sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Green Day – Revolution Radio (2016):



Por Davi Pascale

Novo álbum do Green Day não inova em termos de sonoridade, mas satisfaz com composições acima da média. Disco explora críticas político-sociais em várias letras.

Atualmente, os fãs de Green Day dividem-se entre os pós Dookie e os pós American Idiot. Na ópera rock de 2004, os músicos se reinventaram, explorando diferentes estruturas nas construções de suas músicas. De lá para cá, muitos críticos vêm cobrando para que os garotos repitam o feito. Só que isso não acontece a todo momento e tem que ser natural. Entre fazer algo diferente e fake ou fazer um álbum sem invencionices, mas honesto, fico com a segunda alternativa.

Para o bem ou para o mal, Revolution Radio é Green Day sendo Green Day. Os arranjos mantêm aquela pegada pop punk. Sim, a pegada comercial continua se fazendo presente, mas eles parecem gostar dessa brincadeira e fazem bem feito. De maneira geral, soa mais próximo ao que o trio vem aprontando desde American Idiot, mas há alguns momentos de nostalgia no álbum. Oras mais velozes, oras mais melódicos. O single “Bang Bang” remete aos tempos de Insomniac com guitarras diretas, bateria reta e veloz. “Too Tumb To Die” soa como um b-side de Warning. A balada “Outlaws” também levará seus fãs de volta aos anos 90.

Alguns dirão que eles reciclaram velhas ideias em algumas musicas. “Forever Now”, por exemplo, é uma nova opera-rock de quase 7 minutos construída por diferentes suítes. Estrutura explorada em “Jesus of Suburbia”. “Ordinary World” é mais uma balada voz/violão, assim como foi “Time Of Your Life”. Como podem notar, as referências existem, mas não vejo isso de maneira negativa. Se as canções foram criadas pela mesma mente, acho normal que exista alguma relação entre seus álbuns. E isso ocorre com frequência na discografia de 90% dos artistas.

As críticas política-sociais aparecem em diversas letras, algo sempre bem vindo. A ideia da faixa-título nasceu dois anos atrás, na cidade de nova Iorque, depois que o cantor Billy Joe Armstrong se infiltrou no Black Matter Protest, uma manifestação contra a violência policial em relação à comunidade negra. “Estava no meu carro, fazendo o trajeto do Brooklyn à Manhattan e haviam aqueles protestantes, sobre o que havia ocorrido em Fergunson, segurando o trafico. Saí do carro e marchei junto com eles durante um tempo. Estive observando, reparando no que acontecia e acabei escrevendo sobre isso”, explicou o músico para a Rolling Stone americana.  “Troubled Times” retrata a ideia de se viver em um mundo com forte racismo (algo muito forte na cultura norte-americana) e desigualdade financeira.

Há também algumas questões pessoais. “Somewhere Now”, fala sobre enfrentar seus próprios demônios e foi escrita após o cantor sair de um rehab, enquanto “Youngblood” é dedicada à sua esposa Adrienne.

É bem capaz que vários críticos malhem o álbum. Seus fãs, entretanto, irão se empolgar com o novo CD. Desde o já citado American Idiot que os músicos não vinham com um álbum tão consistente. As músicas, em sua maioria, continuam sendo curtas. Os refrãos pop continuam. As linhas vocais seguem o mesmo padrão. Enfim, trazem tudo aquilo que seus seguidores esperam. Se você curte a banda pode ir sem medo. Ótimo disco!

Nota: 8,0 / 10,0
Status: Fiel

Faixas:
      01)   Somewhere Now
      02)   Bang Bang
      03)   Revolution Radio
      04)   Say Goodbye
      05)   Outlaws
      06)   Bouncing Off The Wall
      07)   Still Breathing
      08)   Youngblood
      09)   Too Dumb To Die
      10)   Troubled Times
      11)   Forever Now 
      12)   Ordinary World