Por Davi Pascale
Foto Show: Natália Pepe (extraída da página oficial do Facebook da cantora)
Cantora paulista empolga platéia com
novo show. Dona de uma ótima presença de palco e voz potente, a garota entra de
cabeça no universo do rock n roll. Apresentação teve ingressos esgotados.
Quem compareceu ao Sesc Santo
Andre no último sábado, se deliciou com uma bela apresentação da Ana Cañas. A
influência de rock sempre esteve presente no seu trabalho, mas nunca de maneira
tão evidente. Os violões deram espaço às guitarras distorcidas. Os covers de Edith
Piaf e Chico Buarque sumiram. A banda diminuiu. O volume aumentou.
A garota fez o show que todo fã
de rock gosta: direto e cheio de atitude. Sem atrasos, a moça subiu ao palco no
horário previsto: 20h. Seu visual mudou um pouco desde seu DVD ao vivo (o bom Coração Inevitável). Embora continue com cabelos longos, roupa
preta, tatuagem à mostra, estava com um visual mais despojado. O vestido longo deu espaço à uma roupa mais curta. O som, contudo, foi onde apresentou maior mudança. Quem foi ao show
esperando uma apresentação de MPB, se espantou. Quem foi conferir de perto do
que é capaz, se divertiu. E bastante!
A moça parece ser uma antítese contra
toda a caretice que se encontra em boa parte da música brasileira atualmente.
Carismática, conversa com a platéia entre as músicas. “Estou me acostumando à
tocar em palcos maiores e teatro tem essa pegada mais intimista. Todo mundo
quietinho. Da próxima vez, vou distribuir uns birinaites na porta pra ver se a
galera sai dançando”, brincou, arrancando gargalhadas do publico. A garota não
perdia o bom humor nem com as provocações dos rapazes da platéia. “Todo show
tem esses loucos. Mas, beleza, louca atrai louco, certo?”.
Cantora no show do último sábado |
Seu novo álbum, (o ótimo) Tô Na Vida, é seu primeiro álbum 100%
autoral e já deixava claro sua aproximação com o rock n´ roll. Na verdade, ela
sempre deu algumas dicas. Seu segundo disco, Hein?, já tinha uma vibe roqueira e contava com autoria do ex-Titãs
Arnaldo Antunes em diversas faixas. Em seu terceiro trabalho, provocou o
ouvinte ao entregar uma versão jazzística de “Rock n´ Roll” do Led Zeppelin.
Quem acompanhou seu trabalho de perto, sacava que existia uma admiração pela
cena desde sempre. No novo show, contudo, as eventuais dúvidas caem por terra.
Seja pelo trabalho de guitarra de Lucio Maia (Nação Zumbi), seja pelo trabalho
vocal de Ana. Endiabrada, a garota não consegue se segurar e ataca a voz para
cima diversas vezes.
A nova banda é enxuta. Um
guitarrista, um baterista, um baixista e nada mais. A artista ficou responsável
por fazer segunda guitarra e violões em algumas canções. O set foi dividido
misturando faixas do novo álbum com canções de seus antigos discos e que são
essenciais em seus shows. Quase todas com uma dose extra de distorção. O
clássico do Zeppelin, inclusive, ganhou uma nova cara, resgatando o espírito
roqueiro, mas sem se prender ao arranjo original. Não faltaram músicas como “Será
Que Você Me Ama”, “Urubu Rei”, “Esconderijo”, “Existe”, “Coisa Deus” e “O Som
do Osso”. Durante sua nova faixa de trabalho, “Tô Na Vida”, Ana convidou ao palco Mabel. A garotinha de apenas 11 anos, filha do guitarrista,
estava visivelmente assustada, mas se saiu bem e foi bastante aplaudida.
Durante aproximadamente 100
minutos, a cantora entregou um espetáculo divertido, profissional, cheio de
garra e atitude. Nos anos 90, a falecida Cássia Eller conseguiu ganhar a admiração do
publico das duas vertentes. Embora tenha características diferentes da cantora
carioca, Ana Cañas tem de tudo para repetir o feito. Vejamos o que o futuro
aguarda.