sábado, 4 de julho de 2015

Retorno e Polêmica



Por Davi Pascale

Comecei a escrever sobre música, justamente por ser fã de música. Por essas e outras, acompanho de perto páginas e grupos de redes sociais dos artistas que admiro. É um modo de saber de algumas noticias em primeira mão, além de conseguir, por vezes, interagir com artistas que admiramos há algum tempo. Também é um modo de notarmos o pensamento que seus fãs têm sobre determinadas atitudes de seus ídolos. E um assunto, em especial, vem sendo bastante discutido nesses grupos. Principalmente, nas páginas do Ira! e do Camisa de Vênus. A famosa troca de lineups e o pouco caso que seus ídolos têm com sua própria história. 

Infelizmente, não temos como exigir que nossos ídolos mantenham seus integrantes para sempre. O que acontece no palco é apenas um lado da moeda. Muitas vezes, já vi músicos comentando que ter banda é como ter uma família, o que não é uma mentira. E tem uma outra questão, ter uma banda é como ter uma empresa. E quem não pensar assim, não vai para frente. Sem exceção! Por isso, todos os grandes artistas têm advogados, assessor de imprensa, empresário, etc. Todos esses profissionais estão ali para que não queimem sua imagem, prejudicando assim o retorno financeiro e, alguns deles, para tratar da questão de grana mesmo. Valores, depósitos, etc

Existem dois fatores que arruínam qualquer relação: dinheiro e mulher. E dentro da música não é diferente. Basta lermos as biografias de nossos ídolos. Sempre que um integrante começa a se destacar, começa a querer crescer em cima dos demais, começa a achar que não precisa mais da banda e se lança em carreira solo. Ou os demais músicos começam a se sentir em segundo plano e inicia o quebra-pau dentro do grupo. Não é raro acabarem falando mais do que deviam e, por vezes, partirem para agressão física em cima de seus companheiros de estrada. Temos aí o início do fim. Outra questão é mulher. Não é raro, o rapaz começar a levar sua esposa nas turnês e a garota começar a interferir nas decisões e podar certas atitudes. Isso quando não resolve pular a cerca com outro músico. Sim, já aconteceu isso na história do rock algumas vezes. Pode acrescentar aí, abuso de álcool e drogas. Muitas vezes, o vício chega a tal ponto que começa a afetar a performance. Daí, entra o famoso quebra-pau. Essas são as principais razões para que um grupo vá pro espaço!

Parte dos fãs não aceita nova tour do Camisa de Vênus

O grande problema, dos dois grupos em questão, é a forma como tudo aconteceu. No caso deles, não foi aquele lance de mudar a formação para se manterem na estrada. Os grupos estavam na geladeira. E suas atitudes são realmente polêmicas. Quem já leu a biografia do Nasi, sabe que o principal problema de relacionamento dentro do grupo era o relacionamento do cantor com o guitarrista Edgard Scandurra (item mulher), além do empresariamento. Também não é segredo, para quem leu o livro, que Nasi não gostava do André Jung enquanto músico, mas sempre será questionável se Edgard deveria ter aceito retomar as atividades nessas circunstâncias. Querendo ou não, o rapaz nunca abandonou o grupo e gravou todos os discos do Ira! Por mais que seja fã do Nasi, acredito também que não deveria ficar falando na mídia que acha André um péssimo músico. É um desrespeito não apenas com o rapaz, mas com seus fãs e com sua própria trajetória. 

No caso do Camisa, teve discussão feia por causa de grana, onde rolou até processo judicial. Os músicos resolveram retomar as atividades sem Marcelo Nova (que não topou a parada) alguns anos atrás e o cantor meteu um processo nos caras, assim que lançaram um disco, alegando que não poderiam utilizar o nome. Independente de ter ou não razão (nome de banda possui registro e sempre tem alguém que é responsável por ele) é nítido que não possuem mais clima para tocarem juntos. Se a banda se reunisse hoje, não passaria de dois shows. Uma vez que só tem ele e o baixista Roberio Santana, e a banda por trás é a banda solo do Marcelo, venderia o show como “Marcelo Nova celebra 35 anos de Camisa de Vênus” e anunciaria o rapaz como uma participação especial. É verdade que as demais reuniões do grupo também não contaram com a volta de todos os músicos, mas não tinha essa inimizade explícita, que é algo que joga contra a história da banda. Deixaria a história como está e deixava as pedras rolarem...

Agora... Não adianta ficar entrando nas páginas dos músicos e ficar escrevendo quem deveria voltar,  ficar xingando os caras. Sempre existe uma razão para aquele alguém não estar ali e também sempre existe uma razão para que tal pessoa tenha sido escolhida para substituí-lo. Já vi diversas situações chatas por conta de não aceitação. Músicos sendo vaiados, sendo tratados com indiferença pelos fãs, galera virando as costas quando o cara vai falar com eles. A pessoa que entrou no lugar não tem nada a ver com o problema de antes. Entendo não gostarem da situação, mas se não concordam com a situação atual, se acreditam ser uma ofensa, a única coisa que você pode fazer é não acompanhar. Não compre o novo disco, não vá aos shows. No meu caso, continuo acompanhando o trabalho do Ira! e do Marcelo, por mais que não concorde com algumas atitudes, mas daí vai de cada um. Por sua conta e risco...