Por Davi Pascale
Em 2002, o grupo RPM soltou no
mercado um CD/DVD ao vivo, realizado em pareceria com a MTV. O projeto trazia
velhas canções em arranjos semi-acústicos, faixas inéditas e releituras de
outros artistas. Os shows inovavam em tecnologia e os rapazes emplacaram uma
faixa em um programa do canal de TV mais popular do Brasil. Tudo parecia ir
muito bem, mas o tempo demonstraria que isso não era verdade.
Depois de se envolver em uma
bem-sucedida carreira romântica, o cantor Paulo Ricardo retornava com o RPM.
Havia quem apostasse no retorno, havia quem acreditasse que o tempo já havia
passado para eles. Fui um dos que acreditaram. Cheguei, inclusive, à
assisti-los no Olympia na época de divulgação do álbum. Não tinha tido a chance
de assisti-los no auge do sucesso e sempre fui fã do grupo. Sem contar que o
retorno do Capital Inicial alguns anos antes demonstrava que esse papo de ‘já
passou o tempo’ é questionável. Disseram a mesma coisa deles quando anunciaram
o lançamento de Atrás dos Olhos em
1999 e estavam cada vez mais fortes.
Nas entrevistas, os músicos declaravam
que a volta não era temporária. Que haviam topado retornar o grupo desde que
fosse para valer, para seguir lançando material inédito e que esse projeto com a
MTV era apenas o primeiro capítulo de uma nova etapa. O especial com a MTV foi
excelente. Bem profissional. Ótimos arranjos, ótimo trabalho vocal de Paulo. As
canções inéditas demonstravam que ainda tinham lenha para queimar. Dentre
essas, minhas preferidas sempre foram a balada “Fatal” e o rock “Rainha” (faixa
que havia sido criada em cima de uma antiga canção de Luiz Schiavon. “Girl”, de
seu extinto Projeto S).
Assim como nos anos 80, apostaram
em trazer novos recursos visuais à suas apresentações. Na época do cultuado Rádio Pirata, os músicos deram o que
falar pelo fato de incluírem gelo seco e raio laser em seus shows. Tecnologias
que era comum assistirmos em VHS´s de nossos ídolos internacionais, mas que no
Brasil era algo inimaginável. Nessa ocasião, as apostas foram o uso de uma
orquestra e de recurso 3D nos telões. Mais uma vez, algo que já havia sido
feito com artistas internacionais, mas que não havia ocorrido ainda no Brasil.
As apresentações, como não poderiam deixar de ser, eram extremamente
profissionais.
Registro marcava retorno do Paulo Ricardo ao rock |
O RPM começava a conquistar uma
nova legião de fãs por conta do sucesso de “Vida Real”, trilha sonora do
sucesso televisivo Big Brother Brasil. Nos shows, misturava-se gente que havia
acompanhado o grupo no auge do sucesso com adolescentes que pela primeira vez
na vida estavam vendo um Paulo Ricardo roqueiro. Tudo parecia ir muito bem até
que resolveram entrar em estúdio para trabalhar em um novo material.
Os fãs começaram a estranhar a
demora. Depois de uma turnê bem sucedida, não se ouvia falar mais nada sobre o
conjunto. Começou a inevitável pergunta: Teriam eles terminado novamente? Logo,
saberíamos que sim. Como um bom grupo de rock, não terminou de maneira pacifica.
Os músicos se dividiram e polêmicas vieram à tona. Schiavon e Deluqui
publicaram uma carta aberta alegando não conseguirem entrar em acordo com o
líder do grupo. A carta trazia fortes acusações. Entre elas, de que o cantor
havia registrado a marca RPM em seu nome sem consultá-los. Paulo uniu-se à P.A.
e criou o PR.5. Nas entrevistas, declarava que a dificuldade era entrar em
acordo de como deveriam soar. Ele e P.A. queriam vir com uma nova sonoridade, fazendo algo mais moderno, e os
demais companheiros queriam um álbum nostálgico.
Dizem que antes de se separarem (novamente), o
grupo chegou a gravar algumas faixas que permanecem inéditas. No momento, os
rapazes estão vivendo um novo retorno e prometem um novo DVD e um novo álbum de
inéditas em breve. Mais uma vez, estou acreditando nos rapazes. Até porque já
passaram por uma prova de fogo ao concluírem o Elektra. A dúvida sobre o tal material inédito permanece. Tendo como base as faixas inéditas desse disco ao vivo, prometia ser bem interessante. Na ocasião, a volta deles bateu na trave. Vamos ver se agora dura...
Nenhum comentário:
Postar um comentário