quarta-feira, 13 de abril de 2016

Tarja - Ave Maria En Plen Air (2015):



Por Davi Pascale

Tarja Turunen lança álbum com sonoridade clássica. Disco é extremamente bem gravado, mas é recomendado somente aos fãs mais fiéis da cantora.

Não é preciso ser um especialista na carreira da Tarja ou na história do Nightwish para saber a adoração da vocalista pela música clássica, pela ópera. Todos sabem que ela é simplesmente apaixonada pelo trabalho de cantoras como Sarah Brightman e Maria Callas. Desde que saiu do Nightwish, Tarja vem intercalando um disco mais rock e um disco mais calmo, como é o caso aqui.

Essa, contudo, é a primeira vez em que lança um disco 100% clássico. Em Breath From Heaven, ela explorou mais o canto lírico, mas os arranjos cruzavam com o pop. Chegou, inclusive, a gravar músicas de John Lennon e Abba no disco. Nos trabalhos seguintes, inovou ao explorar arranjos com guitarra e depois com bateria. Ou seja, trazendo elementos do rock para dentro da música clássica. Dessa vez, ela seguiu o projeto à risca.

O disco, contudo, não deixa de ser ousado. Interpretar “Ave Maria” é prova de fogo para qualquer cantor lírico. No Brasil, o Agnaldo Rayol é um que é bem conhecido por realizar uma interpretação respeitada da música. Não há um show do rapaz onde ele consiga ir embora sem canta-la. Fora do Brasil, diversos artistas já interpretaram. Entre elas, sua grande ídala, a já citada Sarah Brightman.

É difícil cantá-la com propriedade porque além de uma afinação impecável, se a ideia é registrá-la, é necessária uma dose de emoção. Não pode ser algo que soa extremamente calculado. Acaba ficando caricato. Sabendo disso, resolveu gravar o disco ao vivo. Não em frente de uma plateia, mas tocando todos os músicos juntos. Turunen optou por não maquiar a voz, não ficar fazendo correções por computador.  E, mais do que isso, optou por não gravar um disco em um estúdio, mas sim em uma igreja.

Deu certo! Ave Maria En Plen Air é um disco onde a artista coloca toda a sua emoção na interpretação. Quem é muito fã da voz da cantora, como é o meu caso, é muito interessante de ouvir porque nesses projetos mais afastados do rock, ela consegue explorar mais o seu canto. É onde conseguimos notar quão forte é sua voz. Entretanto, vale lembrar que esse é um projeto de música clássica. Se você espera ouvir algum resquício dos tempos do Nightwish por aqui, passe bem longe. Os arranjos aqui foram criados se utilizando de órgão, harpa e violoncelo.

Sempre que fazia um show mais clássico, como nos especiais de natal, Tarja Turunen resgatava a tradicional “Ave Maria”. Contudo, se engana quem pensa que existe apenas 1 versão da música. Existem mais de 4.000 versões da oração. Algumas mantendo o texto original, outras trazendo um novo texto. A artista finlandesa selecionou 11 delas e gravou sua interpretação.

A ousadia, contudo, não para por aí. Tarja resolveu escrever sua própria “Ave Maria”. A última faixa do disco é uma composição sua, mas mantendo a sonoridade do disco. Trouxe algumas versões raras – como a de Paolo Tosti – e algumas bem conhecidas, como a de Johann Sebastian Bach. Para quem curte esse tipo de música, é um prato cheio.

Ave Maria Em Plen Air é lindíssimo, mas só é recomendado para aqueles que curtem música clássica ou são muuuito fãs da cantora. Se esse não é o seu caso, é melhor investir no recém-lançado álbum ao vivo. Em breve, comentarei dele por aqui. Fica ligado!

Nota: 8,0 / 10,0
Status: Emocionante

Faixas:
      01)   Paolo Tosti
      02)   Axel Von Kothen
      03)   David Popper
      04)   Camille Saint-Saëns
      05)   Astor Piazzolla 
      06)   J.S. Bach / Charles Gounod
      07)   Pietro Mascagni
      08)   Ferenc Farkas
      09)   Giulio Caccini
      10)   Michael Hoppé
      11)   Charles-Marie Widor 
      12)   Tarja Turunen