Por Davi Pascale
Novo álbum do Green Day não inova
em termos de sonoridade, mas satisfaz com composições acima da média. Disco explora
críticas político-sociais em várias letras.
Atualmente, os fãs de Green Day dividem-se
entre os pós Dookie e os pós American Idiot. Na ópera rock de 2004,
os músicos se reinventaram, explorando diferentes estruturas nas construções de
suas músicas. De lá para cá, muitos críticos vêm cobrando para que os garotos
repitam o feito. Só que isso não acontece a todo momento e tem que ser natural.
Entre fazer algo diferente e fake ou fazer um álbum sem invencionices, mas
honesto, fico com a segunda alternativa.
Para o bem ou para o mal, Revolution Radio é Green Day sendo
Green Day. Os arranjos mantêm aquela pegada pop punk. Sim, a pegada comercial
continua se fazendo presente, mas eles parecem gostar dessa brincadeira e fazem
bem feito. De maneira geral, soa mais próximo ao que o trio vem aprontando
desde American Idiot, mas há alguns
momentos de nostalgia no álbum. Oras mais velozes, oras mais melódicos. O
single “Bang Bang” remete aos tempos de Insomniac
com guitarras diretas, bateria reta e veloz. “Too Tumb To Die” soa como um
b-side de Warning. A balada “Outlaws”
também levará seus fãs de volta aos anos 90.
Alguns dirão que eles reciclaram
velhas ideias em algumas musicas. “Forever Now”, por exemplo, é uma nova
opera-rock de quase 7 minutos construída por diferentes suítes. Estrutura explorada em “Jesus of
Suburbia”. “Ordinary World” é mais uma balada voz/violão, assim como foi “Time
Of Your Life”. Como podem notar, as referências existem, mas não vejo
isso de maneira negativa. Se as canções foram criadas pela mesma mente, acho
normal que exista alguma relação entre seus álbuns. E isso ocorre com frequência
na discografia de 90% dos artistas.
As críticas política-sociais aparecem
em diversas letras, algo sempre bem vindo. A ideia da faixa-título nasceu dois
anos atrás, na cidade de nova Iorque, depois que o cantor Billy Joe Armstrong se
infiltrou no Black Matter Protest, uma manifestação contra a violência policial
em relação à comunidade negra. “Estava no meu carro, fazendo o trajeto do
Brooklyn à Manhattan e haviam aqueles protestantes, sobre o que havia ocorrido
em Fergunson, segurando o trafico. Saí do carro e marchei junto com eles durante
um tempo. Estive observando, reparando no que acontecia e acabei escrevendo sobre
isso”, explicou o músico para a Rolling Stone americana. “Troubled Times” retrata a ideia de se viver
em um mundo com forte racismo (algo muito forte na cultura norte-americana) e
desigualdade financeira.
Há também algumas questões
pessoais. “Somewhere Now”, fala sobre enfrentar seus próprios demônios e foi
escrita após o cantor sair de um rehab, enquanto “Youngblood” é dedicada à sua
esposa Adrienne.
É bem capaz que vários críticos
malhem o álbum. Seus fãs, entretanto, irão se empolgar com o novo CD. Desde o
já citado American Idiot que os
músicos não vinham com um álbum tão consistente. As músicas, em sua maioria,
continuam sendo curtas. Os refrãos pop continuam. As linhas vocais seguem o
mesmo padrão. Enfim, trazem tudo aquilo que seus seguidores esperam. Se você
curte a banda pode ir sem medo. Ótimo disco!
Nota: 8,0 / 10,0
Status: Fiel
Faixas:
01)
Somewhere Now
02)
Bang Bang
03)
Revolution Radio
04)
Say Goodbye
05)
Outlaws
06) Bouncing
Off The Wall
07) Still Breathing
08) Youngblood
09) Too Dumb To Die
10) Troubled Times
11) Forever Now
12) Ordinary World