Por Davi Pascale
Finalmente fiz minha assinatura
do tão falado Netflix. E eis que
fuçando entre os títulos disponíveis, me deparo com alguns documentários de
artistas de rock. O primeiro que parei para assistir foi o do guitarrista do
Rolling Stones, Keith Richards. Criado durante as gravações de Crosseyed Heart, documentário traz
formato diferenciado.
Esse não é um filme sobre sua
entrada na banda, suas relações com as drogas, sua aventura no Piratas do Caribe. Não comenta de seus
discos mais famosos, nem nada do tipo. Do que se trata afinal? Como o próprio nome
sugere, o ponto chave são suas influências. Todas elas perceptíveis em seu mais
recente álbum.
Sim, há alguns comentários sobre
os Rolling Stones, e não tinha como ser diferente, mas essa não é a temática do
filme. Comenta sobre o nascimento de canções como “Street Fightin´ Man” e “Sympathy
For The Devil”, mas tudo como uma forma de demonstrar como funciona seu
processo de composição. O modo como ele criou a distorção de “Street Fightin´
Man” é bem interessante, mas não vou contar para não estragar a surpresa.
A mesma situação ocorre na hora
de falar sobre sua infância. Comenta sobre os primeiros artistas que ouviu, o
que seus pais ouviam e o que tocava nas rádios, mas tudo para demonstrar o quão
importante foi aquele universo na hora de criar seu estilo.
Algumas situações são bem óbvias.
Não é preciso ser um stonemaníaco, nem ter Keith como seu maior ídolo, para
saber sua admiração pelo blues. Basta ouvir os primeiros LP´s dos Stones e ler
os créditos de composição para notar que várias daquelas musicas pertenciam à
nomes como Willie Dixon, Jimmy Reed, Muddy Watters, entre outros. Outra
presença constante é a de Chuck Berry.
“Todos foram influenciados pelo
Chuck Berry. Até quem não sabe”, brinca Richards em determinado momento. A
influência do musico St Louis é inegável. Afinal, foi a admiração pelo próprio que
juntou a dupla Jagger/Richards. Keith comenta sobre sua participação no
documentário Hail Hail Rock n Roll e
sobre sua briga com seu maior ídolo na ocasião. Simplesmente hilário!
Outras influências presentes em
seu universo são o jazz e country. Keith explica como entrou nesse universo, o
impacto que teve em sua vida e sua obra, e quem são os artistas que chamaram sua
atenção de imediato.
No longa, mesclam imagens de
ensaio de seu mais novo álbum com imagens de arquivo. As imagens de arquivo já
são manjadas entre os colecionadores da banda, mas dentro do filme dão um toque
especial. Under the Influence é um filme bem bacana para quem já é fã do rapaz.
Entre seus 80 minutos, o músico faz declarações interessantes e mostra que,
apesar de seu jeito desleixado, tem total controle do que faz e sabe exatamente
onde quer chegar. E ainda garante: “tocarei enquanto for capaz de tocar”. A
música agradece.