quarta-feira, 25 de maio de 2016

Viper – Soldiers of Sunrise / Theater of Fate (2013):





Por Davi Pascale

Os dois primeiros álbuns do Viper retornaram recentemente ao mercado acrescido de bônus. Material essencial para quem quer conhecer um pouco mais a fundo a história do heavy metal brasileiro.


O Viper faz parte da primeira leva de bandas de heavy metal em nosso país. Tudo ainda era muito precário. As revistas, os equipamentos, as gravações. Tudo ocorria feito na base da emoção mesmo, da empolgação, por caras que curtiam aquilo. Nessa época, muitos provocavam os garotos chamando-os de Menudos do Heavy Metal. Menudo era uma boyband porto-riquenha que vivia uma verdadeira febre no Brasil naquele momento. A gozação era por conta da pouca idade dos integrantes. O cantor deles, o hoje cultuado Andre Matos, tinha apenas 15 anos quando gravou o LP de estreia. Os outros músicos não estavam muito distante disso. 

Soldiers of Sunrise chegou ao mercado em 27 de Maio de 1987, 4 dias após o lançamento de Keeper Of The Seven Keys Pt I do Helloween. Muitos comparavam Andre ao Michael Kiske. O acusavam de imitar o cantor alemão, por conta dos falsetes que fazia. Curiosamente, não. Realmente, Kiske foi uma referencia para os cantores da época. Mas, como disse , os dois trabalhos foram lançados com 4 dias de diferença e os discos no Brasil, naquela época, demoravam meses para chegar por aqui. 

A sonoridade do primeiro disco é bem crua. Soa como se os garotos tivessem tocando ao vivo dentro do estúdio. É visível a empolgação do grupo na execução das faixas. As letras em inglês traziam alguns deslizes no idioma. Algo que era corriqueiro nesses primeiros conjuntos que se arriscavam a escrever fora do português (sim, a maior parte das bandas da época escreviam em nosso idioma). O discurso a favor do Heavy Metal surge em “H.R.” (Heavy Rock), atitude que me remete ao Manowar. Entretanto, a influência mais visível nesse primeiro LP é de Iron Maiden mesmo. Tanto nos “o-o-o” de “Nightmare”, como nas twin guitars ou até mesmo em diversos riffs ao redor do LP.  Como presente aos fãs, os músicos incluíram a histórica demo The Killera Sword, o registro mais antigo do grupo que já mostrava o embrião de algumas faixas que fariam parte do vinil. Faixas de destaque: “Knights of Destruction”, “Wings of the Evil”, “Soldiers of Sunrise”, “Signs of The Night” e a instrumental “Killera”.


Dois anos depois, mais precisamente em 10 de Outubro de 1989, chegava ao mercado o segundo LP dos garotos. Incrível como evoluíram tanto em tão pouco tempo. Saiu Cassio Audi e entrou Guilherme Martin, certo? Errado! Guilherme aparece na capa e nos créditos, mas quem gravou o LP foi Sergio Facci (Volkana). Guilherme fez apenas os shows da época. 

Theater of Fate teve um cuidado maior desde a produção. Embora tenham gravado o material no Brasil, a mixagem foi realizada na Inglaterra. Os arranjos também já demonstravam um cuidado maior. Andre trouxe sua influencia de musica clássica para o grupo, deixando-os mais elaborados, mais sofisticados. Surgiu violão, pianos, orquestrações, mudanças de andamento mais complexas. Seu trabalho vocal também é um grande destaque do disco. Já contava aqui com um grande alcance e uma técnica mais apurada. 

O som dos instrumentos estava mais bem definido e as composições eram infinitamente superiores. Um dos melhores trabalhos, se não o melhor, dessa primeira fase do heavy metal em nosso país. “A Cry From The Edge” chegou a ter um clipe criado e ganhou status de clássico, assim como a bonita balada “Living For The Night”. Outros momentos de destaque ficam pelas não menos impactantes “At Least a Chance”, “To Live Again”, “Prelude to Oblivion” e “Moonlight. Essas duas últimas já davam uma dica do que Andre iria aprontar ao lado Angra 5 anos mais tarde. Como bônus da reedição, os músicos colocaram as demos de 3 músicas do álbum. Nas demos, é perceptível a evolução de André. As linhas vocais e os riffs de guitarra também já estavam todos ali. Contudo, as três musicas soavam mais rápidas e mais cruas na demo. Parece que eles deram uma desacelarada nas canções na hora de gravar o disco. Eram mais próximas do que haviam feito no álbum anterior. Curte metal brasileiro? Então corra e compre!

Nota: 7,5 / 10,0 (Soldiers of Sunrise)
        10,0 / 10,0 (Theater of Fate)
Status: Históricos

Faixas:
Soldiers of Sunrise:
      01)   Knights of Destruction
      02)   Nightmares
      03)   The Whipper
      04)   Wings of the Evil
      05)   H.R.
      06)   Soldiers of Sunrise
      07)   Signs of The Night
      08)   Killera (The Princess of Hell)
      09)   Law of the Sword
      10)   Law of the Sword (Demo)
      11)   Signs Of The Night (Demo)
      12)   Nightmares (Demo)
      13)   H.R. (Demo)
      14)   The Whipper (Demo)  
      15)   Killera (The Princess of Hell) (Demo)

Theater of Fate:
       01)   Illusions
       02)   At Least a Chance
       03)   To Live Again
       04)   A Cry From The Edge
       05)   Living For The Night
       06)   Prelude to Oblivion
       07)   Theatre of Fate 
       08)   Moonlight
       09)   Prelude to Oblivion (Demo)
       10)   To Live Again (Demo)  
       11)   At Least a Chance (Demo)

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