Por Davi Pascale
Glenn Danzig continua na ativa. O
músico lançou recentemente um álbum de covers, ao lado de sua famosa banda,
interpretando algumas versões de músicas dos anos 60 e 70. O resultado,
infelizmente, é decepcionante.
Não me levem à mal. Gosto muito
do trabalho do Danzig. Especialmente de seus 4 primeiros discos, mas por mais
que a ideia seja interessante, o resultado final deixa a desejar. Essa não é a
primeira vez que o grupo se aventura em recriar uma musica. No seu EP de 1993,
o (ótimo) Thrall: Demonsweatlive, haviam
feito uma ótima versão para o clássico “Trouble” de Elvis Presley. Essa é a primeira
vez, contudo, que resolvem fazer um álbum todo desse jeito.
Minha primeira decepção foi com a
qualidade de gravação do disco. Assim como seu antecessor, o (razoável) Deth Red Sabaoth, o álbum conta com uma
sonoridade abafada, sem brilho. Sim, comprei o disco original. Não ouvi pela
internet. Até peguei a capa para ver por qual selo havia sido lançado. Tinha
certeza que era um bootleg, mas não era. Porra, Glenn, você tem um passado
brilhante. Acorda!
Outro problema do álbum. Parece
que o músico está com síndrome de Yngwie Malmsteen. Quer gravar tudo sozinho.
Ele é um puta cantor, sempre gravou guitarra e teclado, mas não é um puta
baixista, um puta baterista e não se faz necessária a situação. O rapaz sempre
trabalhou com músicos competentes e tem uma ótima banda que os acompanha nos
shows e gravou álbuns antes desse. Para que isso agora? Os 2 últimos álbuns foram
assim, contando com pouquíssimas participações dos demais músicos, e estão entre
os mais fracos da carreira. Pelo menos, o trabalho vocal continua muito bom.
Aparentemente, está com a voz intacta.
Repertório é trilha sonora da vida do cantor |
A seleção de músicas é muito boa.
São músicas que ajudaram a moldar a personalidade de Glenn Danzig. Que fizeram
parte de sua juventude. Os artistas originais são excelentes. Não são a cara da
banda, mas o rapaz deu um jeito nisso. Todos os arranjos foram alterados,
ganharam uma cara dele, um ar mais sombrio. Teve a preocupação de manter a linha
vocal da maioria das canções, mas o instrumental está bem diferente em todo o
disco. Nesse caso, não tinha como ser de outro jeito, já que são de universos
tão distintos. Para se ter uma ideia, o rapaz gravou ZZ Top, Everly Brothers,
Elvis Presley, The Troggs…
“Devils Angels” ganhou uma
roupagem crua, direta, meio punk. Nos remete aos seus tempos de Misfits. “With
a Girl Like You” dos Troggs também está meio nesse espírito. “Action Woman” também ganhou uma roupagem
mais direta, nos remete mais aos anos iniciais do Danzig. Uma que achei
interessante foi “Rough Boy” do ZZ Top. A música que vem da fase pop do trio
ganhou um arranjo mais arrastado, pesado e ficou bacaninha.
“N.I.B.” e “Lord Of The Thighs” -
do Black Sabbath e Aerosmith, respectivamente – não foram boas escolhas. São
músicas que não combinam com seu timbre de voz. Outra que achei curiosa foi a
versão de “Let Yourself Go” de Elvis Presley.
A ideia do disco não é ruim. O
rapaz ainda tem uma bela voz. Mas se tivesse feito um trabalho em conjunto, os
arranjos poderiam crescer mais. Falta uma bateria mais trabalhada, um baixo
mais impactante. Também seria legal buscar um modo de voltar a gravar de
maneira mais definida. Quando resolver fazer isso, teremos o velho Danzig de
volta sem deixar pedra sobre pedra. Até lá, só nos resta sonhar...
Nota: 4,0 / 10,0
Status: Fraco
Faixas:
01)
Devils Angels
02)
Satan (From “Satans Sadists”)
03)
Let Yourself Go
04)
N.I.B.
05)
Lord Of The Thighs
06)
Action Woman
07)
Rough Boy
08)
With a Girl Like You
09)
Find Somebody
10)
Crying In The Rain