Por Davi Pascale
Tarja Turunen lança álbum com sonoridade clássica. Disco é extremamente
bem gravado, mas é recomendado somente aos fãs mais fiéis da cantora.
Não é preciso ser um especialista
na carreira da Tarja ou na história do Nightwish para saber a adoração da
vocalista pela música clássica, pela ópera. Todos sabem que ela é simplesmente
apaixonada pelo trabalho de cantoras como Sarah Brightman e Maria Callas. Desde
que saiu do Nightwish, Tarja vem intercalando um disco mais rock e um disco
mais calmo, como é o caso aqui.
Essa, contudo, é a primeira vez
em que lança um disco 100% clássico. Em Breath
From Heaven, ela explorou mais o canto lírico, mas os arranjos cruzavam com
o pop. Chegou, inclusive, a gravar músicas de John Lennon e Abba no disco. Nos
trabalhos seguintes, inovou ao explorar arranjos com guitarra e depois com
bateria. Ou seja, trazendo elementos do rock para dentro da música clássica.
Dessa vez, ela seguiu o projeto à risca.
O disco, contudo, não deixa de
ser ousado. Interpretar “Ave Maria” é prova de fogo para qualquer cantor
lírico. No Brasil, o Agnaldo Rayol é um que é bem conhecido por realizar uma
interpretação respeitada da música. Não há um show do rapaz onde ele consiga ir
embora sem canta-la. Fora do Brasil, diversos artistas já interpretaram. Entre
elas, sua grande ídala, a já citada Sarah Brightman.
É difícil cantá-la com
propriedade porque além de uma afinação impecável, se a ideia é registrá-la, é
necessária uma dose de emoção. Não pode ser algo que soa extremamente
calculado. Acaba ficando caricato. Sabendo disso, resolveu gravar o disco ao vivo.
Não em frente de uma plateia, mas tocando todos os músicos juntos. Turunen
optou por não maquiar a voz, não ficar fazendo correções por computador. E, mais do que isso, optou por não gravar um
disco em um estúdio, mas sim em uma igreja.
Deu certo! Ave Maria En Plen Air é um disco onde a artista coloca toda a sua
emoção na interpretação. Quem é muito fã da voz da cantora, como é o meu caso,
é muito interessante de ouvir porque nesses projetos mais afastados do rock,
ela consegue explorar mais o seu canto. É onde conseguimos notar quão forte é
sua voz. Entretanto, vale lembrar que esse é um projeto de música clássica. Se
você espera ouvir algum resquício dos tempos do Nightwish por aqui, passe bem
longe. Os arranjos aqui foram criados se utilizando de órgão, harpa e
violoncelo.
Sempre que fazia um show mais
clássico, como nos especiais de natal, Tarja Turunen resgatava a tradicional “Ave
Maria”. Contudo, se engana quem pensa que existe apenas 1 versão da música.
Existem mais de 4.000 versões da oração. Algumas mantendo o texto original,
outras trazendo um novo texto. A artista finlandesa selecionou 11 delas e
gravou sua interpretação.
A ousadia, contudo, não para por
aí. Tarja resolveu escrever sua própria “Ave Maria”. A última faixa do disco é
uma composição sua, mas mantendo a sonoridade do disco. Trouxe algumas versões
raras – como a de Paolo Tosti – e algumas bem conhecidas, como a de Johann
Sebastian Bach. Para quem curte esse tipo de música, é um prato cheio.
Ave Maria Em Plen Air é lindíssimo, mas só é recomendado para
aqueles que curtem música clássica ou são muuuito fãs da cantora. Se esse não é
o seu caso, é melhor investir no recém-lançado álbum ao vivo. Em breve,
comentarei dele por aqui. Fica ligado!
Nota: 8,0 / 10,0
Status: Emocionante
Faixas:
01) Paolo
Tosti
02) Axel
Von Kothen
03) David
Popper
04) Camille
Saint-Saëns
05) Astor
Piazzolla
06) J.S.
Bach / Charles Gounod
07) Pietro
Mascagni
08) Ferenc
Farkas
09) Giulio
Caccini
10) Michael
Hoppé
11) Charles-Marie
Widor
12) Tarja
Turunen