Por Davi Pascale
Ex-guitarrista do Dire Straits
chega ao seu oitavo álbum solo. Material conta com temas autobiográficos,
sonoridade relaxante e arranjos extremamente bem resolvidos. Quem curte sua
carreira-solo, gostará do disco.
Mark Knopfler é um dos grandes
músicos em atividade. Mais do que isso, é também um dos grandes compositores.
Mesmo no período de maior popularidade, não abriu mão de fazer um trabalho
inteligente e elegante. O rapaz sempre teve um bom gosto na timbragem de seus
instrumentos, nas construções de suas escalas, nunca colocou sua técnica acima
da melodia. Mais do que isso, é um dos poucos músicos em atividade onde
conseguimos identifica-lo após pouquíssimos acordes.
Já faz um tempo que ele vem
apostando em criar letras contando histórias. Aqui, não é diferente. E o mais bacana é que algumas dessas histórias
dizem respeito à sua própria história ou às suas próprias opiniões. “Skydiver”
fala sobre sua infância, sobre os tempos em que vivia em Northumberland (condado
situado no norte da Inglaterra). “Basil” é uma homenagem ao poeta modernista
Basil Bunting. Mark chegou a trabalhar junto com o rapaz nos tempos de Evening Chronicle (famoso jornal de Newcastle,
ainda na ativa). “Beryl” refere-se à escritora de Liverpool Berly Bainbridge.
Aqui, o músico critica o fato da garota só ter recebido o famoso prêmio Booker
depois de sua morte. “It´s all too late now, it´s all too late now you dabblers”
(agora é tarde demais, agora é tarde demais, seus amadores) canta no refrão.
O guitarrista fez recentemente
uma série de shows com outro grande compositor, Bob Dylan. Durante as
entrevistas realizadas para promover o novo álbum, Knopfler declarou que “Lights
of Taormina” e “Silver Eagle” foram compostas nesse período. “Silver Eagle”
realmente traz uma forte influência de Dylan, entretanto o arranjo de “Basil”
também me remeteu bastante ao compositor norte-americano. Principalmente,
naquela fase inicial, mais folk.
Mark Knopfle volta com álbum calmo |
Mesmo sendo famoso pelo som de
sua guitarra, os violões falam mais alto em várias de suas canções. Os
arranjos, na maior parte do tempo, são mais calmos trazendo fortes influências
de country, folk e até um pouco de blues. Um disco bacana para ouvir enquanto
se lê um livro, em uma viagem com a família... Dentre essas canções mais
calmas, destacaria as belíssimas “Laughs And Jokes And Drinks And Smokes”, “River
Towns”, “Long Cool Girl” e “Silver Eagle”.
Há, contudo, alguns momentos mais
alegres no álbum. São elas, a razoável “Broken Bones”, a boa “Skydiver” e a já
citada “Beryl”. Essa é uma das minhas favoritas em todo o disco porque me
remeteu bastante aos seus tempos de Dire Straits. E o meu primeiro contato com
o músico foi justamente ouvindo um LP do conjunto lá nos anos 80.
O disco não é uma obra-prima. Há
alguns fillers como a já citada “Broken Bones” ou ainda “Mighty Man”, mas não
dá para torcer o nariz para seu trabalho. A qualidade do álbum é altíssima. Os
músicos envolvidos são de primeira. Se você curte o estilo do músico ou curte,
às vezes, ouvir um som mais calmo, pode ir sem medo. Trabalho bacana...
Nota: 7,0 / 10,0
Status: Relaxante
Faixas:
01)
Laughs And Jokes And Drinks And Smokes
02)
Basil
03)
River Towns
04)
Skydiver
05)
Mighty Man
06)
Broken Bones
07)
Long Cool Girl
08)
Lights of Taormina
09)
Silver Eagle
10)
Beryl
11)
Wherever I Go (featuring Ruth Moody)