Por Davi Pascale
Acaba de chegar às lojas brasileiras a apresentação que o grupo mineiro
Sepultura realizou na quinta edição do festival Rock In Rio. Essa foi a quarta
vez que se apresentaram na versão brasileira do festival e a segunda ao lado do
grupo francês Les Tambour du Bronx. Lançado em CD e DVD, a apresentação traz os
rapazes se arriscando em um novo caminho em uma performance contagiante.
Uma das maiores dificuldades que existe para um grupo é se manter
relevante durante os anos. E a história piora um pouquinho se for um artista de
heavy metal. Muitas vezes, para que consigam atravessar gerações no topo, é
necessário alterações no som e, até mesmo, na imagem. Metallica é um bom exemplo.
E o público headbanger costuma ser altamente conservador. Qualquer pequena
mudança é o suficiente para que seus fãs tachem o artista de vendido e virem as
costas. Mais uma vez, Metallica é um bom exemplo.
Comecei a acompanhar o grupo ainda criança. Mais precisamente na época
do Arise. Sendo assim, tenho enorme
carinho pela fase Max. Contudo, não dá para dizer que a banda acabou após a
saída de Max, nem após a saída de Iggor. Embora os irmãos Cavalera tenham
enorme respeito (com razão) do público e da imprensa e durante um bom tempo
tenham sido vistos como as figuras principais da banda, o guitarrista Andreas
Kisser tornou-se um nome importante no grupo no decorrer dos anos. Além disso,
foi inteligente o suficiente para transformar seu nome em uma marca quase tão
forte quanto o nome da banda, o que ajuda a manterem o interesse nas novas
propostas do grupo. Derrick Green foi outro que marcou território e conquistou inúmeros
fãs.
Sepultura entrega apresentação pesada, contagiante e com poucos clássicos |
Na edição de 2011, haviam demonstrado pela primeira vez a inusitada
parceria. Participando do Palco Sunset, causaram estardalhaço nas redes sociais,
onde os fãs demonstravam indignação em presenciarem o maior nome do metal
brasileiro apresentando-se em um palco secundário, enquanto um grupo menor
(porém competente) como o Gloria apresentava-se no palco principal. Andreas
explicou depois que havia sido uma opção deles já que o tal palco era uma
abertura para experimentações e queriam fazer algo diferente. Ainda acho que
com o Sepultura caindo fora, a oportunidade deveria ter sido dada ao Korzus,
mas voltando... A parceria foi bem falada e os caras resolveram fazer uma nova
apresentação para que pudessem registrar o acontecimento. Nada melhor do que no
festival onde tudo começou. E agora no Palco Mundo...
Gravado em 19 de Setembro, quando dividiam o palco com o Metallica, o
quarteto subiu ao palco ao lado de 16 percussionistas para demonstrar o porquê
que seu heavy metal cruzou fronteiras e ganhou respeito fora do país. Os
músicos demonstravam a energia e o profissionalismo de sempre em um set que durou aproximadamente
1 hora. No repertório, canções do Tambour du Bronx, canções do Sepultura e um
cover do Prodigy. Quando o metal industrial estava em seu age na
década de 90, muitos troos torceram o nariz para o gênero. Agora tiveram que
aturar um de seus ídolos interpretando uma canção daqueles que os xiitas tanto
adoravam falar mal. É meus amigos, o mundo dá voltas. O Sepultura trouxe 7 canções de sua respeitável discografia. 4 da fase
Max e 3 da fase Derrick. Como já deu para notar, não é um show calcado nos classicões, embora alguns deles estejam presentes.
Eloy Casagrande demonstra ser um ótimo músico, mas sua
bateria é mais reta e possui menos viradas do que as de Iggor Cavalera. Andreas
também se destaca com sua guitarra criativa em uma performance extremamente
segura. As percussões dos franceses funcionou legal. Deu uma encorpada na
música. Deu uma cara meio Slipknot (outra banda que a galera adora criticar).
Não sei como são as canções originais do Tambour du Bronx, mas com os arranjos
apresentados aqui, não distorceram do restante do set. Dentre essas, minha
favorita é “Delirium”. O show é intrigante. Os caras fizeram uma apresentação
pesada, utilizando-se de novos elementos, mas sem deixar de ser o velho
Sepultura. Tarefa para poucos. Nessa mesma edição, rolou uma apresentação (não
menos polêmica) ao lado do músico Zé Ramalho. Será que esse registro chegará às
lojas também? Tomara que sim...
Nota: 9,0 / 10,0
Status: Profissional e empolgante
Faixas:
01)
Kaiowas
02)
Spectrum
03)
Refuse/Resist
04)
Sepulnation
05)
Delirium
06)
Fever
07)
We´ve Lost
You
08)
Firestarter
09)
Requiem
10)
Structure
Violence
11)
Territory
12)
Big Hands
13)
Roots
Bloody Roots