domingo, 19 de julho de 2015

Scalene – Éter (2015)

Por Rafael Menegueti

Scalene - Éter
Com a exposição trazida pela sua participação no programa Superstar, da Rede Globo, muito se falou sobre os brasilienses do Scalene. O grupo era um dos favoritos e ficou com o segundo lugar na atração, e chamou muita atenção do público com sua música. Mas o Scalene não é uma banda novata, tendo já lançado três álbuns de estúdio e com uma crescente popularidade que já vinha de antes do reality musical. O mais recente deles é “Éter”, que foi lançado esse ano e do qual falarei agora.

Diferente de muitas bandas alternativas independentes na atual cena brasileira, o Scalene não é mais uma banda pretenciosa que imita Los Hermanos. Nem são metidinhos a querer ter uma cara “brasileira” só pra agradar aqueles que acham que devemos sempre valorizar a nossa própria cultura e não “copiar os americanos”. A banda tem sim um toque brasileiro em sua sonoridade, mas é algo sutilmente inserido e diluído na boa formula de suas canções, sem aquele aspecto forçado ufanista. Afinal de contas, o rock não é um estilo surgido no Brasil, e querer que bandas brasileiras não se espelhem em bandas estrangeiras pra mim é muito estranho.

O grupo começou com duas vozes. Além de Gustavo Bertoni, a banda tinha Alexia Fidalgo, que gravou com a banda o primeiro disco, mas saiu em seguida. Nos dois primeiros discos, é possível ver uma boa evolução nas composições, que tem personalidade e pegada, especialmente o segundo, “Real/Surreal”. Em “Éter” a criatividade da banda vai além. As claras influências da banda, como Queens of the Stone Age e Radiohead, continuam moldando o som da banda. Aqui também é perceptível um grande amadurecimento nas composições, que dão uma cara única e nova na cena do rock nacional.

Os membros do Scalene
“Sublimação” abre o disco prendendo o ouvinte com uma melodia interessante, antes de prosseguir na mais agitada e suja “O Peso da Pena”. Em algumas faixas a banda foca no peso para deixar sua marca, casos de “Histeria”, “Náufrago” e “Loucure-se”. Em outras o foco são melodias e arranjos mais trabalhados e suaves, como em “Fogo”, “Terra” (com participação de Mauro Henrique do Oficina G3) e “Tiro Cego”. Outras faixas que mostram uma banda bem cadenciada e criativa, se destacando no disco, são “Alter Ego”, “Gravidade” e “Legado”, que encerra o disco muito bem.

O Scalene pode até não ter ganhado o Superstar, mas nem precisa. O grupo tem potencial de sobra pra alcançar o sucesso com méritos próprios, como vinha fazendo. Alias acho até melhor assim, evitando que mais uma banda boa acabasse lapidada e enquadrada pelos padrões comerciais pouco interessantes do que a Globo poderia fazer com eles. Até porque considero o Scalene como uma banda com bem mais personalidade e criatividade do que o Malta, vencedor da edição anterior, e que, na minha opinião, acabou lançando um trabalho facilmente esquecível e superável. Se com eles eu achava que faltava provar que eram realmente uma banda a considerar no rock nacional (o que eles ainda não conseguiram a meu ver), com o Scalene a situação é oposta. Eles não precisam provar mais nada, eles já são uma realidade positiva no rock brasileiro.


Nota: 9/10
Status: Criativo e envolvente

Faixas:
1- Sublimação
2- O Peso da Pena
3- Histeria
4- Fogo
5- Gravidade
6- Furacão
7- Terra
8- Náufrago
9- Alter Ego
10- Tiro Cego
11- Loucure-se
12- Legado