sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Scream – Let It Scream (1991):



Por Davi Pascale

Formado por músicos respeitados na cena, o Scream durou um único álbum e deixou saudades. Álbum trazia um hard rock pesado, contagiante e altamente inspirado.

Atendo hoje um pedido de nossos leitores para comentar sobre o álbum do Scream. Um trabalho de altíssima qualidade que ficou meio que perdido, já que a banda nunca atingiu a fama de fato. Aliás, esse é o único álbum deles.

A banda pode não ter se tornado um grande nome, mas seus integrantes são famosos entre aqueles que acompanham a cena hard/heavy de perto. John Corabi chegou a assumir os vocais do Motley Crue por um tempo, o guitarrista Bruce Boillet e o baixista John Alderete fizeram parte do cultuado Racer X. Somente Walt Woodward III que é mais desconhecido, mas se levarmos em conta que ele entrou na banda substituindo Scott Travis, que largou os rapazes para se juntar ao Judas Priest, já dá para sacar que talento o cara tem de sobra, certo? Scott Travis é um monstro e os caras não iriam pegar qualquer zé mané para substituir o cara...

O lineup estava mais do que correto, o repertório é matador. A produção é certeira. Afinal, o trabalho foi produzido pelo ‘macaco velho’ Eddie Kramer. Em seu currículo, estão nomes como Alice Cooper, Kiss e Jimi Hendrix. Para quem faz um som mais puxado para o hard, esse cara é meio que o produtor dos sonhos.

1991 foi um bom ano para o hard rock. Foi o ano em que vimos lançamentos do porte de Use Your Illusion (Guns n Roses), Slave To The Grind (Skid Row), Ceremony (The Cult), Psychotic Supper (Tesla), Hungry (XYZ), Dangerous Curves (Lita Ford), Lean Into It (Mr. Big), A Little Ain´t Enough (David Lee Roth), somente para citar alguns. Foi no meio desse cenário que veio o Scream.

Ainda estava na moda aquelas bandas que faziam um som mais comercial, com cabelos volumosos e visuais espalhafatosos. Nos USA, eram tratados como hair metal. No Brasil, eram ridicularizados com o termo rock farofa. Nossos críticos não compreendiam o lado festeiro dos garotos. De todo modo, o Scream fazia um som mais pesado.

Há os momentos mais festivos, mas não chegam a ser tão comerciais quanto o Poison. “Give It Up”, “Every Inch a Woman” e o single “I Believe In Me” são as que melhor resgatam esse clima de festa, sendo que “I Believe In  Me” é minha favorita, me remetendo ao (ótimo) Cinderella.

Quem conhece o Union, ótima banda que John Corabi montou junto com o guitarrista Bruce Kulick (Kiss), após sua saída do Motley, já ouviu “Man In The Moon”, um hard rock cativante com uma pegada meia Lynch Mob. Outra que me remete ao grupo de George Lynch é a porrada “I Don´t Cry”. Sempre que escuto a intro desse som me recordo de “Street Fightin´ Man” (Wicked Sensation) por alguma razão.

As bandas de hard rock desse período costumavam fazer baladas inspiradas em levada country. Aqui, não é diferente e podemos notar a influencia em “Father, Mother, Son”. A pegada mais blues aparece na acústica “Never Loved Her Anyway” que remete um pouco ao Tesla quando se aventuravam nesse universo voz/violão. Quem já ouviu Five Man Acoustic Jam vai me entender.

Outros grandes destaques ficam por conta de “Loves Got a Hold On Me” com sua influência stones, “Catch Me If You Can”, com um trabalho de guitarra àla Van Halen e a balada “You Are All I Need” que traz o talentosíssimo Ray Gillen (Badlands) nos backing vocals.

Trabalho de guitarra é matador, trabalho vocal é matador (aliás, John Corabi, para mim, é um dos melhores vocalistas de rock da atualidade) e repertório, como disse, é fantástico. Para quem curte hard rock, audição obrigatória.

Nota: 9,0 / 10,0
Status: Empolgante

Faixas:
      01)   Outlaw
      02)   I Believe In Me
      03)   Man In The Moon
      04)   Father, Mother, Son
      05)   Give It Up
      06)   Never Loved Her Anyway
      07)   Tell Me Why
      08)   Loves Got a Hold On Me
      09)   I Don´t Cry
      10)   Every Inch a Woman
      11)   You Are All I Need
      12)   Catch Me If You Can