quarta-feira, 13 de maio de 2015

Sammy Hagar & Vic Johnson – Lite Roast (2014):



Por Davi Pascale

Sammy Hagar lança trabalho acústico. No repertório, misturam-se canções de sua (ótima) carreira-solo com hits do Van Halen. Trabalho é bem agradável e possui uma pegada intimista.

A idéia nasceu por acaso. O red rocker fez uma apresentação na primeira edição do Acoustic-For- A-Cure em San Francisco (California), em 15 de Maio de 2014. Trata-se de um evento beneficente para arrecadar dinheiro para crianças que sofrem de câncer. A idéia do evento é receber artistas para jams e sets acústicos. E o ex-cantor do Van Halen apareceu por lá para fazer um set violão/voz. E é exatamente isso que temos aqui.

Não se trata daqueles acústicos mega-produzidos com inúmeras percussões, teclados, violinos. Apenas voz e violão. Para dar uma pequena encorpada no som, Sammy trouxe o guitarrista de sua banda Waboritas, Vic Johnson. Algumas músicas contam com um sutil backing de Vic, mas o ponto alto é realmente o trabalho vocal de Hagar. Para não dizer que não há nada, há um acordeon em duas faixas: “Red Voodoo” e “Halfway to Memphis”. E só.

Os fãs do Van Halen adoram ficar discutindo sobre quem foi o melhor cantor da banda. Obviamente, entra o fator gosto nesse tipo de discussão. Ambos possuem estilo de cantar diferenciado e a banda criou uma nova sonoridade com a entrada de Sammy. Mas, não há duvidas, para aqueles que possuem um ouvido um pouquinho mais apurado, de que Sammy Hagar sempre teve um alcance vocal maior e maior domínio de sua voz. Sempre foi mais cantor. Sou um puta fã de Dave Lee Roth também, mas é como discutir quem canta mais: Ozzy ou Dio.

Lite Roast apresenta sonoridade mais intimista

E em um álbum como esse, isso conta a seu favor. Se em trabalhos mais produzidinhos, contando com o apoio de uma banda por trás, como esses realizados em apoio com a MTV, a voz já fica em maior evidência, imagina em um projeto desses. Se o cara não souber cantar, paga mico. Ainda mais que o músico optou por entregar um projeto 100% honesto. Realizou o disco sem nenhum tipo de overdub. O cara fez à moda antiga, sentou-se com o violão de frente à um microfone e mandou ver, assim como Bob Dylan fazia em seus primeiros álbuns.E o resultado está aqui. E, antes que me perguntem, sim, sua voz continua boa.

O CD tem um ar intimista. É como se você estivesse ouvindo os rapazes fazendo um som na sala de sua casa ou em uma roda de amigos. Não há solos trincados, milhares de vocais. É o som nu e cru, evidenciando a melodia das canções. O foco principal é a segunda fase de sua carreira-solo. Ou seja, de Marching to Mars em diante. Dentre essas, vale destacar “One Sip” que ganhou uma pegada mais arrastada, evidenciando ainda mais a influência country da canção. “The Love” ganha uma nova cara. A música que era um rock festivo, ganha um clima de balada rocker e funciona bem. “Who Has The Right” não tem mais aquele vocal gritado, mas o novo arranjo casou bem no projeto.

Nem todas as músicas sofreram mudanças drásticas. “Red Voodoo” e “Eagles Fly” (a única da primeira fase de sua carreira-solo), continuam bem próximas às originais. Dos seus tempos de Van Halen, trouxe os hits “Finish What Ya Started” e “Dreams”. As versões têm dividido a opinião de seus admiradores, mas gostei do resultado final. Esse não é aquele álbum para ficar estudando detalhes. É aquele trabalho para deixar rolando enquanto faz um churras com os amigos, enquanto toma um café antes de sair de casa... Se você curte esse tipo de ambiente, é uma audição divertida. Caso contrário, espere por seu próximo álbum, The Circle, que chegará às lojas na próxima semana.

Nota: 7,5 / 10,0
Status: Intimista/Descontraído

Faixas:
      01)   Red Voodoo
      02)   One Sip
      03)   Finish What You Started
      04)   Eagles Fly
      05)   The Love
      06)   Father Sun
      07)   Dreams
      08)   Deeper Kinda Love
      09)   Who Has The Right?
      10)   Sailin´ 
      11)   Halfway to Memphis