Por Davi Pascale
A banda irlandesa U2 chega à seu 13° álbum apostando uma sonoridade mais
moderna, porém não distante de sua realidade. Com álbum com tom mais pessoal, a
banda deve agradar seus fãs.
Uma boa parte das pessoas que, assim como eu, começaram a acompanhar o
grupo na década de 80 torcem para um retorno às raízes. Já houve algumas
promessas, mas nunca ocorreu. E, honestamente, acho que nem vai. Se tem algo
que o grupo de Bono Vox pode se orgulhar é de ter sempre olhado pra frente. U2
nunca ficou preso ao passado e não seria agora que fariam isso. Em todos esses
anos arriscando, houve vários acertos como o clássico Joshua Tree e o inovador Atchung
Baby (um álbum que muitos demoraram a compreender e que além de
trazer uma aproximação com a juventude, mudou a cara do mercado. Não demorou
muito e grupos como Simple Minds e The Cult fizeram álbuns exatamente na mesma
vibe); e alguns erros como o confuso Zooropa.
O som do U2 está mais cru do que em No
Line On The Horizon, mas isso não quer dizer que os elementos eletrônicos
desapareceram. Pelo contrário, continuam marcando forte presença. A diferença é
que se em álbuns como o Pop, muitas
vezes esses elementos davam a tônica da canção, aqui entram como uma costura.
Várias músicas daqui poderiam terem sido escritas por grupos como Keane,
Killers, Thirty Seconds to Mars e Coldplay. O engraçado é que sempre notei
enorme influência de U2 no som desses conjuntos, mas nunca imaginei que o grupo
de Bono Vox faria algo tão próximo à esse universo como ocorre aqui.
Disco traz homenagem para mãe de Bono Vox |
Acredito que seja uma nova tentativa de se aproximar da nova geração.
Outro fator que me faz pensar isso é a jogada que utilizaram com a Apple para
promover o álbum. Assisti a mais recente passagem do grupo pelo país e ficou
nítido que grande parte da plateia era formada por pessoas que tinham de 30
anos para cima. E o mercado radiofônico atualmente é dominado por uma linguagem
jovem. Mesmo artistas icônicos como Paul McCartney, Alice Cooper, Deep Purple e
Kiss, têm grande dificuldade em emplacar novas faixas nas rádios, mesmo fazendo
grandes álbuns.
As letras também apontam por um novo caminho, trazendo um tom mais
pessoal. “Iris (Hold Me Close)” fala sobre a mãe de Bono, que morreu quando o
cantor tinha apenas catorze anos. “Song For Someone” é uma homenagem à Ali
Hewson, esposa do cantor. “Cedarwood Road” é uma referência de onde residia nos
seus tempos de garoto.
Embora conte com uma capa de gosto extremamente duvidoso, o grupo não
deixa a desejar nas composições. Se por um lado, não está no nível de um The Unforgettable Fire; de outro não dá
para dizer que seja um trabalho inexpressivo. Foram 5 anos de espera, mas valeu
a pena...
Nota: 7,5
Status: Bom
Faixas:
01)
The Miracle (Of Joey Ramone)
02)
Every Breaking Wave
03)
California (There Is No Need To
Love)
04)
Song For Someone
05)
Iris (Hold Me Close)
06)
Volcano
07)
Raised By Wolves
08)
Cedarwood Road
09)
Sleep Like a Baby Tonight
10)
This Is Where You Can Reach Me
Now
11)
The Troubles
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