quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Gov´t Mule – The Tel-Star Sessions (2016):





Por Davi Pascale

Primeiras gravações do trio são lançadas oficialmente. Material chama a atenção para a performance dos músicos e traz canções que, anos mais tarde, estariam entre as preferidas de seus fãs.

Esse material aqui é o início de tudo. Quando Warren Haynes e Allen Woody entraram em estúdio no longínquo ano de 1994, a ideia era de que o Gov´t Mule fosse um projeto paralelo. Algo de um álbum apenas, feito para saciar a vontade de tocar (o Allman Brothers estava parado nessa época) e a vontade de resgatar a ideia de power trio.

Os músicos não tinham a pretensão de lançarem dezenas de discos, nem de seguirem tocando por mais de 20 anos. Tudo foi ocorrendo naturalmente. Portanto, resolveram fazer um álbum de baixo recurso. Decidiram gravar o material ao vivo no estúdio, sem utilizar um instrumento em cada canal, como as bandas dos anos 60 faziam. Aliás, a ideia dos rapazes era justamente resgatar aquela vibe. Os músicos tinham como ideal a sonoridade dos álbuns do Cream.

The Tel-Star Sessions leva esse nome porque as gravações ocorreram no Tel-Star Studios, localizado na região da Florida, onde o Allman Brothers costumava ensaiar. O set apresentado aqui misturava covers com material próprio e foi gravado de maneira despretensiosa. A ideia era fazer um CDzinho para as pessoas que fossem ao show pudessem ter algo do grupo.

É fato de que não eram mais novatos quando a banda foi montada, mas é realmente impressionante a sonoridade que o trio tirou nessa ‘demo’. Quem o escuta, não imagina que era um projeto de poucas semanas.

Boa parte do material foi regravado em álbuns posteriores. “Blind Man In The Dark” surge em Dose (1998). Aqui, se apresentava pouca coisa mais lenta e sem os efeitos de voz. Boa parte do repertório, contudo, foi para o álbum de estreia. “Monkey Hill” já tinha o famoso riff de guitarra, mas a levada de bateria era bem mais simples. “Left Coast Groovies” não tinha ainda a brincadeirinha que faziam nos segundos iniciais e também tinha uma levada um pouco mais reta. “World of Difference”, aqui, não se inicia com a bateria e, sim, com o contrabaixo. O tempo também é menos arrastado do que a versão clássica.

Como eles gostam de improvisos, e o material foi gravado em ‘live takes’, não preciso nem dizer que os solos são diferentes das versões conhecidas. Por serem uma banda meio que ‘de brincadeira’, nessa época, o CD continha alguns covers. Além do esperado “Mr Big” (Free), regravado para seu debut de 1995, os músicos apresentam uma inspirada versão de “Just Got Paid” (ZZ Top), além de “The Same Thing” (Willie Dixon) em uma pegada mais suingada, apostando mais nos grooves.

Embora seja uma demo, a qualidade de gravação é excelente, até porque os músicos deram uma remixada no material. E a qualidade das performances, como disse, beira o inacreditável. Álbum simplesmente essencial na coleção dos fãs.

Nota: 9,0 / 10,0
Status: Mágico

Faixas:
      01)   Blind Man In The Dark
      02)   Rocking Horse
      03)   Monkey Hill
      04)   Mr. Big
      05)   The Same Thing
      06)   Mother Earth
      07)   Just Got Paid
      08)   Left Coast Groovies
      09)   World of Difference
      10)   World of Difference (Original Mix)