Por Davi Pascale
Como já tinha comentado por aqui,
há algum tempo me mudei para a região do ABC. Ainda estou conhecendo os picos,
descobrindo os lugares. E qual não é minha surpresa, ao descobrir através do Facebook,
que o trio Nervosa, uma das grandes revelações do metal nacional, estaria
tocando há algumas quadras de distancia? Claro que aproveitei a oportunidade
para conferir a apresentação das garotas.
A apresentação fazia parte de um evento criado
pelo local chamado Thrash Attack ABC.
Fora elas, apresentaram-se no dia Corporate Death, Necromesis, Audiokaos e
Capadocia. Cheguei ao local por volta de 00:00h. Pelo cronograma, Audiokaos já
deveria estar no palco, mas quem ainda estava se apresentando era o Necromesis.
Já saquei que sofreria com atrasos. Assisti pouco do grupo, mas assim como o
Audiokaos, não me chamaram a atenção. Nada contra os músicos. As bandas são
competentes e foram respeitadas pela platéia, mas as composições não me
cativaram. O Corporate Death não assisti, portanto, não comentarei.
Capadocia iniciou o show às
2:00h, horário onde a banda principal deveria estar iniciando, e foi a grande
surpresa da noite para mim. Honestamente, não conhecia o conjunto. Além
de serem ótimos músicos, são bem carismáticos e as composições autorais são muito boas. Ainda souberam driblar algumas
situações delicadas com maestria. Durante o show dos rapazes, houve uma briga
feia na platéia, onde um dos garotos chegou, inclusive, a perder a consciência
durante alguns minutos. Eta molecada que não se toca. Houve ainda mais um
princípio de briga, apaziguada pelo cantor. Haja paciência...
O grupo demonstrou carisma e energia de sobra |
Faltando poucos minutos para as
4:00h, eis que o aguardado trio paulista finalmente sobe ao palco. Mesmo
estando tarde pra caramba, as meninas esbanjavam energia. A cantora/ baixista
Fernanda Lira bangeava sem parar e conversava com o publico entre as músicas,
além de ser ótima cantora (para o gênero, é claro). Prika Amaral chamava a
atenção dos marmanjos, mesmo sem fazer grandes movimentos. Enquanto a baterista
Pitchu Ferraz sentava a mão na bateria sem dó.
Durante o show, Fernanda rasgou
elogios ao (pequeno) público presente, comentou das eleições que estão por vir
e dos ataques que sofrem pela internet. A garota generalizou os ataques,
falando do metal em geral, mas acredito que esteja puta com as mensagens que
vêm sendo postadas na rede em relação à seu grupo. “Se não curte, beleza,
mas vamos respeitar”. Desde que o trio se lançou, que muito garoto critica a
banda sem dó, nem piedade. Já li vários desses ataques. Triste saber que em 2014 ainda
existe preconceito com garotas no metal. Escuto o gênero desde os anos 80 e
desde aquela época já existiam meninas na cena. Rock Goddess, Lee Aaron,
Girlschool, Doro Pesch... No Brasil tinha a banda Volkana, tínhamos a Syang tocando guitarra no P.U.S. (ainda com o nome de Si Young, homenagem à Angus
Young). Já passou da hora dessa mentalidade mudar.
Achei o trio extremamente
competente. Pouco mais de uma hora de porradaria sem dó. Os destaques ficaram por conta de “Justice Be Done”, “Into MoshPit”,
“Victim of Yourself” e “Masked Betrayer”. As meninas são super simpáticas
com os fãs e atendiam muito educadamente cada pedido de autógrafo ou foto. Ao
contrário de muita banda que se tranca no backstage, ficaram no meio da galera
assistindo aos demais grupos, na maior parte do tempo. Minha única critica é em
relação ao horário do evento. Muito grupo, muito tarde. Sei que faz parte show
acabar tarde, mas 5:00h é sacanagem. Também seria mais interessante se rolassem
menos apresentações e os grupos tivessem um pouco mais de tempo para demonstrar
seu trabalho. Já que o evento é voltado para grupos autorais, a galera está
aberta à esse tipo de situação. Fica a dica. Para as garotas do Nervosa,
parabéns pelo show, pelo profissionalismo e boa sorte na carreira.