Por Davi Pascale
Talvez a garotada que acompanha o
blog por aqui não saiba muito bem quem é Pepe Bueno. O rapaz faz parte de uma
das mais cultuadas bandas da cena underground brasileira, o Tomada.
Recentemente, Pepe lançou seu segundo álbum solo, intitulado de Eu, o Estranho. E é dele que iremos
tratar hoje.
Eu, o Estranho é um trabalho bem variado, mas bem definido. A
referência é a sonoridade dos anos 60/70. A sacada é que não ficou preso à uma
das inúmeras esferas que essa cena permite. Brincou com diversas delas. Diferentes
cores, diferentes sons. Para ajudar a colorir esse universo, o baixista contou
com a ajuda de Junior Muelas (bateria) e Alberto Sabella (teclado), ambos
vindos do grupo Estação da Luz. Mais um representante do rock brazuca que entra
em uma máquina do tempo e retorna à décadas passadas para criar seu som. As
guitarras ficaram a cargo de Denny Caldeira, Edu Gomes, Pi Malandrino (Balls) e
Xande Saraiva (Baranga).
“Se Abra” começa meio na
contramão. Um tema instrumental com uma pegada jazz-rock. Muito bem trabalhado,
o título é uma homenagem ao falecido baixista da Patrulha do Espaço, Renê
Seabra. Era dele a autoria da única frase pronunciada no meio da canção: “Hey,
bro, liga o phodalizer”.
O disco segue com “Rotina”. Uma balada
altamente influenciada por Beatles e toda a magia da década de 60. Os mais
jovens irão relacioná-la aos gaúchos do Cachorro Grande. E tem a ver. O mesmo
vale para “Tudo Que Eu Queria”. Canções marcadas pelo violão folk com o teclado
ajudando a criar o clima nostálgico.
Musico chega à seu segundo disco solo |
Famoso por se apresentar com um
Rickenbacker, o músico mantém a influência dos quatro rapazes de Liverpool na
ótima “Vale Dizer”. A psicodelia corre solta em “Bem à Vista” e “Tudo O Que Eu
Queria”, com altas pitadas de Mutantes. Em “Pote de Mel”, resgata elementos do blues em riffs altamente
influenciados por Led Zeppelin. Já “O Estranho” faz jus ao título. Repleto de
experimentalismo e psicodelia, fecha o álbum em grande estilo.
Muitos têm na cabeça que disco
solo de baixista é repleto de solos, elementos fusion, técnicas de slap,
deixando a guitarra em segundo plano. Essa equação não se encaixa nesse trabalho.
Em vários momentos, a guitarra sobressai o baixo. Pepe Bueno está focando mais
seu lado compositor do que músico. Portanto, se esse é seu medo, pode embarcar nessa viagem. Se você é fã de artistas como Beatles, Mutantes, Cachorro Grande e
Donovan, tem de tudo para se identificar com esse disco. Procure dar uma
checada. O registro se encontra nas plataformas digitais.
Nota: 7,5 / 10,0
Status: Psicodélico e melódico
Faixas:
01)
Se Abra
02)
Rotina
03)
Vale Dizer
04)
Bem à Vista
05)
Última Prova
06)
Tudo o Que Eu Queria
07)
Pote de Mel
08)
O Estranho