sábado, 30 de agosto de 2014

Rock e religião: casos polêmicos





Por Davi Pascale

Religião sempre foi algo polêmico dentro do rock. No inicio, as igrejas atacavam o gênero declarando ser uma má influência aos jovens. Depois, surgiram os grupos de rock com temáticas religiosas. Alguns muito bacanas, inclusive, como Stryper, Whitecross, Bride, Guardian, Oficina G3... Mas nada causa mais polêmica do que um artista que não pertencia à esse gênero religioso transformar-se em um. Relembraremos agora alguns artistas brasileiros que se dedicaram ao gospel.


      Rodolfo Abrantes



Esse é o mais polêmico de todos. Primeiro porque abandonou o Raimundos no auge do sucesso. Depois, porque foi para um caminho que era totalmente o oposto ao que pregava. Não que o Raimundos pregasse violência, longe disso. O grupo sempre fez um som alegre, pra cima. Mas as temáticas de suas letras eram exatamente o oposto daquilo que a igreja prega. Ou seja: sexo, drogas (no caso deles, maconha mais do que as demais) e rock n roll. Seu novo estilo de vida interrompeu o sucesso de uma das bandas mais interessantes da década de 90, o que é uma pena. Mas longe de querer julgá-lo, boa sorte ao rapaz.


      Catalau



Esse é outro que sofre com ataques, mas em proporção menor. Até porque o Golpe de Estado nunca teve a mesma popularidade que os Raimundos (Embora merecesse. Sério, a banda é sensacional). Os motivos eram basicamente os mesmos de Rodolfo. O cara levava a vida de rockstar ao pé da letra com uma vida regrada à cerveja, mulheres e, ao que dizem, drogas. Pelo menos, quando resolveu se converter, já estava fora da banda há alguns anos. Atualmente o rapaz atua como pastor da Igreja Bola de Neve. O ultimo registro fonográfico que tenho conhecimento foi o álbum Jesus Está Voltando, lançado em 2003 pelo selo Baratos Afins. E, assim como seu primeiro registro solo, dividiu opiniões entre seus antigos admiradores.


      Claudia Lino



Outro nome do rock que atua como pastora na Bola de Neve é a cantora Claudia Lino. Todo mundo que conhece rock brasileiro um pouquinho mais à fundo já ouviu falar dela. Para quem não está associando o nome à pessoa, trata-se da primeira vocalista do grupo Velhas Virgens. Manja a, não menos polêmica, faixa “Abre Essas Pernas”? Pois bem, foi ela quem gravou. Durante muitos anos, a moça provocou a platéia com performances sensuais e palavras de baixo calão. Bom... Não preciso nem dizer que isso não existe mais, né? Quer dizer, para ela, não para o Velhas hehehe


      Baby do Brasil



Outra cantora que chamava a atenção dos rapazes – pelo menos nos primeiros anos de sua carreira – era Baby do Brasil. Na época, ainda com o nome de Baby Consuelo. Com esse nome, fez parte do cultuado (e excelente) grupo Novos Baianos, com quem viveu o estilo hippie como ninguém. Depois, dominou as paradas de sucessos de todo o país, sempre com visuais extravagantes e performances divertidas. Dizem, inclusive, que a historia da letra “Barradas na Disneylandia” é real. Deu o que falar quando se apresentou grávida na (lendária) primeira edição do Rock in Rio. Vocês conseguiriam imaginar uma mulher dessas tornando-se artista gospel? Pois é, eu também não... Bom, pelo menos ela continua com seu jeito maluco beleza.


      Tim Maia



Esse entra mais como uma curiosidade mesmo. Nos anos 70, Tim gravou um álbum duplo intitulado Tim Maia Racional, baseado no livro Universo em Desencanto. Há quem diga que a Cultura Racional é uma religião, há quem diga que não (daí o motivo de colocá-lo como uma curiosidade). O fato é que o cantor mesmo não sabia explicar direito o que era. Dizia que era uma coisa pura. Depois de ver sua carreira e seu dinheiro naufragando, nosso sindico resolveu abandonar o conceito e retomar sua carreira à formula original. Durantes muitos anos, esses discos eram quase impossíveis de serem encontrados. No entanto, esses títulos foram adicionados na coleção de CD´s lançados pela Folha alguns anos atrás. Há quem cultue esses discos. Honestamente falando, acho fracos. Considero seus 4 primeiro álbuns bem superiores, mas daí é questão unicamente de gosto. Escute e tire suas próprias conclusões.