Por Rafael Menegueti
Scalene - Éter |
Com a exposição trazida pela sua participação no programa
Superstar, da Rede Globo, muito se falou sobre os brasilienses do Scalene. O
grupo era um dos favoritos e ficou com o segundo lugar na atração, e chamou
muita atenção do público com sua música. Mas o Scalene não é uma banda novata,
tendo já lançado três álbuns de estúdio e com uma crescente popularidade que já
vinha de antes do reality musical. O mais recente deles é “Éter”, que foi
lançado esse ano e do qual falarei agora.
Diferente de muitas bandas alternativas independentes na
atual cena brasileira, o Scalene não é mais uma banda pretenciosa que imita Los
Hermanos. Nem são metidinhos a querer ter uma cara “brasileira” só pra agradar
aqueles que acham que devemos sempre valorizar a nossa própria cultura e não “copiar
os americanos”. A banda tem sim um toque brasileiro em sua sonoridade, mas é
algo sutilmente inserido e diluído na boa formula de suas canções, sem aquele
aspecto forçado ufanista. Afinal de contas, o rock não é um estilo surgido no
Brasil, e querer que bandas brasileiras não se espelhem em bandas estrangeiras
pra mim é muito estranho.
O grupo começou com duas vozes. Além de Gustavo Bertoni,
a banda tinha Alexia Fidalgo, que gravou com a banda o primeiro disco, mas saiu
em seguida. Nos dois primeiros discos, é possível ver uma boa evolução nas composições,
que tem personalidade e pegada, especialmente o segundo, “Real/Surreal”. Em “Éter”
a criatividade da banda vai além. As claras influências da banda, como Queens
of the Stone Age e Radiohead, continuam moldando o som da banda. Aqui também é perceptível
um grande amadurecimento nas composições, que dão uma cara única e nova na cena
do rock nacional.
Os membros do Scalene |
“Sublimação” abre o disco prendendo o ouvinte com uma
melodia interessante, antes de prosseguir na mais agitada e suja “O Peso da
Pena”. Em algumas faixas a banda foca no peso para deixar sua marca, casos de “Histeria”,
“Náufrago” e “Loucure-se”. Em outras o foco são melodias e arranjos mais trabalhados
e suaves, como em “Fogo”, “Terra” (com participação de Mauro Henrique do
Oficina G3) e “Tiro Cego”. Outras faixas que mostram uma banda bem cadenciada e
criativa, se destacando no disco, são “Alter Ego”, “Gravidade” e “Legado”, que
encerra o disco muito bem.
O Scalene pode até não ter ganhado o Superstar, mas nem
precisa. O grupo tem potencial de sobra pra alcançar o sucesso com méritos
próprios, como vinha fazendo. Alias acho até melhor assim, evitando que mais
uma banda boa acabasse lapidada e enquadrada pelos padrões comerciais pouco
interessantes do que a Globo poderia fazer com eles. Até porque considero o Scalene
como uma banda com bem mais personalidade e criatividade do que o Malta, vencedor
da edição anterior, e que, na minha opinião, acabou lançando um trabalho
facilmente esquecível e superável. Se com eles eu achava que faltava provar que
eram realmente uma banda a considerar no rock nacional (o que eles ainda não
conseguiram a meu ver), com o Scalene a situação é oposta. Eles não precisam
provar mais nada, eles já são uma realidade positiva no rock brasileiro.
Nota: 9/10
Status: Criativo e envolvente
Faixas:
1- Sublimação
2- O Peso da Pena
3- Histeria
4- Fogo
5- Gravidade
6- Furacão
7- Terra
8- Náufrago
9- Alter Ego
10- Tiro Cego
11- Loucure-se
12- Legado