Por Davi Pascale
Líder do Skank e fundador do
Clube da Esquina se unem no palco. Álbum tem tom de celebração, mas deixa a
desejar.
Espero que os fãs não me levem a
mal, nem os artistas em questão, caso o texto caia nas mãos deles (pouco
provável, mas não impossível). Sou fã do Skank e gosto muitos dos álbuns do
Clube da Esquina. O primeiro disco, para mim, é um dos grandes álbuns da música
brasileira, mas esse show me deixou um pouco decepcionado.
A ideia de unir os dois aristas,
dois músicos de Belo Horizonte vindo de gerações diferentes, é sensacional.
Sempre gostei deste tipo de união. Além de ser gratificante para os artistas, é
algo que fortalece a cena. Porque, como são de gerações diferentes, é bem capaz
que o publico seja diferente. Portanto, é um modo expandir ainda mais o enorme
prestígio que eles já carregam.
O repertório é excelente. A banda
que está por trás é excelente e a qualidade de gravação é muito boa. Os
convidados especiais – Fernanda Takai e Milton Nascimento – também estão de
acordo. O Pato Fu, assim como o Skank, faz parte da geração pop dos anos 90 que
ajudou a recolocar a cena mineira no mapa. Outros que poderiam estar nessa
história é a galera do Jota Quest. Milton Nascimento fez parte do histórico
Clube da Esquina. Tudo certinho. Qual o grande problema, afinal¿ O trabalho
vocal.
Sim, eu sei que os dois são
compositores e que as canções são muito boas. Como disse, o repertório é
excelente. Honestamente, não colocaria nesse show “Te Ver” e “Canção do Amor
Inabalável”. Por mais que sejam hits, acho que fogem um pouco do repertório
apresentado. Não sei se foi proposital, para quebrar o clima do show, mas achei
que ficaram meio deslocadas. Talvez, pela apresentação não estar na íntegra,
mas se o problema fosse esse, colocaria outras faixas no CD.
Contudo, como estava dizendo o grande
problema mesmo é o trabalho vocal. Infelizmente, não tem como não reparar e o
resultado final é muito abaixo do esperado. Samuel Rosa nunca comprometeu o
trabalho vocal no Skank, mas isso porque se apoiava na energia do show. A ideia
de cantar gritando, acabava passando despercebido pelo estilo de espetáculo que
apresentam. Em um show desses, com arranjos mais voltados para MPB, com mais
violões, e voz mais na cara, fica nítida sua limitação vocal.
A performance de Lô Borges não
somente, não ajuda, como piora a situação. Está desafinando muito, cantando
muitas notas fora do tom. Em, praticamente, todas as músicas do show. A
participação de Milton Nascimento é muito bacana pelo contexto histórico, mas
sua performance vocal também está não mais do que razoável. Várias derrapadas
também.
O repertório foi bem divido. 7
músicas de Lô Borges, 7 de Samuel Rosa, sendo 1 inédita de Lô Borges e 1
inédita de Samuel Rosa. As faixas inéditas não são espetaculares, não vão
entrar para a história da música brasileira, mas são boas. Mas, como disse, o
show em si deixa a desejar. Me deu a impressão que eles não ensaiaram. Uma pena!
Esse álbum tinha de tudo para ser um marco na música brasileira. Não foi dessa
vez...
Nota: 5,0 / 10,0
Status: Frustrante
Faixas:
01)
Feira Moderna
02)
O Trem Azul
03)
Te Ver
04)
Clube da Esquina Nº2
05)
Resposta
06)
As Noites
07)
Balada do Amor Inabalável (Part Especial:
Fernanda Takai)
08)
Paisagem da Janela
09)
Amores Imperfeitos
10)
Para Lennon & McCartney (Part Especial: Milton
Nascimento)
11)
Dois Rios
12)
Um Girassol da Cor do Seu Cabelo
13)
Lampejo (Bonus Track: Versão Estudio)
14)
Dupla Chama (Bonus Track: Versão Estudio)