quinta-feira, 25 de setembro de 2014

RPM 2002: A quase volta do RPM



Por Davi Pascale

Em 2002, o grupo RPM soltou no mercado um CD/DVD ao vivo, realizado em pareceria com a MTV. O projeto trazia velhas canções em arranjos semi-acústicos, faixas inéditas e releituras de outros artistas. Os shows inovavam em tecnologia e os rapazes emplacaram uma faixa em um programa do canal de TV mais popular do Brasil. Tudo parecia ir muito bem, mas o tempo demonstraria que isso não era verdade.

Depois de se envolver em uma bem-sucedida carreira romântica, o cantor Paulo Ricardo retornava com o RPM. Havia quem apostasse no retorno, havia quem acreditasse que o tempo já havia passado para eles. Fui um dos que acreditaram. Cheguei, inclusive, à assisti-los no Olympia na época de divulgação do álbum. Não tinha tido a chance de assisti-los no auge do sucesso e sempre fui fã do grupo. Sem contar que o retorno do Capital Inicial alguns anos antes demonstrava que esse papo de ‘já passou o tempo’ é questionável. Disseram a mesma coisa deles quando anunciaram o lançamento de Atrás dos Olhos em 1999 e estavam cada vez mais fortes.

Nas entrevistas, os músicos declaravam que a volta não era temporária. Que haviam topado retornar o grupo desde que fosse para valer, para seguir lançando material inédito e que esse projeto com a MTV era apenas o primeiro capítulo de uma nova etapa. O especial com a MTV foi excelente. Bem profissional. Ótimos arranjos, ótimo trabalho vocal de Paulo. As canções inéditas demonstravam que ainda tinham lenha para queimar. Dentre essas, minhas preferidas sempre foram a balada “Fatal” e o rock “Rainha” (faixa que havia sido criada em cima de uma antiga canção de Luiz Schiavon. “Girl”, de seu extinto Projeto S).

Assim como nos anos 80, apostaram em trazer novos recursos visuais à suas apresentações. Na época do cultuado Rádio Pirata, os músicos deram o que falar pelo fato de incluírem gelo seco e raio laser em seus shows. Tecnologias que era comum assistirmos em VHS´s de nossos ídolos internacionais, mas que no Brasil era algo inimaginável. Nessa ocasião, as apostas foram o uso de uma orquestra e de recurso 3D nos telões. Mais uma vez, algo que já havia sido feito com artistas internacionais, mas que não havia ocorrido ainda no Brasil. As apresentações, como não poderiam deixar de ser, eram extremamente profissionais.

Registro marcava retorno do Paulo Ricardo ao rock

O RPM começava a conquistar uma nova legião de fãs por conta do sucesso de “Vida Real”, trilha sonora do sucesso televisivo Big Brother Brasil. Nos shows, misturava-se gente que havia acompanhado o grupo no auge do sucesso com adolescentes que pela primeira vez na vida estavam vendo um Paulo Ricardo roqueiro. Tudo parecia ir muito bem até que resolveram entrar em estúdio para trabalhar em um novo material.

Os fãs começaram a estranhar a demora. Depois de uma turnê bem sucedida, não se ouvia falar mais nada sobre o conjunto. Começou a inevitável pergunta: Teriam eles terminado novamente? Logo, saberíamos que sim. Como um bom grupo de rock, não terminou de maneira pacifica. Os músicos se dividiram e polêmicas vieram à tona. Schiavon e Deluqui publicaram uma carta aberta alegando não conseguirem entrar em acordo com o líder do grupo. A carta trazia fortes acusações. Entre elas, de que o cantor havia registrado a marca RPM em seu nome sem consultá-los. Paulo uniu-se à P.A. e criou o PR.5. Nas entrevistas, declarava que a dificuldade era entrar em acordo de como deveriam soar. Ele e P.A. queriam vir com uma nova sonoridade, fazendo algo mais moderno, e os demais companheiros queriam um álbum nostálgico.

Dizem que antes de se separarem (novamente), o grupo chegou a gravar algumas faixas que permanecem inéditas. No momento, os rapazes estão vivendo um novo retorno e prometem um novo DVD e um novo álbum de inéditas em breve. Mais uma vez, estou acreditando nos rapazes. Até porque já passaram por uma prova de fogo ao concluírem o Elektra. A dúvida sobre o tal material inédito permanece. Tendo como base as faixas inéditas desse disco ao vivo, prometia ser bem interessante. Na ocasião, a volta deles bateu na trave. Vamos ver se agora dura...