Por Davi Pascale
Raro compacto retorna às lojas.
Disco demonstrava uma banda mais madura, porém mais comercial. Disco essencial
na coleção de quem curte a cena hard/metal brasileira.
Existem alguns nomes da cena metal dos anos 80 que
sobreviveram ao tempo e conseguem mesclar seu público com novos/velhos
ouvintes. Seria o caso de artistas como Viper, Korzus e Sepultura. Outros, porém,
ficaram restritos entre aqueles que viveram a época, por mais que fizessem um
trabalho de qualidade. Alguns artistas sequer conseguiram lançar um full-length
na ocasião. É o caso do Metalmorphose. Antes da separação, houve apenas 2
lançamentos dos garotos: o (histórico) Split LP Ultimatum, onde dividiam o disco com o, até então, iniciante Dorsal
Atlântica; e um 12” com apenas duas faixas. Esse que retorna agora ao mercado
em formato de 7”. O LP realizado ao lado do Dorsal teve algumas reedições, até
por conta do prestígio que o grupo de Carlos Lopes atingiu, mas essa é a
primeira vez que Correntes retorna
ao mercado. O material estava fora de catálogo desde 1986.
Nitidamente, os meninos estavam
em busca de uma nova direção musical. Não somente o som estava mais polido,
como o visual deles havia mudado. Cabelos mais bem arrumados. A velha roupa de
couro e tachinhas deu espaço para roupas de oncinha com direito até à uma
bandana na cabeça de Tavinho Godoy. Honestamente? Prefiro eles aqui. As músicas
estavam mais bem resolvidas e casavam melhor na voz de Tavinho.
Disco obscuro retorna às lojas. Material apontava para uma sonoridade mais hard rock |
Enquanto as músicas de Ultimatum apostavam mais em um heavy tradicional,
as de Correntes apostavam em uma
sonoridade mais hard rock. Parte dessa nova influência vem por conta do
trabalho de teclado de Celso Suckow (sim, foi o guitarrista quem gravou os
teclados). Tanto os timbres quanto as construções do teclado, remetem bastante
ao que os grupos de hair metal da época faziam. As guitarras bebiam bastante da cena hard/heavy oitentista.
Aliás, os solos de guitarra são um dos pontos altos do disquinho.
Outro ponto alto é o trabalho
vocal. Algo que me incomoda em alguns grupos dessa cena é a falta de um bom
vocalista. Diversos grupos da época tinham excelentes instrumentistas, mas
deixavam a desejar no vocal. Mas, logicamente, haviam algumas exceções. Tavinho
Godoy era uma dessas exceções e aqui demonstrava um enorme amadurecimento. Com
a voz mais bem controlada, o rapaz sempre cantou com voz limpa, e explora aqui um pouco mais o
famoso falsete. Só que não em uma pegada Andre Matos. Era em uma pegada mais
Taffo. As linhas vocais também estavam mais melódicas do que no trabalho anterior.
Com boa qualidade de gravação,
letras em português e excelentes músicas com ótimos refrãos, os garotos poderiam ter
despontado na cena na época se tivessem um empresário com bala na agulha. Algo
que, infelizmente, não ocorreu. O vinil acaba de ser relançado pelo selo
Neves Records e foi prensado em duas cores: preto e transparente. Quem tiver
interesse, corre atrás logo porque a edição é limitadíssima em 300 cópias
numeradas. Eu já consegui o meu...
Nota: 10,0 / 10,0
Status: Histórico
Faixas:
01) Correntes
02) Vivendo
e Aprendendo