Por
Davi Pascale
É muito comum vermos filhos de artistas querendo seguir na profissão sem
terem herdado o talento de seus pais. Não vou citar nomes, mas a história é bem
comum. O mesmo não podemos dizer de Julian Lennon que sempre foi um cantor
afinado e possui discos lindíssimos em sua trajetória. Para quem ainda não
ligou o nome à pessoa, Julian é filho de John Lennon (Beatles).
Embora esteja na música há um bom tempo, o garoto gravou poucos discos.
Esse compacto, que passou batido aqui no Brasil, remete à uma canção gravada
originalmente em Help Yourself, seu
álbum de 1991. “Saltwater” é uma balada bem beatle. Não é por acaso que Bob
Ezrin (produtor do disco) pretendia usar George Harrison no solo dessa música.
George negou porque foi justamente no período em que seu amigo Eric Clapton
havia perdido seu filho. E ele não queria abandonar o rapaz.
A canção foi um sucesso local. Embora não tenha tido o mesmo êxito em
outros países, na Inglaterra, atingiu o sexto lugar das paradas. A letra fala
sobre os problemas ambientais e a pobreza encontrada no mundo. “Time is not a
friend, ´cause friends we´re out of time”. Em português: “O tempo não é nosso
amigo. Amigos, estamos ficando sem tempo” é um dos versos da canção. Agora, vocês já devem estar entendendo
a relação de amizade construída entre ele e Bono (U2), né? Os dois têm a mesma visão de mundo...
Talvez seja essa a razão de tê-la regravado 25 anos depois. Os problemas
ambientais e sociais permanecem. Em seu website, o musico diz que acredita que
dentro desses aspectos, o mundo piorou. “Parece que o mundo está 25 vezes pior
do que estava 25 anos atrás, na questão humanitária e ambiental. Espero que em algumas mentes possam haver grandes transformações, para o bem de todos nós”, diz.
A linha vocal permanece a mesma. O arranjo deu uma mudada. Um pouco mais
deprê. Agora a música não inicia mais com o teclado fazendo uma orquestração. A
bateria que só entrava na segunda metade da canção, abre a versão atual com uma
levada bem arrastada. Embora sejam estilos diferentes de música, o som da
bateria me remeteu ao álbum Listen
Without Prejudice de George Michael.
Julian Lennon continua remetendo bastante ao seu pai na maneira de
cantar. Tanto seu timbre de voz quanto o modo de postar a voz lembram bastante
John. O garoto consegue soar mais beatle do que Oasis e Ocean Colour Scene
juntos, sem fazer força para isso.
No lado B, temos uma versão alternativa da nova “Saltwater”. Intitulada
de “Creo Que Voy a Llorar” trata-se da mesma versão presente no lado A, porém
com o músico cantando a frase em espanhol no lugar de “saltwater wells in my
eyes”, frase que fecha cada verso da canção.
A balada é lindíssima, assim como o disquinho. Julian prensou o disco em
vinil transparente. O preço para nós brasileiros é um pouco salgado – em seu
site oficial, é possível encomendar o disco por 25 libras, sem frete – mas para
quem é muito fã, compensa o investimento. Além do produto ser muito bonito, ele
deve se tornar um ítem de colecionador daqui há alguns anos. Trata-se de uma
prensagem independente. Não deve ter sido prensado muitos discos desse. Fica a
dica mais do que especial para nossos amigos colecionadores que frequentam essa
página.
Nota: 9,0 / 10,0
Faixas:
01)
Saltwater
25
02)
Creo Que
Voy a Llorar