sábado, 29 de março de 2014

Cachorro Grande – Sesc Santo André (28/03/2014)


Por Davi Pascale

No final do ano passado, me mudei para o ABC e desde então tenho frequentado bastante o Sesc de Santo Andre. Ontem à noite, dei um pulo lá para conferir a apresentação do grupo gaúcho Cachorro Grande. Sou fã dos caras desde o primeiro álbum e nunca tinha assistido ao vivo. Já tinha escutado bastante gente elogiando a performance da banda, inclusive o musico Lobão (que é outro artista que admiro). Portanto, guardava bastante expectativa na apresentação.
O pessoal do Cachorro Grande ficou conhecido por se vestirem com terninhos, iguais à seus ídolos da British Invasion. Isso não existe mais. Beto Bruno, Marcelo Gross, Rodolfo Krieger, Pedro Pelotas e Gabriel Azambuja agora usam trajes comuns: jaquetas de couro, calça jeans, camiseta dos artistas que admiram. As referências sessentistas agora ficam explicitas na boina do cantor e no baixo Rickenbacker.
A apresentação traz todos os elementos que um bom show de rock deve ter. Som alto, banda com energia de sobra, boa interação com o público. O setlist foi bem dosado. Tocaram vários de seus clássicos, quase todos os músicos assumiram o vocal durante o show (o tecladista é o único que não canta), fizeram ainda citações de clássicos do rock como “Cold Turkey” (John Lennon), “Lugar Nenhum” (Titãs) e “Heartbraker” (Led Zeppelin).
Marcelo Gross se destaca com solos improvisados
O guitarrista Marcelo Gross e o baterista Gabriel Azambuja foram os grandes destaques da noite. Os músicos roubaram a cena nos momentos de improviso. Rodolfo Krieger, com seu cabelo à la Jupiter Maçã,  tem ótima presença de palco. Toca com vontade, pula, corre de um lado para o outro e ganha a plateia ao cantar “Deixa Fudê”. O tecladista Pedro Pelotas também desempenha bem seu papel. O único senão mesmo foi o vocal de Beto Bruno. O rapaz tem uma boa presença de palco, é bem carismático e muito simpático com o público. Entretanto, abusa das bebidas alcoólicas durante a performance. O resultado não poderia ser diferente. O vocal começa bom, forte e no decorrer do espetáculo vai caindo o nível. No final do show ele estava falando enrolado e já encontrava dificuldades para cantar várias notas. Cara, pega leve!
O show começou com um som meio embolado, mas logo na segunda música “Hey Amigo”, tudo se ajustou. Mesmo tendo apresentação do Guns n Roses em São Paulo, os 5 garotos de Porto Alegre conseguiram arrastar um bom número de pessoas ao teatro. Lá encontrava-se de tudo. Desde crianças de 3 anos brincando de air drum, passando por casais de 30 e poucos anos, e chegando até pessoas de mais de 60. É comum nos shows do Sesc pintarem uns curiosos, mas boa parte lá era fã mesmo, tanto que boa parte do público cantou a letra de “Sinceramente” junto com os músicos. Chegaram, inclusive, a pedir música, "Bom Brasileiro", prontamente atendido.
Beto Bruno tem boa presença de palco, mas tem voz prejudicada pelo excesso de bebida
Trouxeram ainda algumas surpresas como “Debaixo do seu Chapéu”, faixa do álbum de estreia, que segundo Beto fazia anos que não tocavam. Ocorreram alguns imprevistos, mas os músicos não se abatiam. Encaravam tudo com bom humor, davam risada e reiniciavam como se nada tivesse acontecido. Saíram do palco logo após interpretarem “Lunático” e “Sexperienced”. Mas o final definitivo veio com o cover de “My Generation” (The Who) no bis.

Após uma hora e meia de apresentação, as luzes se acenderam indicando que o show havia se encerrado. Considero o Cachorro Grande uma das poucas bandas brasileiras da última geração que fazem um som realmente bacana. Espero que os caras dêem uma maneirada na bebedeira. Seria muito triste ver músicos tão jovens e com um trabalho tão legal indo embora tão cedo por conta de um vício. Do mais, os caras nos entregaram um show bem enérgico, inspirado e bem rock n´ roll. A fudê!