segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Paul Stanley: Curiosidades sobre seu primeiro álbum solo





Por Davi Pascale

Em 1978, o grupo norte-americano Kiss fez uma jogada que até então ninguém tinha feito. Cada um de seus integrantes gravou um álbum solo, até aí tranqüilo. O que ninguém havia tentado até então, era lançar os 4 discos simultaneamente. E foi o que aconteceu. Exatamente, as lojas receberam os 4 titulos no mesmo dia. A decisão de gravá-los foi tomada como uma tentativa de amenizar as crises internas e diminuir as constantes reclamações de Ace e Peter que diziam não terem a mesma liberdade criativa que Gene e Paul tinham na criação dos discos. Com cada um fazendo seu disco, era o momento de cada músico demonstrar seu real valor. Um dos mais aguardados era o do starchild, ou seja, Paul Stanley.


O álbum do rapaz talvez seja o que mais se aproxime da sonoridade do Kiss. Se bem que não considero o de Ace Frehley muito distante da sonoridade dos mascarados. Acho as músicas do spaceman bem próximas das composições de sua autoria que foram inseridas nos álbuns do conjunto. Se você escuta “Rip It Out” e emenda “Shock Me” no CD player, ao menos para mim, é nítida que nasceu da mesma mente. Entretanto, não havia como negar que existia uma liberdade maior. Quando alguém compunha uma musica para a banda, quase sempre sofria modificações de seus parceiros. Até hoje, Peter Criss reclama das alterações em “Baby Driver”, mas não era somente nas composições dele que isso ocorria. Quando se gravava sozinho, não existia a necessidade de adaptar suas canções à linguagem do grupo. Simplesmente gravava como haviam sido concebidas e pronto! 


Quem coleciona Kiss, deve conhecer as versões demo de “Tonight You Belong to Me”, “Wouldn´t You Like to Know Me” e “Take Me Away (Together As One)”. Se prestar atenção, ficará nítido que não há grandes mudanças nelas. Nem nos arranjos, nem nas letras. Essas faixas correm soltas por aí com o nome de “alternate mix”.


Suas maiores experimentações ficaram pelo modo de gravar sua guitarra. Stanley utilizou alguns procedimentos que não eram comuns nos trabalhos de seu conjunto principal. Utilizou, por exemplo, o E Bow, um arco manual elétrico que cria uma sonoridade totalmente distinta. O aparelho faz com que sua guitarra não soe como uma guitarra. Em “Tonight You Belong to Me”, por exemplo, todos imaginavam que havia um teclado ali. Na verdade, era nosso famoso E Bow. No Kiss, a única faixa que me recordo de terem utilizado esse recurso foi na faixa “Love Gun”. E mesmo assim, de uma maneira bem mais discreta. Outro recurso que utilizou e que não era usado nos demais álbuns que havia gravado era o trastejador. E não parava por aí, Paul utilizou um método totalmente diferente de afinação. Deixou sua guitarra com afinação aberta em sol. Com isso, o mi tornava-se ré. E para completar, arrancou fora a corda Mi(zinha), deixando o instrumento com apenas 5 cordas. Dois amplificadores foram utilizados: um Gallien-Krueger em “It´s All Right” e um Marshall no resto do álbum.


Nas vendagens, Stanley ficou atrás de Ace Frehley e Gene Simmons

Os álbuns contavam com varias participações. As mais notáveis, no caso de Paul Stanley, eram o lendário baterista Carmine Appice em “Take Me Away (Together As One)”, o baixista Steve Buslowe (que 2 anos depois participaria do álbum “Worlds Apart” do Blackjack, grupo que fazia parte o futuro guitarrista Bruce Kulick) e o guitarrista Bob Kulick, irmão de Bruce. O rapaz já havia participado das gravações das 5 faixas inéditas do Alive II e futuramente participaria da primeira turnê solo de Paul Stanley, realizada em 1988. Essa, aliás, era a prova de que havia uma disputa entre os dois lideres já que Gene Simmons quis que o rapaz participasse também de seu disco solo e Stanley proibiu.


Ao contrario de Gene e Ace que utilizariam produtores que já haviam trabalhado com o Kiss (Sean Delanney e Eddie Kramer, respectivamente), Paul decidiu trazer alguém de fora. O escolhido foi Jeff Glixman, conhecido por seus álbuns com o Kansas. A parceria, entretanto, não funcionou bem e o rapaz acabou contando como co-produtor de 4 musicas apenas. As outras 5, Stanley produziu sozinho. O disco foi gravado em 3 estudios diferentes: Electric Lady (em Nova Iorque), Village Recorder e Record Plant (ambos em Los Angeles).


Contrariando as expectativas, o disco de Paul Stanley, mesmo sendo o musico mais talentoso do Kiss (pelo menos, na minha opinião) não emplacou. E contrariando ainda mais as expectativas, o disco solo de Ace Frehley (considerado por muitos, o pior vocalista dos 4) foi o que mais teve sucesso. Parece que o êxito obtido pelo spaceman mexeu um pouquinho com o ego da dupla Simmons e Stanley que sempre se consideraram os principais compositores, mas isso é papo para outro post...


Faixas:

      01)   Tonight You Belong to Me
      02)   Move On
      03)   Ain´t Quite Right
      04)   Wouldn´t You Like to Know Me?
      05)   Take Me Away (Together As One)
      06)   It´s Alright
      07)   Hold Me, Touch Me
      08)   Love In Chains
      09)   Goodbye