Por Davi Pascale
Pepeu Gomes solta novo álbum
instrumental. Longe do som das rádios, musico mantém suas origens e deve
agradar quem curtia o início de sua carreira-solo.
Aqueles que acompanham apenas a
cena mais pesada irão se lembrar da história do convite do Megadeth ao músico
lá no início dos anos 90. Quem curte diferentes gêneros, certamente já ouviu,
ao menos uma vez na vida, canções como “Alma”, “Masculino e Feminino”, “Fazendo
Musica, Jogando Bola” e “Um Raio Laser”. Quem se liga no rock produzido no
Brasil nos anos 70, irá se recordar dos Novos Baianos. De certa forma, todo
mundo sabe quem é o Pepeu. Mas quem irá curtir mesmo esse novo álbum são
aqueles que curtem o Pepeu da Geração de Som e da Terra A Mais de Mil.
Pepeu Gomes é, certamente, um dos
melhores guitarristas do Brasil. Além de possuir uma grande intimidade com o
instrumento, o músico conseguiu algo que poucos músicos brasileiros
conseguiram, criou uma sonoridade própria. Não apenas em termos de composição,
mas em termos de timbragem, de palhetada. Bastam poucos acordes para sabermos
que aquela guitarra que estamos ouvindo é do Pepeu. Muito provavelmente por sua
escola musical. Suas influencias vão de Waldir Azevedo à Jimi Hendrix. E essas
características todas estão presentes no som do músico desde sempre.
Realizado em parceria com o Sesc,
Alto da Silveira é um álbum típico
do Pepeu. Canções instrumentais, mas sem exibicionismos, focados em melodias,
brinca bastante com a ideia de construir temas. No disco, como já era de se
esperar, temos referências das mais diversas possíveis.
“Fim da Festa” traz aquela levada
suingada característica do músico, com aquela palhetada que já explorou em
musicas mais pops como “Um Raio Laser”. Os tempos de Novos Baianos são
lembrados em “Bolado II” e “Na Pele de Pelé”. O rock n roll surge com força em
“Rock no Carnaval” e “Aurora Boreal”. A influência do chorinho aparece em
“Chorando no Cantinho”, enquanto “Isabella... Eu Tive Uma Ideia” aponta em uma
sonoridade latina com fortes influências de Santana. A linguagem do jazz rock aparece em diversos momentos. Como de costume, mistura o acústico com o elétrico. Passeia pela guitarra, pelo cavaquinho, pelo violão e pela guitarra baiana. Traz sua sonoridade característica misturando rock n roll com música brasileira. Brincadeira que faz desde os anos 70.
Alto da Silveira se refere ao local onde o musico foi criado. O
garoto presente na capa do disco é o próprio guitarrista na época em que estava
dando seus primeiros passos na musica. Na verdade, o Novos Baianos foi o
primeiro grupo que ele tocou que deu certo, mas ele já estava batalhando antes
disso. As primeiras gravações que conheço dele são dele ainda criança, no
contrabaixo, em um conjunto chamado Os Minos. Hoje, os compactinhos dessa época
são considerados verdadeiras relíquias.
Você não precisa ser um
guitarrista, sequer um musico para conseguir apreciar o repertório do novo CD.
Para os fãs, inclusive, é normal já que Pepeu, já se aventurou nesse território
algumas vezes. Entretanto, vale frisar que esse disco não levará o guitarrista
de volta às rádios. Não existe um campo para musica instrumental no Brasil. Não
é um trabalho de hits. É um trabalho artístico, mas muito bem feito e
construído de forma inteligente.
Nota: 9,0 / 10,0
Status: Excelente
Faixas:
01)
Dinamite
02)
Na Quebrada do Garcia
03)
Fim da Festa
04)
Farroupilha Blues
05)
Aurora Boreal
06)
Na Pele do Pelé
07)
Índio do Alto da Silveira
08)
Isabella... Eu Tive Uma Ideia
09)
Xulipe no Reggae
10)
Para Paco “De Lucia”
11)
Cine Pax
12)
Caravaggio
13)
Chorando no Cantinho
14)
Bolado II
15)
Coração Mudo
16)
Rock No Carnaval