quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Sepultura & Tambour du Bronx – Metal Veins: Alive At Rock In Rio (2014)





Por Davi Pascale

Acaba de chegar às lojas brasileiras a apresentação que o grupo mineiro Sepultura realizou na quinta edição do festival Rock In Rio. Essa foi a quarta vez que se apresentaram na versão brasileira do festival e a segunda ao lado do grupo francês Les Tambour du Bronx. Lançado em CD e DVD, a apresentação traz os rapazes se arriscando em um novo caminho em uma performance contagiante.

Uma das maiores dificuldades que existe para um grupo é se manter relevante durante os anos. E a história piora um pouquinho se for um artista de heavy metal. Muitas vezes, para que consigam atravessar gerações no topo, é necessário alterações no som e, até mesmo, na imagem. Metallica é um bom exemplo. E o público headbanger costuma ser altamente conservador. Qualquer pequena mudança é o suficiente para que seus fãs tachem o artista de vendido e virem as costas. Mais uma vez, Metallica é um bom exemplo.

Comecei a acompanhar o grupo ainda criança. Mais precisamente na época do Arise. Sendo assim, tenho enorme carinho pela fase Max. Contudo, não dá para dizer que a banda acabou após a saída de Max, nem após a saída de Iggor. Embora os irmãos Cavalera tenham enorme respeito (com razão) do público e da imprensa e durante um bom tempo tenham sido vistos como as figuras principais da banda, o guitarrista Andreas Kisser tornou-se um nome importante no grupo no decorrer dos anos. Além disso, foi inteligente o suficiente para transformar seu nome em uma marca quase tão forte quanto o nome da banda, o que ajuda a manterem o interesse nas novas propostas do grupo. Derrick Green foi outro que marcou território e conquistou inúmeros fãs.

Sepultura entrega apresentação pesada, contagiante e com poucos clássicos

Na edição de 2011, haviam demonstrado pela primeira vez a inusitada parceria. Participando do Palco Sunset, causaram estardalhaço nas redes sociais, onde os fãs demonstravam indignação em presenciarem o maior nome do metal brasileiro apresentando-se em um palco secundário, enquanto um grupo menor (porém competente) como o Gloria apresentava-se no palco principal. Andreas explicou depois que havia sido uma opção deles já que o tal palco era uma abertura para experimentações e queriam fazer algo diferente. Ainda acho que com o Sepultura caindo fora, a oportunidade deveria ter sido dada ao Korzus, mas voltando... A parceria foi bem falada e os caras resolveram fazer uma nova apresentação para que pudessem registrar o acontecimento. Nada melhor do que no festival onde tudo começou. E agora no Palco Mundo...

Gravado em 19 de Setembro, quando dividiam o palco com o Metallica, o quarteto subiu ao palco ao lado de 16 percussionistas para demonstrar o porquê que seu heavy metal cruzou fronteiras e ganhou respeito fora do país. Os músicos demonstravam a energia e o profissionalismo de sempre em um set que durou aproximadamente 1 hora. No repertório, canções do Tambour du Bronx, canções do Sepultura e um cover do Prodigy. Quando o metal industrial estava em seu age na década de 90, muitos troos torceram o nariz para o gênero. Agora tiveram que aturar um de seus ídolos interpretando uma canção daqueles que os xiitas tanto adoravam falar mal. É meus amigos, o mundo dá voltas. O Sepultura trouxe 7 canções de sua respeitável discografia. 4 da fase Max e 3 da fase Derrick. Como já deu para notar, não é um show calcado nos classicões, embora alguns deles estejam presentes. 

Eloy Casagrande demonstra ser um ótimo músico, mas sua bateria é mais reta e possui menos viradas do que as de Iggor Cavalera. Andreas também se destaca com sua guitarra criativa em uma performance extremamente segura. As percussões dos franceses funcionou legal. Deu uma encorpada na música. Deu uma cara meio Slipknot (outra banda que a galera adora criticar). Não sei como são as canções originais do Tambour du Bronx, mas com os arranjos apresentados aqui, não distorceram do restante do set. Dentre essas, minha favorita é “Delirium”. O show é intrigante. Os caras fizeram uma apresentação pesada, utilizando-se de novos elementos, mas sem deixar de ser o velho Sepultura. Tarefa para poucos. Nessa mesma edição, rolou uma apresentação (não menos polêmica) ao lado do músico Zé Ramalho. Será que esse registro chegará às lojas também? Tomara que sim...

Nota: 9,0 / 10,0
Status: Profissional e empolgante

Faixas:
      01)   Kaiowas
      02)   Spectrum
      03)   Refuse/Resist
      04)   Sepulnation
      05)   Delirium
      06)   Fever
      07)   We´ve Lost You
      08)   Firestarter
      09)   Requiem
      10)   Structure Violence
      11)   Territory
      12)   Big Hands
      13)   Roots Bloody Roots