Por Davi Pascale
Deluxe edition no Brasil não é
algo muito comum. Ainda mais em lançamento de LP´s. Na gringa, sim. Existem
edições caprichadíssimas. Dignas de fazer com que o cara mais marrento babe por
meses a fio. A nova edição do Their
Satanic Majesties Request do Rolling Stones (que comentarei em breve por
aqui) é uma delas. Portanto, a ideia é digna de aplausos por si só. Temos que
aprender a valorizar nossa arte.
Quem também é digno de aplausos é
a turma do Cachorro Grande. Além de estarem ajudando a salvar o rock n roll
brasileiro entregando um som afudê, os meninos não estão deitados em berço
esplêndido. Enquanto muito artista se acomoda em uma fórmula, os caras ousaram
diversas vezes em sua trajetória. Sua maior ousadia foi justamente esse disco.
Conhecidos por entregarem um som
rock n roll de garagem bebendo na fonte dos anos 60 (especialmente grupos como
TheBeatles, The Rolling Stones, The Kinks e The Who), os gaúchos foram além em
seu sétimo álbum. Costa do Marfim
trazia os músicos mesclando seu som com elementos eletrônicos e apostando em
uma grande dose de psicodelia. Uma espécie de Screamadelica brasileiro. Minhas músicas favoritas desse play são “Eu
Não Vou Mudar”, “Como Era Bom” e “Eu Quis Jogar”.
Mais do que uma edição
comemorativa, essa é uma edição especial para colecionadores. Amantes dos
vinis, os músicos tiveram todo o cuidado no preparo desse material. O vinil vem
com capa gatefold (a famosa capa dupla), foram prensados em mídia verde 160
gramas e gravados em 45 RPM para garantir uma maior fidelidade do som. O vinil
também não foi prensado no Brasil, foi prensado na República Tcheca. Material
de primeira.
Como a ideia era pegar colecionadores
e os fãs mais doentes, o material foi prensado em apenas 105 cópias numeradas.
Por que 105 cópias e não 100? Não sei, mas arrisco dizer que os
músicos brincaram de Beatles e pegaram as 5 primeiras cópias desse material
para eles (para quem não entendeu a brincadeira. O White Album dos Beatles
vinha com numeração na capa e as primeiras copias ficaram com John, Paul,
George e Ringo).
O Box é bacaninha. Um papelão
grosso com um uma cordinha. O material gráfico também é bem legal. Foram
criados, unicamente para essa edição, um pôster com uma foto do show no Sesc
Pompeia (São Paulo) e 7 fotos com imagens da apresentação no Bar Opinião (Porto
Alegre). As fotos são realmente muito bonitas.
O único senão é que essa reedição
não conta com nenhuma música adicional. É exatamente o mesmo material do CD.
Nenhuma versão ao vivo, nenhuma demo, nada do tipo. Apenas as faixas do disco.
Contudo, para quem é muito fã dos rapazes, vale o investimento. Afinal, a
produção é lindíssima e com o tempo esse material deve se tornar raro e
possivelmente valioso. Se hoje ele custa R$290,00, após esgotado é capaz que
passe a valer mais de R$500,00 brincando.
A ideia dos músicos era lançar esse
material no final de 2014, como um presente de Natal. Contudo, o material ficou
retido na alfândega e somente agora conseguiram liberar o material. Bom... dá
tempo de presentearem o Natal de 2017. Puta presente.
Faixas:
Lado A:
01) Costa
do Marfim
02) Nós
Vamos Fazer Você Se Ligar
Lado B:
03) Nuvens
de Fumaça
04) Eu
Não vou Mudar
05) Crispian
Mills
Lado C:
06) Use
o Assento Para Flutuar
07) Como
Era Bom
08) Eu
Quis Jogar
Lado D:
09) Torpor
Partes 2 & 5
10) O
Que Vai Ser
11) Fizinhur