Por
Rafael Menegueti
Gloryhammer - Space 1992: Rise of the Chaos Wizards |
Algumas pessoas pensam que o power metal é um estilo que
tem se tornado repetitivo e saturado. O uso de tantos clichês e temáticas
parecidas tem feito com que muita gente começasse a duvidar do futuro do
gênero. Eu particularmente acho que o power metal tem conseguido lidar com isso
usando um pouco mais de criatividade nos últimos anos, as vezes até brincando
com seus próprios clichês. E esse é bem o caso do Gloryhammer, banda escocesa
da qual falo hoje, e que acaba de lançar seu segundo álbum, “Space 1992: Rise
of the Chaos Wizards”.
O grupo foi fundado por um cara que sabe como brincar com
isso como ninguém: Christopher Bowes, vocalista da banda de pirate metal
Alestorm, e que nessa fica incumbido dos teclados. O estilo de suas
composições, com uma leve influência folk, é facilmente perceptível nas faixas.
Mas no lugar das letras sobre aventuras de piratas e bebedeira de seu projeto
mais conhecido, aqui entra a velha historia de fantasia com batalhas épicas e criaturas como dragões e duendes.
A historia é uma continuação que se passa em um futuro
distante dos acontecimentos do primeiro álbum, “Tales From the Kingdom of Fife”
(2013), que contava a historia do herói Angus McFife. Agora, seu descendente
Angus McFife XIII entra em uma batalha intergaláctica na qual... Bem, já dá pra
entender por onde isso vai né? A grande sacada aqui não está na historia, e sim
em seu tratamento.
Quando o videoclipe do single “Rise of The Chaos Wizards”
foi lançado, um comentário a respeito da faixa que vi foi: “Essas letras são
ridículas, e eu adorei isso.” E é exatamente esse o grande detalhe. O
Gloryhammer é uma parodia, não deve ser levado a sério. É só olhar pro figurino
deles pra perceber (foto abaixo). Mas ao mesmo tempo, a qualidade das composições e de sua
execução são imensas, as tornando algo digno de ser levado a serio sim. E os
fãs de power metal não estão nem aí se isso é clichê ou não. O que eles gostam
e esperam é exatamente isso.
Os membros do Gloryhammer devidamente trajados |
O aspecto humorístico da banda é apenas um detalhe depois
que analisamos sua sonoridade. As composições são divertidas e não há aqui
aquele exagero de pretensões com proporções épicas que esse tipo de power metal às vezes
apresenta. Os riffs são bons e despretensiosos, os solos de guitarra são precisos
e inseridos na hora certa, os teclados idem. Um grande alicerce da banda é o
vocalista Thomas Winkler. Devidamente caracterizado como Angus McFife XIII,
seus vocais são potentes e eficientes na medida de que ele sabe usar seu
talento sem abusar dele, criando uma ótima atmosfera de empolgação que as
canções pedem.
E se ainda resta alguma dúvida de que a banda não tem nenhuma
outra pretensão maior do que divertir os fãs do estilo, basta ouvir “Universe
On Fire”, uma música que explora uma mistura de metal e pop dos anos 80/90 com
um leve toque sacana digno das composições de Christopher Bowes, formando um
dos pontos mais altos do disco. E quem conhece o cara sabe que ele já é uma
grande (e genial) paródia ambulante. No demais, “Space 1992: Rise of the Chaos
Wizards” é um disco de power metal que repete uma velha fórmula sem parecer chato
nem ultrapassado, um deleite para os apaixonados pelo gênero.
Nota: 8,5/10
Status: Preciso e bem feito
Faixas:
01. Infernus ad Astra
02. Rise of the Chaos Wizards
03. Legend of the Astral Hammer
04. Goblin King of the Darkstorm Galaxy
05. The Hollywood Hootsman
06. Victorious Eagle Warfare
07. Questlords of Inverness, Ride to the Galactic Fortress!
08. Universe on Fire
09. Heroes (of Dundee)
10. Apocalypse 1992
11. Dundax Aeterna (hidden track)
CD Bônus Versão Limitada (versões orquestrais do CD 1)
01. Main Title
02. The Attack on Triton
03. Angus McFife XIII's Theme
04. An Evil Wizard Does a Quest
05. The King of California
06. Ser Proletius Returns
07. Lords of Space and Time
08. To Claim Space Throne
09. An Epic War is Fight
10. Dundee Will Fall