quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

O Rock Brasileiro de 2005



Por Davi Pascale

Muitos falam que o rock nacional não tem nada que preste há anos. Embora não estejamos na melhor fase, sempre me recusei a acreditar nisso. Hoje, resolvi separar 5 ótimos discos da cena nacional que já completam 10 anos de seu lançamento (nessa fase já tinha nego dizendo que o rock brasileiro não prestava). Confere aí... 


Capital Inicial – Aborto Elétrico



Esse álbum foi um risco para o Capital Inicial. O grupo havia dominado as paradas de sucesso com 3 trabalhos que contavam com uma pegada mais comercial. Vários adolescentes estavam comparecendo nos shows. A MTV estava do seu lado. E a proposta daqui era de resgatar o material do Aborto Elétrico (grupo punk de Brasília que deu origem à Legião Urbana, Plebe Rude e ao próprio Capital). A ideia era fantástica. Afinal, o antigo grupo do falecido Renato Russo havia encerrado as atividades sem nenhum registro. Algumas músicas foram resgatadas pelos grupos posteriormente. Uma outra boa parte ficou esquecida. Aqui, o grupo de Dinho Ouro Preto (fã declarado de Renato Russo) registrou as músicas como elas foram concebidas. Ou seja, o álbum é bem pesadinho. Com guitarras falando alto e letras ásperas, era praticamente o oposto daquilo que seus fãs mais novos estavam acostumados. Resultado? Um grande disco que passou praticamente batido.



Shaman – Reason



Em 2005, o Shaman lançou seu segundo disco. O último da era Andre Matos. A banda já havia meio que nascido grande, já que havia sido formada a partir da separação dos músicos do Angra. Ricardo Confessori, Luis Mariutti e Andre resolveram começar um novo projeto por não concordarem com o método empresarial que estava sendo aplicado. Nesse segundo disco, os músicos vieram com uma nova proposta musical, o que acabou assustando os fãs. Com uma sonoridade mais pesada e direta, muitos torceram o nariz. O que é realmente uma pena. Reason é um puta disco. Faixas como “Iron Soul”, “Turn Away e “Scarred Forever” estão entre as grandes composições de Andre. E, ah sim, a versão de “More” do Sisters of Mercy ficou bem legal. Vale a pena dar uma segunda chance...



Pitty – Anacrônico



Depois de ter emplacado metade do seu debut (Admirável Chip Novo) nas rádios e ter se tornado referência para toda a garotada da época, uma dúvida pairava no ar: seria a garota capaz de manter o sucesso alcançado? Ou seria mais uma daquelas artistas que emplacam com um álbum e somem no seguinte? Pois ela conseguiu. Não apenas manteve seu público, como voltou a emplacar diversas faixas. Para ser mais exato, 4 canções se tornaram hits. Entretanto, o CD era realmente forte. Várias faixas lado B chamavam a atenção e eram pedidas nas apresentações da cantora. “De Você” e “No Escuro” são alguns exemplos. “Ignorin´ U” e “Quem Vai Queimar” também estão entre os grandes destaques. Em Anacrônico, Pitty demonstrava que era possível fazer um disco que fosse, ao mesmo tempo, pesado e comercial.


Shadowside – Theatre Of Shadows


O Shadowside, atualmente, é meio manjadinho para aqueles que acompanham a cena brasileira de heavy metal. Descobri a banda quando esse trabalho foi lançado. Na época, estava trabalhando na revista RockLife e recebíamos CDs de porrada de bandas iniciantes. O disco do Shadowside estava meio que abandonado por lá, depois de ter sido resenhado por um colaborador. Resolvi pegar para conferir e, a partir daquele momento, o CD já tinha dono. A banda se destacava ao apresentar uma sonoridade pesada, com personalidade e,o mais legal de tudo, com um ótimo trabalho vocal de Dani Nolden. Apresentando influências diversas, indo do hard rock ao power metal, a banda de Santos fez um ótimo debut. Quem não conhece, vale a pena conferir.
 

Cachorro Grande – Pista Livre



O grupo gaúcho havia feito um ótimo debut em 2001 e havia decepcionado em seu segundo disco, As Próximas Horas Serão Muito Boas. Mesmo assim, estavam em uma crescente de popularidade. Não tardou e os rapazes foram contratados pela Deckdisc. Gravadora que estava emplacando artista atrás de artista na época. Além da já citada Pitty, bandas como Matanza e Dead Fish faziam parte do cast. Os rapazes não decepcionaram e deram a volta por cima. Totalmente masterizado em Abbey Road (estúdio de Londres onde gravavam os Beatles), os garotos retornaram com um trabalho maduro e repleto de canções inspiradíssimas como “Bom Brasileiro”, "Eu Pensei", "Agora Eu Tô Bem Louco", "Novo Super-Herói" e "Sinceramente". Divertidíssimo!