domingo, 8 de novembro de 2015

As Guerras do Jardim de Infância Metaleiro

Por Rafael Menegueti

Max Cavalera voltou a falar do Sepultura nessa semana
Nas últimas semanas eu tenho reparado num crescente número de notícias em sites relacionados ao rock e metal a respeito dos mais diversos tipos de intriguinhas envolvendo artistas do gênero. Um festival de declarações de artistas renomados colocando banda contra banda, artista contra artista, banda contra ex-membros, e outras coisas do gênero. E o que mais me intriga é a infantilidade e futilidade de tudo isso.

Vejam se eu estou errado. Só nos últimos dias tivemos, por exemplo: Rob Dukes insultando seus ex-companheiros de Exodus e afirmando que o novo material da banda é uma “merda”; Dave Mustaine postando um vídeo esculachando um técnico de guitarra do Megadeth recém demitido; Felipe Andreoli, do Angra, em um vídeo na internet cutucando André Matos a respeito de questões financeiras, e sendo cutucado de volta por Hugo Mariutti no Facebook; e Max Cavalera, mais uma vez, desmerecendo o Sepultura. Agora eu te pergunto, quem ganha com isso? Isso adianta alguma coisa? Obvio que esse tipo de coisa não vem de hoje, mas o problema é o modo como essas coisas são tratadas atualmente.

Em tempos de internet cada vez mais interativa, onde pessoas trocam constantemente informações e opiniões sobre tudo e qualquer coisa em redes sociais, vivemos uma realidade onde cada vez mais os conflitos ganham proporções maiores do que as vezes é necessário. Estamos numa época de “haters”. Pessoas idiotas que usam a internet pra expor opiniões desnecessárias com o único propósito de aparecer e provocar aqueles que discordam de sua “verdade”. No fundo de tudo isso, impera uma imensa falta de maturidade e um egocentrismo sem tamanho. Não é difícil imaginar que tais atitudes, tão imaturas quanto, por parte dos músicos, venham a desencadear mais discussões tão inúteis quanto secar uma pedra de gelo.

Felipe Andreoli cutucou André Matos quando questionado sobre  banda não estar no Spotify
O único lado que parece se beneficiar dessa imensa bobagem são os portais e sites de notícia sobre rock, que se deliciam com manchetes sensacionalistas, às vezes até distorcendo o sentido do que foi dito para atrair ainda mais os cliques e acessos. Sem falar nas entrevistas cheias de perguntas com iscas buscando esse tipo de declaração bombástica dos artistas, mas isso já é outro papo.

A questão é que, quando esse tipo de intriga boba aparece, me fica uma impressão de que muitas vezes os artistas fazem isso mais por uma disputa de ego do que para realmente resolver algum problema ou diferença. Fica mais fácil jogar para a galera do “tribunal da internet” digladiar entre si do que resolver a diferença cara a cara. É cada um jogando os haters contra o outro.

Vejamos os casos das bandas nacionais citadas, por exemplo. Não é muito mais fácil os atuais e antigos membros do Angra se sentarem e discutirem essas questões entre eles, sem a exposição que só joga fã contra fã? Não seria mais simples Max Cavalera simplesmente seguir seu rumo e permitir que os seus ex-companheiros de Sepultura seguissem os deles sem precisar causar a inútil e velha discussão do “Sepultura antes X Sepultura depois” (que nunca leva a lugar nenhum, já que cada um tem uma opinião sobre isso)? Mas não, eles seguem inflando seus egos e deixando a porrada pros outros, fazendo a alegria dos portais fuxiqueiros de metal e não resolvendo absolutamente nada. E isso é algo que simplesmente não dá pra entender.