segunda-feira, 2 de março de 2015

Exxótica – Não Me Cobre (2014):



Por Davi Pascale

A banda Exxótica está de volta à ativa e com novo EP no mercado. Novo trabalho traz as velhas características do trio e deve agradar seus velhos seguidores. Quem curtiu a primeira encarnação da banda, pode comprar sem medo.

O Exxótica nunca foi unanimidade. Pelo contrário, sempre dividiu opiniões. Parece fazer parte do velho esquema: ame ou odeie. Ao mesmo tempo em que traziam uma preocupação com o visual (altamente influenciado por Kiss), traziam um certo despojamento, que muita gente confundia com amadorismo. Nunca foram pretensiosos. Sempre cantaram em português, fizeram refrões pegajosos, melodias simples. O que sempre faltou, na minha visão, foi um bom empresário e um bom fotógrafo. Várias imagens dos rapazes passam uma idéia de banda podreira, o que definitivamente não é o caso. Sempre tiveram uma pegada mais comercial por trás. Nos shows, por outro lado, o visual funciona legal.

Ok, algumas letras apostam em uma temática mais sarcástica (principalmente as que contam com a interpretação do “Reverendo” Marcelo Rossi), mas não é de hoje que isso faz parte do rock nacional. Essa característica é mantida no EP em “O Homem do Bisturi”. Canção que havia sido composta para o Exxótica e lançada no projeto que o baixista criou após o término do grupo, Reverendo. Entre as duas cantadas pelo rapaz, é a mais forte.

EP marca retorno do grupo após 3 anos separados

Entretanto, quem sempre me chamou a atenção de verdade no Exxótica foi Daniel Iasbeck. Além de ser um guitarrista de mão cheia, sempre gostei muito mais do seu trabalho vocal. Sempre considerei seu timbre de voz melhor, além de possuir um maior alcance. Aqui, fica responsável pelas outras 4 faixas do CD. Onde o destaque fica por conta da faixa-título. Dentre as 6 músicas, além da regravação da faixa de Palhaço Maldito do Rock Brasileiro, arriscaram uma nova versão de “Meu e de Ninguém Mais”, lançada originalmente em Jogos de Azar. Gosto muito da música, mas achei a atitude desnecessária.

Do mais, é o velho Exxótica de sempre. Altamente influenciado pelo hard rock dos anos 70 e 80, entregam 6 faixas com refrões grudentos e ótimos riffs de guitarra. O único senão, como 90% dos álbuns independentes da cena de rock brasileira, é a qualidade de gravação da bateria. O instrumento está com um som bem magro, que destoa da sonoridade do grupo que busca manter o peso nas canções, apesar do apelo comercial (Apelo esse que não considero uma falha e acho essencial para quem quer viver de rock no Brasil). Esperando agora por um álbum completo. Como um pequeno aperitivo, está valendo!

Nota: 7,0 / 10,0
Status: hard rock despretensioso

Faixas:
      01)   Não Me Cobre
      02)   Lobotomia
      03)   Conspiração
      04)   O Homem do Bisturi
      05)   Meu e de Ninguém Mais
      06)   A Ex