domingo, 16 de julho de 2017

Judas Priest – Turbo 30 (2017):



Por Davi Pascale

Esse é um disco que costuma ser bem malhado entre os seguidores mais radicais. Durante anos, deixei de lado por conta de todas as críticas em cima do mesmo. Quando adquiri meu LP alguns anos atrás, me arrependi amargamente de não ter corrido atrás antes. A verdade, meus amigos, é que Turbo é sim, um bom álbum.

O polêmico trabalho chegou às lojas em 1986. Heavy metal estava com tudo. Judas Priest estava com tudo. MTV estava com tudo. Alguns fatos marcantes, que certamente influenciaram o conteúdo do álbum, foram a criação do questionável selo Parental Advisory, a participação deles no histórico Live Aid e a morte do parceiro de Rob Halford.

O heavy metal começava a seguir novos caminhos. Um deles era o famoso hair metal. À grosso modo, grupos que usavam visuais espalhafatosos e faziam um som que cruzava elementos do heavy com o pop. Tinham uma sonoridade mais light. E isso acabou influenciando um pouco o som do Priest aqui. Inicialmente, esse seria um LP duplo. A parte mais comercial virou o Turbo, o resto do material tornou-se o Ram It Down.

Em termos de arranjos, não era tão distante das faixas mais comerciais que apareciam em seus mais recentes álbuns até então. A maior diferença era realmente no método de gravação, explorando as synth guitars, explorando mais os triggers. Entretanto, haviam varias canções fortes. Caso de “Locked In”, “Parental Guidance” (escrita sobre o tal selo) e “Rock You All Around The World”. Outra faixa que gosto bastante é “Reckless”. Embora seja a mais lembrada, considero “Turbo Lover” a pior do disco.

Rob Halford passava por um período delicado. Usando e abusando das drogas (leia-se cocaína), o rapaz perdeu seu namorado depois de uma briga com o garoto que acabou se matando com um tiro na sua frente. É compreensível ele estar numa fase mais sentimental e acredito que isso tenha influenciado o novo direcionamento das letras, onde abordavam com maior ênfase temas como amor e relacionamento.



Essa edição de 30 anos também traz um show da turnê na integra. Quem acompanha a banda há algum tempo, certamente já ouviu o LP Priest...Live em algum momento da sua vida. Mesma tour, mesma pegada. A diferença é que temos algumas músicas a mais aqui. O Judas nunca deixou a desejar no palco e aqui não é diferente. Instrumental extremamente consistente, Halford cantando o diabo. O único senão é que achei o som da bateria tão magro quanto o do álbum, mas a performance é excelente.

Resumo da história. Turbo é um trabalho bacana, com ótimas canções. Certamente, não é o trabalho indicado como porta de entrada. Não é um álbum que defina o som da banda. É o contrário. É onde os músicos tentavam ir um pouco além do que esperavam deles. Para quem já conhece bem o trampo deles, vale a pena se aventurar ou dar uma nova chance (dependendo do caso). E, sim, essa edição tripla saiu no Brasil e está bem fácil de encontrar. Lançamento bem interessante...

Nota: 8,0 / 10,0
Status: Polêmico, mas satisfatório

Faixas:
CD 1:
      01)   Turbo Lover
      02)   Locked In
      03)   Private Property
      04)   Parental Guidance
      05)   Rock You All Around The World
      06)   Out In The Cold
      07)   Wild Nights, Hot & Crazy Days
      08)   Hot For Love
      09)   Reckless

CD 2:
      01)   Out In The Cold
      02)   Locked In
      03)   Heading Out To The Highway
      04)   Metal Gods
      05)   Breaking The Law
      06)   Love Bites
      07)   Some Heads Are Gonna Roll
      08)   The Sentinel
      09)   Private Property
      10)   Desert Plains
      11)   Rock You All Around The World

CD 3:
      01)   The Hellion
      02)   Electric Eye
      03)   Turbo Lover
      04)   Freewheel Burning
      05)   Victim of Changes
      06)   The Green Manalishi
      07)   Living After Midnight
      08)   You´ve Got Another Thing Coming
      09)   Hell Bent For Leather