,
fizeram uma versão excelente de “My Land”, acrescentando vocais guturais em
alguns trechos sem deformar a faixa. Já o Van Canto, banda alemã conhecida por
seu metal a capela, criou uma ótima atmosfera em “Victoria’s Secret”, outro
destaque positivo. A banda de melódico/speed metal ucraniana Sunrise fez uma
versão de “Black Sheep” idêntica, muito boa para uma banda desconhecida, embora
não mostre muito de sua própria personalidade. A cover de “Dont’t Say a Word”
do Xandria já havia sido lançada anteriormente pela banda em seu último EP, e
como já falei na resenha do mesmo, foi bem competente e interessante pelo
diferente ponto de vista da letra criado pela banda.
Homenagem a banda finlandesa reuniu nomes novos e outros consagrados |
Em “Letter to Dana”, os suecos do Coldspell fizeram uma
leitura acústica bem apropriada a canção. Já a boa banda de progressivo
ucraniana Majesty of Revival fez uma versão de “The Cage” boa na parte
instrumental, mas com vocais sem empolgação. A faixa instrumental “Revontulet”
vem em seguida através do Powerglove, banda conhecida por fazer covers de
trilhas de games, mas que achei que podia ser aproveitada em uma faixa mais
longa. E então chegamos ao ponto fraco do disco, na péssima versão de “Paid In
Full” da banda inglesa Celestial Wish. Com uma instrumentação confusa, vocais
irritantemente desafinados da vocalista Saneeta Ram, a faixa destoa de todo o
resto negativamente, pois nada funciona. Deviam ter deixado de fora.
Em seguida a banda argentina Innvein aparece com uma
versão razoável de “Wolf & Raven”, bem executada mas com uma guitarra base abafada que incomodou um pouco.
Quem retoma o nível de qualidade no disco é o Arven. A banda quase toda
feminina (exceto baterista) fez uma bela e agradável cover de “Replica”. Uma pena esse ter sido o último
ato da banda, que anunciou seu fim no mês passado. Pra encerrar, três covers
feitas por artistas pequenos que fazem parte da própria gravadora. O Abandoned
Stars fez uma versão ok para “San Sebastian”, enquanto a banda de thrash
Disposable mostrou uma versão bem suja para “8th Commandment”, que não ficou
genial, mas também não ficou ruim. Encerrou o disco uma versão de “Wildfire” feita
pela banda de metalcore Xeno. Embora muitos possam discordar por se tratar de
um estilo que sofre certa resistência, a faixa não ficou ruim dentro do estilo,
mas mostra uma banda que ainda precisa de certa lapidação se quiser crescer.
O saldo final desse projeto é bem variado. Por um lado, a
maioria das faixas ficaram realmente muito boas, fazendo jus ao talento dos
artistas que as executaram e também à banda homenageada. Por outro, algumas bandas
pareceram um pouco deslocadas e soaram mornas no meio disso tudo. O repertorio
escolhido focou em vários sucessos da banda, mas faltaram canções de álbuns mais
recentes como “Days of Grays” e “Pariah’s Child”. Para os fãs, vale a intenção
de divertir com essas diferentes versões de clássicos do Sonata. Mesmo com um
ou outro deslize, vale conferir pelos ótimos acertos.
Nota: 7/10
Status: variado
Faixas:
1. TIMELESS MIRACLE – FullMoon (05:13)
2. STREAM OF PASSION – I Have A Right (03:49)
3. DYSCORDIA – My Land (04:43)
4. VAN CANTO – Victoria’s Secret (04:46)
5. SUNRISE – Black Sheep (03:52)
6. XANDRIA – Don’t Say A Word (06:07)
7. COLDSPELL – Letter To Dana (05:04)
8. MAJESTY OF REVIVAL – The Cage (04:35)
9. POWERGLOVE – Revontulet (01:38)
10. CELESTIAL WISH – Paid In Full (04:33)
11. INNVEIN – Wolf & Raven (04:30)
12. ARVEN – Replica (04:48)
13. ABANDONED STARS – San Sebastian (05:16)
14. DISPOSABLE – 8th Commandment (04:09)
15. XENO – Wildfire (04:08)