Por Davi Pascale
Sammy Hagar lança trabalho acústico.
No repertório, misturam-se canções de sua (ótima) carreira-solo com hits do Van
Halen. Trabalho é bem agradável e possui uma pegada intimista.
A idéia nasceu por acaso. O red
rocker fez uma apresentação na primeira edição do Acoustic-For- A-Cure em San Francisco (California), em 15 de Maio
de 2014. Trata-se de um evento beneficente para arrecadar dinheiro para
crianças que sofrem de câncer. A idéia do evento é receber artistas para jams e
sets acústicos. E o ex-cantor do Van Halen apareceu por lá para fazer um set
violão/voz. E é exatamente isso que temos aqui.
Não se trata daqueles acústicos mega-produzidos
com inúmeras percussões, teclados, violinos. Apenas voz e violão. Para dar uma
pequena encorpada no som, Sammy trouxe o guitarrista de sua banda Waboritas, Vic Johnson. Algumas músicas
contam com um sutil backing de Vic, mas o ponto alto é realmente o trabalho
vocal de Hagar. Para não dizer que não há nada, há um acordeon em duas faixas: “Red
Voodoo” e “Halfway to Memphis”. E só.
Os fãs do Van Halen adoram ficar
discutindo sobre quem foi o melhor cantor da banda. Obviamente, entra o fator
gosto nesse tipo de discussão. Ambos possuem estilo de cantar diferenciado e a
banda criou uma nova sonoridade com a entrada de Sammy. Mas, não há duvidas,
para aqueles que possuem um ouvido um pouquinho mais apurado, de que Sammy
Hagar sempre teve um alcance vocal maior e maior domínio de sua voz. Sempre foi
mais cantor. Sou um puta fã de Dave Lee Roth também, mas é como discutir quem canta
mais: Ozzy ou Dio.
Lite Roast apresenta sonoridade mais intimista |
E em um álbum como esse, isso
conta a seu favor. Se em trabalhos mais produzidinhos, contando com o apoio de
uma banda por trás, como esses realizados em apoio com a MTV, a voz já fica em
maior evidência, imagina em um projeto desses. Se o cara não souber cantar, paga
mico. Ainda mais que o músico optou por entregar um projeto 100% honesto.
Realizou o disco sem nenhum tipo de overdub. O cara fez à moda antiga,
sentou-se com o violão de frente à um microfone e mandou ver, assim como Bob
Dylan fazia em seus primeiros álbuns.E o resultado está aqui. E, antes que me perguntem,
sim, sua voz continua boa.
O CD tem um ar intimista. É como
se você estivesse ouvindo os rapazes fazendo um som na sala de sua casa ou em
uma roda de amigos. Não há solos trincados, milhares de vocais. É o som nu e
cru, evidenciando a melodia das canções. O foco principal é a segunda fase de
sua carreira-solo. Ou seja, de Marching
to Mars em diante. Dentre essas, vale destacar “One Sip” que ganhou uma
pegada mais arrastada, evidenciando ainda mais a influência country da canção. “The
Love” ganha uma nova cara. A música que era um rock festivo, ganha um clima de
balada rocker e funciona bem. “Who Has The Right” não tem mais aquele vocal
gritado, mas o novo arranjo casou bem no projeto.
Nem todas as músicas sofreram
mudanças drásticas. “Red Voodoo” e “Eagles Fly” (a única da primeira fase de
sua carreira-solo), continuam bem próximas às originais. Dos seus tempos de Van
Halen, trouxe os hits “Finish What Ya Started” e “Dreams”. As versões têm
dividido a opinião de seus admiradores, mas gostei do resultado final. Esse não
é aquele álbum para ficar estudando detalhes. É aquele trabalho para deixar
rolando enquanto faz um churras com os amigos, enquanto toma um café antes de
sair de casa... Se você curte esse tipo de ambiente, é uma audição divertida.
Caso contrário, espere por seu próximo álbum, The Circle, que chegará às lojas na próxima semana.
Nota: 7,5 / 10,0
Status: Intimista/Descontraído
Faixas:
01)
Red Voodoo
02)
One Sip
03) Finish
What You Started
04) Eagles Fly
05) The Love
06) Father Sun
07) Dreams
08) Deeper Kinda Love
09) Who Has The Right?
10) Sailin´
11) Halfway to Memphis