domingo, 29 de novembro de 2015

Mark Knopfler – Tracker (2015):



Por Davi Pascale

Ex-guitarrista do Dire Straits chega ao seu oitavo álbum solo. Material conta com temas autobiográficos, sonoridade relaxante e arranjos extremamente bem resolvidos. Quem curte sua carreira-solo, gostará do disco.

Mark Knopfler é um dos grandes músicos em atividade. Mais do que isso, é também um dos grandes compositores. Mesmo no período de maior popularidade, não abriu mão de fazer um trabalho inteligente e elegante. O rapaz sempre teve um bom gosto na timbragem de seus instrumentos, nas construções de suas escalas, nunca colocou sua técnica acima da melodia. Mais do que isso, é um dos poucos músicos em atividade onde conseguimos identifica-lo após pouquíssimos acordes.

Já faz um tempo que ele vem apostando em criar letras contando histórias. Aqui, não é diferente.  E o mais bacana é que algumas dessas histórias dizem respeito à sua própria história ou às suas próprias opiniões. “Skydiver” fala sobre sua infância, sobre os tempos em que vivia em Northumberland (condado situado no norte da Inglaterra). “Basil” é uma homenagem ao poeta modernista Basil Bunting. Mark chegou a trabalhar junto com o rapaz nos tempos de Evening Chronicle (famoso jornal de Newcastle, ainda na ativa). “Beryl” refere-se à escritora de Liverpool Berly Bainbridge. Aqui, o músico critica o fato da garota só ter recebido o famoso prêmio Booker depois de sua morte. “It´s all too late now, it´s all too late now you dabblers” (agora é tarde demais, agora é tarde demais, seus amadores) canta no refrão.

O guitarrista fez recentemente uma série de shows com outro grande compositor, Bob Dylan. Durante as entrevistas realizadas para promover o novo álbum, Knopfler declarou que “Lights of Taormina” e “Silver Eagle” foram compostas nesse período. “Silver Eagle” realmente traz uma forte influência de Dylan, entretanto o arranjo de “Basil” também me remeteu bastante ao compositor norte-americano. Principalmente, naquela fase inicial, mais folk.

Mark Knopfle volta com álbum calmo

Mesmo sendo famoso pelo som de sua guitarra, os violões falam mais alto em várias de suas canções. Os arranjos, na maior parte do tempo, são mais calmos trazendo fortes influências de country, folk e até um pouco de blues. Um disco bacana para ouvir enquanto se lê um livro, em uma viagem com a família... Dentre essas canções mais calmas, destacaria as belíssimas “Laughs And Jokes And Drinks And Smokes”, “River Towns”, “Long Cool Girl” e “Silver Eagle”.

Há, contudo, alguns momentos mais alegres no álbum. São elas, a razoável “Broken Bones”, a boa “Skydiver” e a já citada “Beryl”. Essa é uma das minhas favoritas em todo o disco porque me remeteu bastante aos seus tempos de Dire Straits. E o meu primeiro contato com o músico foi justamente ouvindo um LP do conjunto lá nos anos 80.

O disco não é uma obra-prima. Há alguns fillers como a já citada “Broken Bones” ou ainda “Mighty Man”, mas não dá para torcer o nariz para seu trabalho. A qualidade do álbum é altíssima. Os músicos envolvidos são de primeira. Se você curte o estilo do músico ou curte, às vezes, ouvir um som mais calmo, pode ir sem medo. Trabalho bacana...

Nota: 7,0 / 10,0
Status: Relaxante

Faixas:
      01)   Laughs And Jokes And Drinks And Smokes
      02)   Basil
      03)   River Towns
      04)   Skydiver
      05)   Mighty Man
      06)   Broken Bones
      07)   Long Cool Girl
      08)   Lights of Taormina
      09)   Silver Eagle
      10)   Beryl 
      11)   Wherever I Go (featuring Ruth Moody)