Por Davi Pascale
Os dois primeiros álbuns do Viper
retornaram recentemente ao mercado acrescido de bônus. Material essencial para
quem quer conhecer um pouco mais a fundo a história do heavy metal brasileiro.
O Viper faz parte da primeira
leva de bandas de heavy metal em nosso país. Tudo ainda era muito precário. As
revistas, os equipamentos, as gravações. Tudo ocorria feito na base da emoção
mesmo, da empolgação, por caras que curtiam aquilo. Nessa época, muitos
provocavam os garotos chamando-os de Menudos do Heavy Metal. Menudo era uma
boyband porto-riquenha que vivia uma verdadeira febre no Brasil naquele
momento. A gozação era por conta da pouca idade dos integrantes. O cantor
deles, o hoje cultuado Andre Matos, tinha apenas 15 anos quando gravou o LP de
estreia. Os outros músicos não estavam muito distante disso.
Soldiers of Sunrise chegou ao mercado em 27 de Maio de 1987, 4 dias
após o lançamento de Keeper Of The Seven
Keys Pt I do Helloween. Muitos comparavam Andre ao Michael Kiske. O
acusavam de imitar o cantor alemão, por conta dos falsetes que fazia.
Curiosamente, não. Realmente, Kiske foi uma referencia para os cantores da
época. Mas, como disse , os dois trabalhos foram lançados com 4 dias de
diferença e os discos no Brasil, naquela época, demoravam meses para chegar por
aqui.
A sonoridade do primeiro disco é bem
crua. Soa como se os garotos tivessem tocando ao vivo dentro do estúdio. É
visível a empolgação do grupo na execução das faixas. As letras em inglês
traziam alguns deslizes no idioma. Algo que era corriqueiro nesses primeiros
conjuntos que se arriscavam a escrever fora do português (sim, a maior parte
das bandas da época escreviam em nosso idioma). O discurso a favor do Heavy
Metal surge em “H.R.” (Heavy Rock), atitude que me remete ao Manowar. Entretanto,
a influência mais visível nesse primeiro LP é de Iron Maiden mesmo. Tanto nos “o-o-o”
de “Nightmare”, como nas twin guitars ou até mesmo em diversos riffs ao redor do LP. Como presente aos fãs, os músicos incluíram a
histórica demo The Killera Sword, o
registro mais antigo do grupo que já mostrava o embrião de algumas faixas que
fariam parte do vinil. Faixas
de destaque: “Knights of Destruction”, “Wings of the Evil”, “Soldiers of
Sunrise”, “Signs of The Night” e a instrumental “Killera”.
Dois anos depois, mais precisamente em 10 de Outubro de 1989, chegava ao mercado o segundo LP dos garotos. Incrível como evoluíram tanto em tão pouco tempo. Saiu Cassio Audi e entrou Guilherme Martin, certo? Errado! Guilherme aparece na capa e nos créditos, mas quem gravou o LP foi Sergio Facci (Volkana). Guilherme fez apenas os shows da época.
Theater of Fate teve um cuidado maior desde a produção. Embora tenham gravado o material no Brasil, a mixagem foi realizada na Inglaterra. Os arranjos também já demonstravam um cuidado maior. Andre trouxe sua influencia de musica clássica para o grupo, deixando-os mais elaborados, mais sofisticados. Surgiu violão, pianos, orquestrações, mudanças de andamento mais complexas. Seu trabalho vocal também é um grande destaque do disco. Já contava aqui com um grande alcance e uma técnica mais apurada.
O som dos instrumentos estava
mais bem definido e as composições eram infinitamente superiores. Um dos
melhores trabalhos, se não o melhor, dessa primeira fase do heavy metal em
nosso país. “A Cry From The Edge” chegou a ter um clipe criado e ganhou status
de clássico, assim como a bonita balada “Living For The Night”. Outros momentos
de destaque ficam pelas não menos impactantes “At Least a Chance”, “To Live
Again”, “Prelude to Oblivion” e “Moonlight. Essas duas últimas já davam uma
dica do que Andre iria aprontar ao lado Angra 5 anos mais tarde. Como bônus da
reedição, os músicos colocaram as demos de 3 músicas do álbum. Nas demos, é
perceptível a evolução de André. As linhas vocais e os riffs de guitarra também
já estavam todos ali. Contudo, as três musicas soavam mais rápidas e mais cruas
na demo. Parece que eles deram uma desacelarada nas canções na hora de gravar o
disco. Eram mais próximas do que haviam feito no álbum anterior. Curte metal
brasileiro? Então corra e compre!
Nota: 7,5 / 10,0 (Soldiers of Sunrise)
10,0 / 10,0 (Theater of Fate)
Status:
Históricos
Faixas:
Soldiers of Sunrise:
01) Knights of Destruction
02) Nightmares
03) The Whipper
04) Wings of the Evil
05) H.R.
06) Soldiers of Sunrise
07) Signs of The Night
08) Killera (The Princess of Hell)
09) Law of the Sword
10) Law of the Sword (Demo)
11) Signs Of The Night (Demo)
12) Nightmares (Demo)
13) H.R. (Demo)
14) The Whipper (Demo)
15) Killera (The Princess of Hell)
(Demo)
Theater of Fate:
01) Illusions
02) At Least a Chance
03) To Live Again
04) A Cry From The Edge
05) Living For The Night
06) Prelude to Oblivion
07) Theatre of Fate
08) Moonlight
09) Prelude to Oblivion (Demo)
10) To Live Again (Demo)
11) At Least a Chance (Demo)