Por Davi Pascale
Grupo gaúcho volta à cena
independente. Com formação mais enxuta, o grupo diminui também o deboche, as
experimentações, as guitarras e lança disco morno.
No inicio dos anos 2000, parecia
que grupos como Cachorro Grande e Bidê Ou Balde finalmente colocariam o rock
gaucho de volta às paradas. Já fazia um bom tempo que não surgia um nome com
projeção nacional vindo daqueles lados. Embora, alguns grandes nomes tenham
vindo de lá na cena BRock, como Engenheiros do Hawaii e Nenhum de Nós, artistas
respeitadíssimos e de grande talento como Acusticos & Valvulados, Rosa
Tattooada, Nei Van Soria e Cidadão Quem passariam batido do grande publico nas
décadas seguintes.
Bidê ou Balde sempre foi uma
banda criativa e irreverente. Mesmo em sua irreverência, foram diferenciados.
As letras irônicas e engraçadinhas não tinham a mesma malícia de um grupo como
Camisa de Vênus e Raimundos. Era mais inocente, porém não menos inteligente.
Para quem não conhece ter uma idéia, seria algo mais próximo da Blitz. Havia
ainda mais duas semelhanças com o grupo de Evandro Mesquita que seriam a
formação grande e o uso de backing vocals femininos. Entretanto, sempre soaram
mais rock. O grupo de Carlinhos Carneiro deixava evidente em seus arranjos
influência de Weezer, Blur e afins.
Grupo retorna com formação reduzida e sonoridade mais polida |
Em Eles São Assim e Assim Por Diante, os rapazes se aproximam de uma
sonoridade mais pop. Não que não tenham sido pop no passado, mas está mais
descarado. O volume das guitarras diminuiu, as experimentações diminuíram ainda
mais. A impressão que dá é que a banda está abatida, sem tesão. Não sei qual é
a realidade dos músicos hoje, mas é nítido que passaram por dificuldade nesses
anos todos. Se em Sexo É o Que Importa,
o Rock É Sobre Amor, o grupo era formado por 7 integrantes, transformaram-se
agora em um quarteto.
O disco não é ruim, apresenta
bons momentos, mas não é empolgante. Várias composições como “Eles São Assim”, “Ontem
Percebi Que Te Amo Ainda” e “João da Silva” soam arrastadas, mortas, sem brilho.
Longe daquela alegria costumeira em seus trabalhos. Há, entretanto, alguns
ótimos momentos que nos remetem aos velhos tempos como “Coisinhas Nojentas de
Amor”, “Me Deixa Desafinar” e “Lucinha”. De bônus, trazem uma releitura da
(ótima) canção “Mesmo Que Mude” com a participação do grande músico Renato
Borghetti. Ficou bacana, mas abaixo da versão original.
O trabalho foi lançado de forma
independente e ainda está em catálogo. Quem é fã, vale uma conferida. Sempre
vale, né? Quem nunca ouviu a banda, recomendo começar pelo (ótimo) Outubro ou Nada.
Nota: 6,0/10,0
Status: Morno
Faixas:
01) +
Q 1 Amigo
02) Prolog
(vinheta)
03) Coisinhas
Nojentas de Amor
04) João
da Silva
05) Mesma
Cidade
06) Tudo
Funcionando Direito
07) Intervall
(vinheta)
08) Me
Deixa Desafinar
09) Lucinha
10) Eu
Quero Morar em Marte
11) Ontem
Percebi Que Te Amo Ainda
12) Melhores
Veteranos
13) Sturm
Und Tal (vinheta)
14) Eles
São Assim
15) Epilog
(vinheta)
16) Mesmo
que Mude (Bonus)