Por Davi Pascale
O primeiro contato que tive com a
música de Gary Moore foi com a balada “Still Got The Blues” nas rádios. Uma vez
que ouvi o LP na íntegra, virei fã. Embora a balada fosse realmente muito
bonita, não dá dimensão da obra dele. O LP trazia um guitarrista
inspiradíssimo, fazendo um bluesrock de primeira. Não demorou muito e comecei a
revirar seus discos mais antigos e descobri que ele veio do hard rock. Mas onde
mais me chamava a atenção era realmente nos VHS´s ao vivo. Gary sempre tocou
com alma, seus solos eram inspiradíssimos. E, isso, fica claro, mais uma vez,
nas apresentações incluídas nesse box.
Temos aqui 5 apresentações de 5
turnês diferentes. Sim, há algumas músicas que se repetem. “All Your Love”, por
exemplo, está presente em 4 apresentações. Se não me engano, é a que mais
aparece por aqui. Mas os shows variam bastante. Sempre tinham músicas
diferentes. Versões diferentes. Até por serem registros de anos diferentes.
Estava sempre com um álbum para promover nas costas, o que ajudava a mudar o
ritmo do show.
Quase todas as apresentações são
fantásticas. Tecnicamente, todas são impecáveis. Gary Moore sempre foi um puta
músico e sua banda de apoio nunca ficou por baixo. Tanto em seus discos, quanto
em suas apresentações, sempre esteve rodeado de instrumentistas de primeiro
time. A primeira performance, contudo, é a cereja do bolo.
Gravada em 7 de Julho de 1990, a
apresentação é justamente do LP que citei no primeiro parágrafo. Curiosamente,
a faixa-titulo, que foi um enorme sucesso na época, não aparece no setlist. Mas
a participação de Albert Collins emociona. Mesmo que os dois tenham estilos diferentes
de tocar, a parceria funciona muito bem. O dueto acontece em 4 músicas do show: “Too Tired”, “Cold Cold Feeling”,
“Further Up On The Road” e “King of The Blues”. Espetacular!
Albert Collins se junta à Gary Moore no primeiro CD do box |
A apresentação de 1995 era da
ocasião em que estava lançando um trabalho em homenagem ao músico do Fleetwood
Mac, Peter Green (Blues for Greeny).
Mistura músicas desse álbum com clássicos de Willie Dixon, John Mayall, além de
relembrar “Since I Met You Baby”, de seu álbum After Hours (1992). Outro showzaço! A pegada blues também aparece
com tudo nas apresentações de 1999 e 2001. A de 99 é a minha preferida. Para
mim, o segundo melhor show do box. Mistura aqui classicões como “Still Got The
Blues”, “Oh Pretty Woman” e “Walking By Myself” com releituras fantásticas de
“The Sky Is Crying” (clássico de Elmore James muito conhecido pela interpretação
de Stevie Ray Vaughan) e “Fire” (Jimi Hendrix). Show realmente impressionante.O cara tinha uma pegada e uma garra inacreditável.
O terceiro CD é o mais fraco, na
minha opinião. Obviamante, que tecnicamente falando, é perfeito. Mas o
repertório é apenas mediano. Em 1997, estava lançando Dark Days In Paradise. Um trabalho de rock mais moderno, com umas
paradas eletrônicas por trás. Uma sonoridade que estava na moda, mas que não
era muito a cara dele. Focou aqui, em sua fase mais rock. Quando revive suas
musicas dos anos 80, como “Over The Hills and Far Away” (sim, a que o Nightwish
canta) ou “Out In The Fields” fica bem legal. Quando toca os sons do álbum que
estava lançando não me empolga tanto, mesmo com os beats estando bem mais moderados.
De álbuns ao vivo mais roqueiros, ainda gosto mais do Rockin Every Night: Live In Japan e do Live At The Marquee.
The Essential Montreux é um trabalho essencial na coleção de quem
curte blues ou de quem é fã do artista. As apresentações, como disse, são de
altíssimo nível e, como já disse, o cara era um monstro. Era um dos poucos guitarristas que sabia dosar técnica e emoção, que brilhava tanto nos solos mais contidos, quanto nos mais velozes. E cantava bem também. Uma pena que tenha ido embora cedo. Um dos artistas que lamento não ter tido chance de ver de perto. Pelo menos, o box serve para matar a saudade...
Nota: 9,0 / 10,0
Status: Emocionante