domingo, 26 de outubro de 2014

U2 – Songs of Innocence (2014)





Por Davi Pascale

A banda irlandesa U2 chega à seu 13° álbum apostando uma sonoridade mais moderna, porém não distante de sua realidade. Com álbum com tom mais pessoal, a banda deve agradar seus fãs.

Uma boa parte das pessoas que, assim como eu, começaram a acompanhar o grupo na década de 80 torcem para um retorno às raízes. Já houve algumas promessas, mas nunca ocorreu. E, honestamente, acho que nem vai. Se tem algo que o grupo de Bono Vox pode se orgulhar é de ter sempre olhado pra frente. U2 nunca ficou preso ao passado e não seria agora que fariam isso. Em todos esses anos arriscando, houve vários acertos como o clássico Joshua Tree e o inovador Atchung Baby (um álbum que muitos demoraram a compreender e que além de trazer uma aproximação com a juventude, mudou a cara do mercado. Não demorou muito e grupos como Simple Minds e The Cult fizeram álbuns exatamente na mesma vibe); e alguns erros como o confuso Zooropa.

O som do U2 está mais cru do que em No Line On The Horizon, mas isso não quer dizer que os elementos eletrônicos desapareceram. Pelo contrário, continuam marcando forte presença. A diferença é que se em álbuns como o Pop, muitas vezes esses elementos davam a tônica da canção, aqui entram como uma costura. Várias músicas daqui poderiam terem sido escritas por grupos como Keane, Killers, Thirty Seconds to Mars e Coldplay. O engraçado é que sempre notei enorme influência de U2 no som desses conjuntos, mas nunca imaginei que o grupo de Bono Vox faria algo tão próximo à esse universo como ocorre aqui.


Disco traz homenagem para mãe de Bono Vox

Acredito que seja uma nova tentativa de se aproximar da nova geração. Outro fator que me faz pensar isso é a jogada que utilizaram com a Apple para promover o álbum. Assisti a mais recente passagem do grupo pelo país e ficou nítido que grande parte da plateia era formada por pessoas que tinham de 30 anos para cima. E o mercado radiofônico atualmente é dominado por uma linguagem jovem. Mesmo artistas icônicos como Paul McCartney, Alice Cooper, Deep Purple e Kiss, têm grande dificuldade em emplacar novas faixas nas rádios, mesmo fazendo grandes álbuns.

As letras também apontam por um novo caminho, trazendo um tom mais pessoal. “Iris (Hold Me Close)” fala sobre a mãe de Bono, que morreu quando o cantor tinha apenas catorze anos. “Song For Someone” é uma homenagem à Ali Hewson, esposa do cantor. “Cedarwood Road” é uma referência de onde residia nos seus tempos de garoto.

Embora conte com uma capa de gosto extremamente duvidoso, o grupo não deixa a desejar nas composições. Se por um lado, não está no nível de um The Unforgettable Fire; de outro não dá para dizer que seja um trabalho inexpressivo. Foram 5 anos de espera, mas valeu a pena...

Nota: 7,5
Status: Bom

Faixas:
      01)   The Miracle (Of Joey Ramone)
      02)   Every Breaking Wave
      03)   California (There Is No Need To Love)
      04)   Song For Someone
      05)   Iris (Hold Me Close)
      06)   Volcano
      07)   Raised By Wolves
      08)   Cedarwood Road
      09)   Sleep Like a Baby Tonight
      10)   This Is Where You Can Reach Me Now
      11)   The Troubles