Por Davi Pascale
Debut dessa que é considerada uma
das grandes promessas do rock. Com integrantes vindo de diferentes países, o
quarteto aposta em uma sonoridade altamente influenciada pela sonoridade do
final dos anos 60 e início dos anos 70. Boa pedida para quem não se identifica
com a sonoridade mais moderna dos grupos mainstream atuais.
Sempre resenhei discos dos
grandes nomes do rock. Desde novos lançamentos até matérias especiais por conta
de alguma data comemorativa. E continuarei fazendo. Não sou daqueles que
acredita que o rock n roll tenha que ser feito exclusivamente por jovens. Estão
aí artistas como AC/DC, Ace Frehley, Motorhead e tantos outros, lançando novos
trabalhos de alto calibre, que não me deixam mentir. Por outro lado, acho
importante falarmos da nova cena. Afinal, os novatos de hoje são os grandes
astros de amanhã, certo? Quando comecei a acompanhar artistas como Korn e Muse
eles também não passavam de grandes promessas do rock. E veja só onde
chegaram...
Difícil dizer de onde vem o Blues
Pills, da mesma forma que seria difícil dizer se o Soulfly é uma banda nacional
ou internacional. O guitarrista Dorian Sorriaux, de apenas 19 anos, veio da
França, o baixista Zack Anderson é norte-americano, enquanto a vocalista Elin
Larsson é sueca. O grupo, entretanto, vem sendo vendido como um conjunto sueco.
Larsson conheceu Anderson e o baterista original Corry Berry durante sua
estadia na California. Havia sido despedida do seu emprego de garçonete e
decidiu fazer uma viagem para repensar a vida. O trio se mudou para Örebro, uma
pequena cidade da Suecia. E lá se firmaram. Berry não está mais na banda. Hoje,
o responsável pelas baquetas é André Kvarnström, um músico local, mais
conhecido pela sua participação no TruckFighters. Um trio que vai em uma
onda parecida com a do Kyuss.
Elin Larsson: de garçonete à cantora de rock |
A sonoridade do Blues Pills é uma
outra jogada. Com referências de Led Zeppelin, Cream, Jimi Hendrix... A influência
do blues se faz presente, assim como a influencia do hard rock e da cena psicodélica.
Entretanto, não tentam ficar soando old
school. É algo que vem natural. Os músicos cresceram ouvindo artistas dessa
época. Em uma recente entrevista à revista Classic Rock Magazine, a vocalista
mandou: “Acho que a música era mais honesta, tinha mais emoção. Não sei se em
60 anos as pessoas estarão ouvindo Britney Spears, mas certamente estarão
ouvindo Led Zeppelin e Black Sabbath”.
A garota, aliás, é o grande
destaque do grupo. Sua voz potente e marcante chama a atenção durante a audição.
Em “High Class Woman”, faixa que abre o CD, já dá para sacar sua potência
vocal. Sua interpretação em “Ain´t No Change” e na balada “No Hope Left For Me”
não ficam atrás. O álbum foi gravado ainda contando com a presença de Cory
Berry. Suas levadas trazem bastante suingue, contam com bastante groove, como
podemos notar com maior clareza em “Jupiter” e “Devil Man”. Dorian, embora seja
ainda extremamente jovem, chama a atenção com seu bom gosto para criação de
riffs e solos. O riff de “Gypsy” me remeteu bastante à Jimi Hendrix. Já canções
como “River” e “Astralplane” me recordou de Janis Joplin, principalmente as
linhas vocais de Elin Larsson.
Blues Pills foi lançado no Brasil. E, mesmo para os colecionadores
mais exigentes, vale recorrer à edição nacional que conta com duas faixas
bônus: “Dig In” e “Time Is Now”. Existe uma nova cena rolando fora do Brasil
que muitos não se ligaram ainda por aqui. Aos poucos, vou trazendo as dicas pra
vocês.
Nota: 8,0/10,0
Status: Rock retrô
Faixas:
01) High
Class Woman
02) Ain´t
No Change
03) Jupiter
04) Black
Smoke
05) River
06) No
Hope Left For Me
07) Devil
Man
08) Astralplane
09) Gypsy
10) Little
Sun
11) Dig
In (bônus)
12) Time
Is Now (bônus)