Por Davi Pascale
Esse é um disco que costuma ser
bem malhado entre os seguidores mais radicais. Durante anos, deixei de lado por
conta de todas as críticas em cima do mesmo. Quando adquiri meu LP alguns anos
atrás, me arrependi amargamente de não ter corrido atrás antes. A verdade, meus
amigos, é que Turbo é sim, um bom
álbum.
O polêmico trabalho chegou às
lojas em 1986. Heavy metal estava com tudo. Judas Priest estava com tudo. MTV
estava com tudo. Alguns fatos marcantes, que certamente influenciaram o
conteúdo do álbum, foram a criação do questionável selo Parental Advisory, a participação deles no histórico Live Aid e a morte do parceiro de Rob
Halford.
O heavy metal começava a seguir
novos caminhos. Um deles era o famoso hair metal. À grosso modo, grupos que
usavam visuais espalhafatosos e faziam um som que cruzava elementos do heavy
com o pop. Tinham uma sonoridade mais light. E isso acabou influenciando um
pouco o som do Priest aqui. Inicialmente, esse seria um LP duplo. A parte mais
comercial virou o Turbo, o resto do
material tornou-se o Ram It Down.
Em termos de arranjos, não era
tão distante das faixas mais comerciais que apareciam em seus mais recentes
álbuns até então. A maior diferença era realmente no método de gravação,
explorando as synth guitars, explorando mais os triggers. Entretanto, haviam
varias canções fortes. Caso de “Locked In”, “Parental Guidance” (escrita sobre
o tal selo) e “Rock You All Around The World”. Outra faixa que gosto bastante é
“Reckless”. Embora seja a mais lembrada, considero “Turbo Lover” a pior do
disco.
Rob Halford passava por um
período delicado. Usando e abusando das drogas (leia-se cocaína), o rapaz
perdeu seu namorado depois de uma briga com o garoto que acabou se matando com
um tiro na sua frente. É compreensível ele estar numa fase mais sentimental e
acredito que isso tenha influenciado o novo direcionamento das letras, onde
abordavam com maior ênfase temas como amor e relacionamento.
Essa edição de 30 anos também
traz um show da turnê na integra. Quem acompanha a banda há algum tempo,
certamente já ouviu o LP Priest...Live
em algum momento da sua vida. Mesma tour, mesma pegada. A diferença é que temos
algumas músicas a mais aqui. O Judas nunca deixou a desejar no palco e aqui não
é diferente. Instrumental extremamente consistente, Halford cantando o diabo. O
único senão é que achei o som da bateria tão magro quanto o do álbum, mas
a performance é excelente.
Resumo da história. Turbo é um trabalho bacana, com ótimas
canções. Certamente, não é o trabalho indicado como porta de entrada. Não é um
álbum que defina o som da banda. É o contrário. É onde os músicos tentavam ir
um pouco além do que esperavam deles. Para quem já conhece bem o trampo deles,
vale a pena se aventurar ou dar uma nova chance (dependendo do caso). E, sim,
essa edição tripla saiu no Brasil e está bem fácil de encontrar. Lançamento bem
interessante...
Nota: 8,0 / 10,0
Status: Polêmico, mas satisfatório
Faixas:
CD 1:
01)
Turbo Lover
02)
Locked In
03)
Private Property
04)
Parental Guidance
05) Rock You All Around The World
06) Out In The Cold
07) Wild Nights, Hot & Crazy Days
08) Hot For Love
09) Reckless
CD 2:
01) Out In The Cold
02) Locked In
03) Heading Out To The Highway
04) Metal Gods
05) Breaking The Law
06) Love Bites
07) Some Heads Are Gonna Roll
08) The Sentinel
09) Private Property
10) Desert Plains
11) Rock You All Around The World
CD 3:
01) The Hellion
02) Electric Eye
03) Turbo Lover
04) Freewheel Burning
05) Victim of Changes
06) The Green Manalishi
07) Living After Midnight
08) You´ve Got Another Thing Coming
09) Hell Bent For Leather