Por Davi Pascale
Formado por músicos respeitados
na cena, o Scream durou um único álbum e deixou saudades. Álbum trazia um hard rock pesado, contagiante e altamente inspirado.
Atendo hoje um pedido de nossos
leitores para comentar sobre o álbum do Scream. Um trabalho de altíssima qualidade
que ficou meio que perdido, já que a banda nunca atingiu a fama de fato. Aliás,
esse é o único álbum deles.
A banda pode não ter se tornado
um grande nome, mas seus integrantes são famosos entre aqueles que acompanham a
cena hard/heavy de perto. John Corabi chegou a assumir os vocais do Motley Crue
por um tempo, o guitarrista Bruce Boillet e o baixista John Alderete fizeram
parte do cultuado Racer X. Somente Walt Woodward III que é mais desconhecido,
mas se levarmos em conta que ele entrou na banda substituindo Scott Travis, que
largou os rapazes para se juntar ao Judas Priest, já dá para sacar que talento
o cara tem de sobra, certo? Scott Travis é um monstro e os caras
não iriam pegar qualquer zé mané para substituir o cara...
O lineup estava mais do que
correto, o repertório é matador. A produção é certeira. Afinal, o trabalho foi produzido pelo ‘macaco
velho’ Eddie Kramer. Em seu currículo, estão nomes como Alice Cooper,
Kiss e Jimi Hendrix. Para quem faz um som mais puxado para o hard, esse
cara é meio que o produtor dos sonhos.
1991 foi um bom ano para o hard
rock. Foi o ano em que vimos
lançamentos do porte de Use Your
Illusion (Guns n Roses), Slave To
The Grind (Skid Row), Ceremony
(The Cult), Psychotic Supper (Tesla),
Hungry (XYZ), Dangerous Curves (Lita Ford), Lean
Into It (Mr. Big), A Little Ain´t
Enough (David Lee Roth), somente para citar alguns. Foi no meio desse cenário
que veio o Scream.
Ainda estava na moda aquelas
bandas que faziam um som mais comercial, com cabelos volumosos e visuais
espalhafatosos. Nos USA, eram tratados como hair metal. No Brasil, eram
ridicularizados com o termo rock farofa. Nossos críticos não compreendiam o
lado festeiro dos garotos. De todo modo, o Scream fazia um som mais
pesado.
Há os momentos mais festivos, mas
não chegam a ser tão comerciais quanto o Poison. “Give It Up”, “Every Inch a Woman”
e o single “I Believe In Me” são as que melhor resgatam esse clima de festa,
sendo que “I Believe In Me” é minha
favorita, me remetendo ao (ótimo) Cinderella.
Quem conhece o Union, ótima banda
que John Corabi montou junto com o guitarrista Bruce Kulick (Kiss), após sua
saída do Motley, já ouviu “Man In The Moon”, um hard rock cativante com uma
pegada meia Lynch Mob. Outra que me remete ao grupo de George Lynch é a porrada
“I Don´t Cry”. Sempre que escuto a intro desse som me recordo de “Street
Fightin´ Man” (Wicked Sensation) por alguma razão.
As bandas de hard rock desse
período costumavam fazer baladas inspiradas em levada country. Aqui, não é
diferente e podemos notar a influencia em “Father, Mother, Son”. A pegada mais
blues aparece na acústica “Never Loved Her Anyway” que remete um pouco ao Tesla
quando se aventuravam nesse universo voz/violão. Quem já ouviu Five Man Acoustic Jam vai me entender.
Outros grandes destaques ficam
por conta de “Loves Got a Hold On Me” com sua influência stones, “Catch Me If
You Can”, com um trabalho de guitarra àla Van Halen e a balada “You Are All I
Need” que traz o talentosíssimo Ray Gillen (Badlands) nos backing vocals.
Trabalho de guitarra é matador,
trabalho vocal é matador (aliás, John Corabi, para mim, é um dos melhores
vocalistas de rock da atualidade) e repertório, como disse, é fantástico. Para
quem curte hard rock, audição obrigatória.
Nota: 9,0 / 10,0
Status: Empolgante
Faixas:
01)
Outlaw
02) I Believe In Me
03) Man In The Moon
04) Father, Mother, Son
05) Give It Up
06) Never Loved Her Anyway
07) Tell Me Why
08) Loves Got a Hold On Me
09) I Don´t Cry
10) Every Inch a Woman
11) You Are All I Need
12) Catch Me If You Can