Por Davi Pascale
Acaba de chegar ao mercado um trabalho
extremamente inusitado, porém, muito bacana. O álbum que Billy Joe Armstrong e Norah
Jones fizeram juntos. Aposto que você deve estar se perguntando: o que é esse
CD? Quem são esses dois? E o que esse disco tem de tão especial? Vamos às explicações...
Billy Joe ganhou fama na década
de 90, ao lado do Green Day. Eles e o Offspring lideravam a cena punk rock
californiana. Smash e Dookie são discos que rolavam sem parar no cd player
dos adolescentes da época. O sucesso desses grupos despertou o interesse da
nova geração na cena punk que acabou resultando com uma retomada do Bad
Religion – que invadiu as rádios com músicas como “Walk”, “21st Century Digital
Boy” e “Infected” – e a volta do lendário Sex Pistols à ativa.
Norah Jones, de outro lado,
roubou a cena com seu álbum de estréia, Come Away With Me, em 2003. Esse CD
rendeu nada mais, nada menos do que 8 Grammys à cantora. Filha do músico
indiano Ravi Shankar (um dos grandes ídolos do beatle George Harrison), ficou
conhecida por fazer um som mais suave flertando elementos do jazz, do country e
do blues.
Trabalho mostra nova faceta do cantor do Green Day |
O que esses dois têm em comum?
Nada! E é exatamente esse elemento que torna o disco tão atraente. Em termos
gerais, a sonoridade de Foreverly está infinitamente mais próxima da
realidade de Norah do que a realidade de Billy. Agora... o mais impressionante
de tudo é que o projeto nasceu na cabeça dele. É muito louco imaginar isso
porque não há nada que nos remeta ao seu grupo. Não há baterista descendo a
mão, não há guitarras com distorções, nem letras sarcásticas.
Foreverly é uma releitura de um
álbum do Everly Brothers, Songs Our Daddy Taught to Us, o segundo do duo
norte-americano. Os rapazes fizeram muito sucesso nos anos 50 com músicas como “Wake
Up Little Susie” e “Bye Bye Love”. Nesse disco, passeavam entre o folk e o
country. As letras falavam de temas variados, porém, mais sombrios. A experiência
de ser preso, amor perdido e até mesmo morte. Era uma homenagem deles ao Tennessee.
Billy Joe, descobriu esse disco 2 anos atrás, se encantou com o conceito e decidiu
regravá-lo. Mas, precisava de um segundo vocal. Sua esposa Adrienne sugeriu
Norah Jones e ele acatou a idéia. Norah ficou responsável por interpretar as
partes mais agudas, originalmente cantadas por Phillip ‘Phil’ Everly, enquanto
o cantor do Green Day ficou responsável por cantar as partes de Don Everly.
Capa do disco homenageado |
Embora tenham tido essa
preocupação com a parte vocal, eles não se preocuparam em manter os arranjos
originais. O vinil lançado na época tinha apenas violão e vocal. A nova dupla
foi mais além. Acrescentaram novos instrumentos, deram uma modernizada no som.
Está com uma cara que é retro, mas ao mesmo tempo moderna. Não é aquela
sonoridade típica anos 50. Em alguns momentos lembra um pouco o álbum Feels
Like Home da própria Norah Jones. Não deixa de ser uma sacada legal já que boa
parte da juventude gosta desse som. É um modo de transportá-los à década de
ouro. Um feito e tanto para quem gravou o álbum em apenas 9 dias! A ordem das
canções foi pouca coisa alterada.
É engraçado ouvir Billy Joe Armstrong
cantando de maneira mais suave, mais contida. Muitos artistas quando tentam
fazer algo muito distante daquilo que estão acostumado acabam quebrando a cara,
mas o rapaz se saiu bem. O disco é curto – próximo de 40 minutos – e muito agradável,
mas para apreciá-lo será necessário o ouvinte se distanciar do punk rock que
seu público tanto espera. E aí? Será que você consegue?
Nota: 08/10
Status: Muito bom
Faixas:
01. Roving
Gambler
02. Long
Time Gone
03. Lightning
Express
04. Silver
Haired Daddy of Mine
05. Down
In The Willow Garden
06.
Who´s
Gonna Shoe Your Pretty Little Feet?
07.
Oh
So Many Years
08.
Barbara
Allen
09.
Rockin´
Alone (In An Old Rockin´ Chair)
10.
I´m
Here To Get My Baby Out Of Jail
11.
Kentucky
12.
Put
My Little Shoes Away